Confusão por uso de máscara em posto de vacinas vira caso de polícia em PE
Uma mulher sem máscara foi gravada durante uma confusão em que ela aparece revoltada com duas servidoras municipais da saúde que trabalhavam no posto de vacinação montado no ginásio Geraldão, no Recife. A mulher, uma empresária de 44 anos, teria se recusado a colocar a proteção ao comparecer ao local para receber a vacina contra a covid-19.
Após a exigência do item de segurança, obrigatório em unidades de saúde locais, ela se exaltou, xingando as profissionais e chegando a dar um tapa em um aparelho celular usado para registrar o seu comportamento. Ela nega que tenha agredido as funcionárias.
Em um trecho, captado pela enfermeira Romana Bezerra, 33, coordenadora da vacinação no Geraldão, a mulher aparece com uma máscara na mão, falando de forma agressiva antes de golpear o aparelho celular da profissional de saúde, que cai no chão e é danificado.
"Essa senhora aqui está entrando sem máscara", afirma a coordenadora na gravação. "Eu também sei filmar, ridícula", grita a mulher, antes de partir para cima da servidora. Em outro trecho, registrado pela técnica de enfermagem Geiciane Silva, 34, a mulher discute com a enfermeira e um segurança tenta contê-la.
Romana contou ao UOL que a mulher chegou à unidade por volta das 9 horas, acompanhada do marido. Os dois estavam sem máscara. Funcionários disseram a ela que um segurança chegou a pedir ao casal por diversas vezes, ainda no saguão de entrada, que usasse a proteção, explicando sobre a obrigatoriedade de máscaras nas unidades de saúde do município. Nesse momento, o homem teria começado a gritar com a equipe, dizendo que a mulher iria se vacinar de qualquer jeito.
"Um usuário que estava na fila cedeu uma máscara para a senhora que ia se vacinar, mas ela disse que não ia usar", afirmou a coordenadora. "Ela foi entrando, invadindo o setor com a máscara na mão, dizendo que o uso de máscaras não era necessário e que ela não ia usar. Ela gritava, usando palavras de baixo calão".
Romana disse que ela e a equipe enfrentam diariamente xingamentos e ofensas por parte do público que busca o posto para se vacinar. Mas ela afirma que, nos cinco anos em que trabalha com atendimento ao público na área da saúde, como enfermeira, nunca havia enfrentado uma situação como a vivida ontem.
Ela estava muito alterada. Quanto mais nós tentávamos explicar a necessidade dela usar máscara no posto, mais ela ficava descontrolada. No vídeo, mostra quando ela vem para cima de mim. Ela disse depois que queria acertar o celular, mas ela tentou acertar a minha cara. Escapei porque um segurança e um funcionário da limpeza pularam na frente para segurar o braço dela.
Romana Bezerra, coordenadora de vacinação
Segundo Romana, a técnica em enfermagem Gleiciane, que fez o segundo registro com o celular, levou um tapa forte, que a atingiu no braço e no peito. "O tapa foi tão forte que o braço e o peito dela ficaram vermelhos na hora. O celular dela voou longe e se espatifou no chão".
Sentindo-se "impotente, sem poder reagir", a coordenadora decidiu chamar a polícia e, segundo narrou, nesse momento, o marido da mulher começou a tentar demovê-la da ideia. "Ele ficava pedindo para a gente relevar o que aconteceu. Mas eu insisti, fiz eles esperarem a chegada da polícia e fomos à delegacia".
Mulher nega agressões
Romana diz que ela e Gleiciane narraram tudo ao delegado plantonista e conta que ficou estarrecida quando chegou a hora da mulher depor. "Ela negou tudo. Disse que jamais falou palavrão, que só deu o tapa para derrubar o celular e que não tinha agredido a gente".
Em depoimento, segundo a TV Globo Nordeste, a empresária confirmou que não estava com máscara, mas disse que pediu uma, mas o pedido foi negado. Ela disse também que o vídeo mostra ela apenas dando um tapa no celular e que não agrediu ninguém.
A coordenadora diz que pretende ingressar com uma ação na Justiça contra a mulher, para ser ressarcida por danos morais. "Foi um constrangimento muito grande. Ela tem que aprender que não pode sair xingando e agredindo as pessoas impunemente".
A Polícia Civil informou em nota que registrou um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) por dano, depredação e desacato e que seguirá investigando os fatos. Em nota encaminhada à imprensa, a prefeitura do Recife disse que repudia todo e qualquer tipo de agressão e que prestou toda a assistência à funcionária agredida.
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