Advogada suspeita de planejar fuga de Marcola cumprirá prisão domiciliar
A advogada Kassia Regina Brianez Trulha de Assis, 41, suspeita de ajudar no plano de fuga de Marcola da prisão federal de Porto Velho (RO), teve a prisão preventiva convertida em domiciliar por decisão da Justiça Federal em Brasília.
Ela foi presa em Três Lagoas (MS) e estava há seis dias no Presídio Militar de Campo Grande, capital do estado. A decisão favorável à mudança de regime foi divulgada na tarde de segunda-feira (15), após a defensora alegar que precisa acompanhar o dia a dia do filho, que está no espectro autista.
O juiz federal Francisco Codevila determinou que Kassia faça uso de tornozeleira eletrônica e tenha autorização para deixar sua casa apenas para emergências médicas e consultas de tratamento da criança, com apresentação de atestado e dos endereços dos atendimentos.
Ela também deve sair da prisão domiciliar para "atender aos chamados da Justiça e Polícia Federal", que segue com a investigação sobre o suposto envolvimento da advogada no plano de fuga de Marcola. As informações foram confirmadas em documentos enviados ao UOL pela Justiça Federal.
O UOL tenta contato com Juliano Rocha, identificado como advogado de Kassia de Assis, pelo número de celular disponível em seu registro no site da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Caso haja retorno, a nota será atualizada.
Em nota ao jornal O Globo, divulgada na noite de ontem, o defensor comunicou que sua cliente ainda não tinha sido liberada do presídio. A expectativa é de que a transferência aconteça hoje. O profissional ainda afirmou que Kassia foi vítima de "uma confusão entre as atividades exercidas por ela", alegando que a mulher é inocente.
"A exigência de respeito às prerrogativas do advogado nada mais é que um direito previsto em lei, porém, sabe-se que a letra fria da lei não impede que ocorram situações prejudiciais ao advogado, tal como no caso concreto", declarou Rocha ao veículo carioca.
Outras advogadas foram presas em operação
Uma operação deflagrada em 10 de agosto pela Polícia Federal cumpriu mandados de prisão e busca em apreensão com o objetivo de desarticular o plano de resgate de criminosos em penitenciárias federais de Brasília (DF) e Porto Velho (RO).
Familiares de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, além de defensores do criminoso e de outros membros de facções foram alvo da PF. Além de Kassia, outras três advogadas foram presas suspeitas de atuar na comunicação entre presos em cadeias federais e seus comparsas do lado de fora.
São elas: Patrícia Laiane da Conceição Sales, Juliana de Araújo Alonso Mirandola e Simone de Araújo Alonso Barbará.
Além de Marcola, apontado como o principal líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), a facção criminosa planejaria resgatar Cláudio Barbará da Silva e Valdeci Alves do Santos, o Colorido, além de sequestrar autoridades para conseguir a soltura de detentos, segundo a PF.
Cerca de 80 policiais federais cumpriram 11 mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão em Brasília, Campo Grande (MS), Três Lagoas (MS), São Paulo, Santos (SP) e Presidente Prudente (SP).
Irmãs, as advogadas Juliana de Araújo Alonso Mirandola e Simone Alonso foram presas na região de Presidente Prudente — Simone é esposa de Cláudio Barbará, um dos líderes do PCC preso em Brasília.
Ambas foram condenadas a oito anos e nove meses de prisão em janeiro de 2017 pela 1ª Vara Criminal de Presidente Venceslau, sob a acusação de integrar a célula conhecida como "sintonia dos gravatas", o braço jurídico do PCC, responsável por levar e trazer recados para os líderes da organização.
Como funcionava o plano, segundo a PF
O plano de fuga foi elaborado com ajuda de advogados, que extrapolavam suas atividades legais e transmitiam mensagens entre os líderes presos e os criminosos envolvidos no plano de resgate, ainda de acordo com a investigação.
Os investigados aproveitariam atendimentos e visitas em parlatório, usando situações jurídicas inexistentes como códigos, para conseguir preparar a ação.
Defensores de presos ligados ao PCC, que pedem anonimato, contestam essa versão e sustentam que em presídio federal as conversas com clientes são gravadas, impossibilitando a transmissão de recados.
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