PCC: Quem são os presos por sequestrar mulher que negou beijo a traficante
Três das seis pessoas presas preventivamente por suspeita de integrar o "tribunal do crime" do PCC (Primeiro Comando da Capital), quando uma mulher foi mantida em cárcere privado após, segundo a polícia, negar beijo a um traficante em um bar no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo, já foram condenadas por envolvimento em crimes como tráfico de drogas, associação criminosa e assalto.
O assédio seguido de sequestro, de acordo com relato da vítima à polícia, ocorreu entre a madrugada e a manhã de 15 de agosto, quando os suspeitos de envolvimento na ação foram detidos. Resgatada do cativeiro por policiais militares, ela passou a se esconder, mas foi localizada por membros da facção criminosa e assassinada há três semanas, segundo a Polícia Civil.
Quem era a vítima. Karina Martins Bezerra, 26, trabalhava como motorista de aplicativo e cuidava havia quatro meses de uma idosa que mora no Tatuapé, na zona leste da capital paulista.
Segundo o depoimento dela à polícia, o homem que a abordou se identificou como membro do tráfico e passou a tocá-la, segurar os seus braços, forçando abraços e beijos, mas ela se esquivou e se irritou com o assédio. Karina disse ter xingado o homem e eles passaram a discutir, segundo descrito no boletim de ocorrência ao qual o UOL teve acesso.
Ele então disse "que ela iria ser a mulher dele, por bem ou por mal, que ele era do PCC e que ficaria com quem ele quisesse", conforme relatou de Karina à polícia. Após ser xingado, ele pegou as chaves do carro dela e a levou a um cativeiro, ainda de acordo com o depoimento.
A vítima disse ter sido amordaçada e amarrada em um barraco durante a madrugada. Pela manhã, disse ter sido levada para outro cativeiro.
Quem são os presos
Capturados em flagrante pelo crime de extorsão mediante sequestro, os seis suspeitos de envolvimento identificados tiveram as prisões substituídas em preventivas. Eles participarão de audiência de instrução e julgamento, que ocorrerá no dia 25 de outubro no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo.
Nome falso para escapar da polícia. Um dos detidos sob suspeita de sequestro, Tarcísio Moreira Sebastião, 32, usou o nome do próprio irmão para escapar das autoridades, já que era considerado foragido pela Justiça.
Ele foi condenado duas vezes por envolvimento com o tráfico de drogas por crimes ocorridos em 2008 e em 2017. Também respondeu a outro processo por organização criminosa em 2016.
Tarcísio foi identificado pela vítima como um dos homens que a amordaçou e amarrou suas pernas e braços no cativeiro, em um barraco. Ainda de acordo com o relato de Karina à polícia, ele também participou do transporte dela para outro local, onde a vítima foi resgatada por policiais militares.
Negou participação em sequestro. Interrogado, ele disse que não participou do sequestro. Afirmou que apenas havia parado para fumar quando foi abordado e preso pelos policiais.
Segundo a polícia, Tarcísio estava acompanhado na ação de Ariel Gomes Brito, 23, que também negou participação no crime.
"Karina ficou lá conversando com todo mundo. E, quando os policiais chegaram, todos saíram correndo", disse em depoimento. À polícia também disse não saber explicar por que ele saiu correndo, "já que não devia nada", segundo ele.
Contudo, de acordo com a Polícia Civil, Ariel também participou do transporte da vítima do cativeiro a outro local, quando ele e Tarcísio passaram a ser acompanhados por outros dois comparsas.
Segundo relato dado pela vítima à Polícia Civil, o sequestro passou a contar com as participações de Cinthia Alves Pinheiro, 36, e Igor da Silva Moreira dos Santos, 21.
Assalto. Igor foi condenado por envolvimento em um roubo, em 2019. Já Cinthia disse em depoimento que só se manifestará sobre o caso em juízo.
Onde estão presos? Cinthia e Vanessa Rocha Moraes, 42, a outra mulher presa por suspeita de envolvimento na ação, estão no CDP (Centro de Detenção Provisória) feminino de Franco da Rocha. Já os outros suspeitos estão presos no CDP de Mogi das Cruzes.
Vanessa foi identificada pela vítima no segundo lugar onde foi mantida em cativeiro, acompanhada por Felipe Dias Silva, 30 — que já foi condenado por assalto e tráfico de drogas.
Em depoimento, Karina disse ter ouvido uma ameaça explícita de Felipe. "Sabemos quem você é. Já era pra você aqui", teria dito o suspeito. Ainda de acordo com a vítima, Felipe e Vanessa a questionaram, perguntando "de qual facção fazia parte e para quem trabalhava", disse Karina em depoimento dado à Polícia Civil.
Vanessa, conhecida como "Irmã Loira", e Felipe, o "Irmão Gordo", foram citados numa denúncia anônima encaminhada à polícia como envolvidos no "tribunal do crime" do PCC. Ambos são suspeitos de espancar e ameaçar inclusive os moradores da região do Itaim Paulista.
Em depoimento, Felipe negou envolvimento com o sequestro de Karina e disse ter sido abordado pelos policiais militares após sair para comprar pão.
Vanessa também negou ter participado do crime. Em pedido para que respondesse ao processo em liberdade, a defesa da suspeita disse que ela é ré primária, tem endereço fixo e sofre de asma crônica. O pedido foi rejeitado pela Justiça.
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