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Polícia diz que indiciamento por morte de petista no PR foi o 'mais severo'

Marcelo Arruda foi morto durante festa de aniversário dele, de 50 anos                              - Reprodução/Facebook
Marcelo Arruda foi morto durante festa de aniversário dele, de 50 anos Imagem: Reprodução/Facebook

Rafael Neves

Do UOL, em Brasília

17/07/2022 16h13Atualizada em 17/07/2022 16h20

A Polícia Civil do Paraná afirmou, em nota, que aplicou o entendimento "mais severo" possível para indiciar o policial penal Jorge Guaranho pela assassinato do petista Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR), no último dia 9. Guaranho, que invadiu a festa de aniversário de Marcelo e o matou a tiros, foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, mas a polícia descartou a hipótese de crime político.

Segundo o comunicado, não existe no Código Penal nenhum agravante de motivação política para se aplicar a uma condenação por homicídio. Por essa razão, de acordo com a polícia, Guaranho foi indiciado por homicídio qualificado por motivo torpe e perigo comum, o que pode resultar em uma pena de até 30 anos. "O indiciamento, além de estar correto, é o mais severo capaz de ser aplicado ao caso", diz a nota.

As conclusões do inquérito foram apresentadas nesta semana por Camila Ceconello, chefe da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Paraná. O entendimento de que não houve crime político desagradou a família de Marcelo Arruda, que vê a divergência política como peça central do assassinato cometido contra Guaranho.

A vigilante Daniele Lima dos Santos, que fazia ronda de moto na rua da festa durante a noite do crime, afirmou em depoimento que Guaranho gritou "aqui é Bolsonaro" duas vezes: ao entrar pela primeira vez no local da festa, quando brigou com Arruda sem descer do carro, e também quando voltou ao local, mais tarde, para matar o guarda municipal, que buscou a própria arma entre os dois momentos.

O depoimento da vigilante, porém, não foi citado pela polícia no relatório de conclusão do inquérito. Na entrevista coletiva em que apresentou o resultado da investigação, a delegada Camila Ceconello descartou o entendimento de crime de ódio por motivação política com base no relato da esposa do atirador.

Segundo Ceconello, a esposa de Guaranho afirmou que o marido voltou porque se sentiu humilhado após ter ido ao local pela primeira vez e sido expuslo por Arruda. "Não há provas de que ele voltou para cometer crime político. É difícil falar que ele matou pelo fato de a vítima ser petista. Ele voltou porque se mostrou ofendido pelo acirramento da discussão", afirmou a delegada.

A nota emitida pela polícia afirma que não há nenhum enquadramento legal mais rigoroso do que o que foi adotado. "Não há previsão legal para o enquadramento como 'crime político', visto que a antiga Lei de Segurança Nacional foi pela revogada pela nova Lei de Crimes contra o Estado Democrático de Direito, que não possui qualquer tipo penal aplicável", diz um trecho do comunicado.