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Aracruz: Pai de alunos relata dia de pânico durante ataque em escolas no ES

Movimentação policial no Centro Educacional Praia de Coqueiral, em Aracruz (ES) após ataque de atirador na última sexta-feira (25) - Rafael Gomes/Folhapress
Movimentação policial no Centro Educacional Praia de Coqueiral, em Aracruz (ES) após ataque de atirador na última sexta-feira (25) Imagem: Rafael Gomes/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

25/11/2022 21h12Atualizada em 26/11/2022 14h47

Pais de alunos do Centro Educacional Praia de Coqueiral em Aracruz (ES) ficaram abalados com a notícia da morte de uma estudante do 6º ano fundamental após um ataque a mão armada na instituição hoje pela manhã. O suspeito, um adolescente de 16 anos, foi apreendido no início da tarde. Ele também invadiu a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, onde duas professoras foram mortas.

Ao UOL, o pai de dois alunos do CEPC, Rodrigo Neri, contou que os moradores do bairro onde está a instituição privada ficaram em estado de choque ao saberem do ataque. "Meu filho estuda à tarde, então não estava na escola no momento. A minha filha estaria na aula, mas decidimos deixá-la em casa, porque amanhã é aniversário dela. Não sabíamos que iríamos livrar ela de um trauma", contou ele.

A notícia do ataque chegou por meio de outros pais de alunos e vizinhos, que começaram a telefonar para o casal. "A minha esposa já tinha visto uma movimentação estranha e logo depois começaram a ligar para ela, quando o ataque já estava acontecendo".

No momento, quando nenhum suspeito ainda havia sido localizado, os moradores decidiram se trancar em casa e o comércio foi fechado.

"Aqui tem muito mato, não sabíamos se ele poderia estar escondido, se poderia entrar numa casa, já que tem muitas residências com muro baixo. A gente só ouvia barulho de ambulância, de polícia, algo totalmente incomum para a gente em um lugar como esse, o que nos deixava ainda mais tensos", relata.

Neri conta que o bairro é pequeno e os moradores são bastante unidos. "Parece um condomínio fechado, porque moram pessoas que trabalham na Petrobras, no estaleiro e em uma fábrica que está aqui", explica. Ele e a família se mudaram do Rio de Janeiro para Aracruz há seis anos.

"A gente considera aqui como um elo perdido. É um lugar pacato. A gente dorme com janela aberta, deixa carro aberto. Aqui parece um cantinho isolado do Brasil, então todo mundo jamais imaginaria que algo assim aconteceria nesse local. Está todo mundo em estado de choque, todo mundo muito abalado".

Após o ataque, Neri afirma que o clima é de solidariedade entre os moradores. "Não sabemos como vai ser semana que vem, tudo ainda está muito recente, ainda há crianças internadas e estamos todos processando a situação", diz. "Agora, a comunidade tá reagindo num sentido de apoiar uns aos outros".

No início da tarde, um adolescente de 16 anos foi apreendido suspeito de ser o autor dos dois atentados. De acordo com informações de testemunhas à polícia, após o crime, o adolescente se escondeu na casa dos pais e confessou o atentado.

Imagens feitas por câmeras de segurança registraram a ação do atirador no Centro Educacional Praia do Coqueiral. Os vídeos mostram a entrada do suspeito — ele usa um macacão e um chapéu camuflados, uma máscara com sorriso de caveira e um cinto preto em volta da cintura, aparentemente preparado para guardar munições.

O pai do suspeito, tenente da PM capixaba, chamou a polícia e informou onde o filho estava, logo após conferir os vídeos da ação. O veículo utilizado na ação estava estacionado na garagem da família e também foi rastreado pela polícia.

O adolescente foi encaminhado à 13ª Delegacia Regional de Aracruz e, na chegada ao local, dezenas de pessoas cercaram a viatura e houve princípio de tumulto. Revoltados, moradores queriam agredir o suspeito e gritavam contra ele. A PM precisou reforçar a segurança no local.

O delegado detalhou ainda que o adolescente portava duas armas de fogo, um revólver calibre 38 e uma pistola .40 que pertencia ao pai. Segundo a Polícia Civil, o adolescente planejou a ação por dois anos.

Na escola estadual que registrou o primeiro ataque, a morte de duas docentes foi confirmada - a professora de matemática Cybelle Passos Bezerra Lara, 45, e a docente da área das artes Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, 48.

O governador do Espírito Santos, Renato Casagrande (PSB), decretou hoje luto de três dias no Estado em respeito às vítimas.

Mais cedo, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se solidarizou com os familiares das vítimas dos ataques às escolas e disse apoiar o governador Casagrande na apuração do caso e amparo para as comunidades atingidas.