Projeto bilionário: por que o submarino atômico brasileiro não sai do papel
O primeiro submarino atômico do Brasil está sendo produzido desde 1978. O projeto, que deveria ter sido finalizado em 1991, ganhou outra data de entrega, agora para 2029.
Os 31 anos de atraso se devem a diversos fatores, como sanções internacionais, a complexidade do projeto e a dificuldade em conseguir a autorização de uso do combustível. Apesar de avançar lentamente, os gastos com o projeto já passaram dos 30 bilhões de reais.
Como está o projeto atualmente?
O primeiro submarino nuclear no Brasil tem nome: Submarino Nuclear Álvaro Alberto (SN-10). O projeto é desenvolvido pela Marinha Brasileira, sob responsabilidade da Itaguaí Construções Navais (ICN).
Além disso, a iniciativa faz parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, um acordo firmado entre o Brasil e a França, em 2009, para a aceleração do desenvolvimento do projeto nuclear da Marinha. Isso significa que boa parte do projeto é feita em parceria com profissionais franceses, com transferência de tecnologia e apoio na construção da embarcação.
No momento, o foco é conseguir o aval internacional para o uso do combustível necessário para a embarcação. Porém, alguns órgãos internacionais estão dificultando o andamento do projeto. Isso se deve principalmente à singularidade desse projeto no Brasil, que seria o primeiro a envolver esse tipo de força nuclear para objetivos militares.
O último pedido formal do Brasil à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, parte da ONU) foi feito em junho de 2022. O objetivo é obter autorização para empregar urânio enriquecido no reator do submarino.
Porém, para conseguir essa autorização, o governo terá que mudar alguns posicionamentos. O Brasil ainda resiste a aderir aos Protocolos Adicionais do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Esse tratado supervisiona componentes nucleares, como o urânio enriquecido, e permite que a AIEA fiscalize o programa nuclear dos países para verificar se as obrigações contidas no tratado estão sendo respeitadas pelos signatários.
Portanto, esse posicionamento fez com que essas organizações internacionais ficassem inseguras em relação aos possíveis efeitos colaterais que poderiam resultar da falta de fiscalização, por exemplo.
A estrutura do submarino
Com a complexidade do projeto e dificuldade em fazê-lo avançar, fica o questionamento: quais as vantagens de um submarino nuclear para o Brasil?
Um submarino de propulsão nuclear é bem diferente dos modelos convencionais. A propulsão nuclear, que gera energia pela quebra de núcleos atômicos, dispensa o oxigênio necessário para a queima do diesel.
De acordo com informações da Marinha, o submarino nuclear brasileiro será capaz de deslocar 6 mil toneladas, capacidade de mergulhar até 350 metros ou mais e poderá chegar aos 26 nós de velocidade.
Assim, a estrutura, além de ser mais potente e rápida, consegue ficar submersa por mais tempo sem ter que subir à superfície para reabastecer o oxigênio. Por isso, o submarino poderá alcançar uma autonomia de até 3 meses, sem nenhuma emergência associada ao fator humano.
Além de uma novidade para o Brasil, esse poder bélico seria um diferencial, já que apenas EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Índia operam esse tipo de armamento até então.
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