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Homem vai à polícia após ser falsamente apontado como atirador do ES

Do UOL, em São Paulo

26/11/2022 12h48

Um homem de 33 anos, morador da Grande Vitória, registrou ontem (25) um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Cibernéticos após ser apontado de forma equivocada como o autor dos ataques que deixaram ao menos três mortos e 11 feridos em duas unidades de ensino em Aracruz (ES), a 81 quilômetros de Vitória.

A reportagem apurou que o homem tem o mesmo nome do adolescente de 16 anos suspeito de ser o autor dos disparos e, portanto, sua identidade não será divulgada. O suspeito foi apreendido no início da tarde de ontem.

O homem reportou o caso à polícia no início da noite, depois que uma prima enviou uma foto que estava circulando em redes sociais e grupos no Whatsapp associando falsamente a imagem dele à do adolescente suspeito dos ataques. Ele disse às autoridades que a foto é antiga e deve ter sido retirada de uma rede social que ele não usa há anos.

"Ele estava desesperado, muito abalado, porque estavam apontando ele como o responsável com uma foto que estava circulando principalmente via Whatsapp e ele não sabia o que fazer. Estava com medo de atentarem contra a integridade física dele", contou o delegado Brenno Andrade, titular da delegacia, ao UOL Notícias.

Além do registro da ocorrência, Andrade gravou um vídeo ao lado do homem para esclarecer a situação e desvincular a imagem dele do caso. Na gravação ao lado do policial, o homem diz que provavelmente foi uma ação de má-fé. "Na melhor das hipóteses alguém se enganou, mas só para desmentir: eu não tenho nada a ver com isso. Eu não fui em Aracruz, eu tenho 33 anos, o menino é jovem", disse o homem.

No vídeo, o delegado reforça que o verdadeiro suspeito já foi apreendido e está à disposição da Justiça.

O que se sabe sobre o caso? O primeiro ataque foi na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, onde duas professoras foram mortas. A segunda escola atacada foi o Centro Educacional Praia do Coqueiral e uma criança de 12 anos, aluna do 6º ano fundamental, foi morta no local.

Segundo a Polícia Civil, o atirador é filho de um tenente da Polícia Militar e se entregou no momento da detenção. Foi apreendido em casa. O delegado detalhou ainda que o adolescente portava duas armas de fogo, um revólver calibre 38 e uma pistola .40, que pertencia ao pai.

O adolescente, de acordo com a polícia, planejou o crime por dois anos. O infrator estudou, até meses atrás, na Escola Estadual Primo Bitti, e profissionais afirmaram à polícia que vinham recebendo ameaças de vida que anunciavam "vingança". Ainda segundo a polícia, o adolescente foi retirado da unidade de ensino no primeiro semestre deste ano por "não se adaptar à rotina da escola".

As polícias Civil e Militar acreditam que ele seria o autor das ameaças contra uma diretora e um professor da instituição, com base em relatos de estudantes sobre o que teriam ouvido o ex-aluno compartilhar. A motivação das ameaças ainda não foi esclarecida.

Como foi o atentado? Imagens feitas por câmeras de segurança registraram a ação do atirador no Centro Educacional Praia do Coqueiral, a segunda invadida, na manhã de ontem. Os vídeos mostram a entrada do suspeito —ele usa um macacão e um chapéu camuflados, uma máscara com sorriso de caveira e um cinto preto em volta da cintura, aparentemente preparado para guardar munições.

Com uma arma nas mãos, o infrator atravessou o portão do colégio, após arrebentar um cadeado, e correu em direção à porta de acesso ao prédio onde ficam as salas de aula. Ele então começa uma "caçada" pelos corredores da escola, correndo por diversas áreas do edifício e esticando a arma com frequência, ficando em posição para atirar.

Um dos trechos mostra dois alunos e uma funcionária caminhando por um corredor quando, de repente, ouvem a ação do atirador. Eles então começam a correr e se separam em busca de refúgio, sendo seguidos. Uma outra câmera capturou um aluno correndo para dentro de uma sala de aula vazia, com a mão na barriga. Logo em seguida, o garoto cai no chão, ensanguentado na região do abdômen. Toda a ação no colégio durou pouco menos de dois minutos.

De acordo com o capitão da PM Sérgio Alexandre, o atirador estava munido de uma pistola e carregadores quando invadiu a primeira unidade de ensino. Ele teria ido diretamente à sala dos professores, onde teria ameaçado profissionais no local e deu início aos disparos. Em seguida, foi até a segunda escola, localizada na mesma avenida.

A apreensão. De acordo com informações de testemunhas à polícia, após o crime, o adolescente se escondeu na casa dos pais e confessou o atentado. O pai dele chamou a polícia e informou onde o filho estava, logo após conferir os vídeos da ação, em que o adolescente aparece utilizando a arma do oficial. O veículo utilizado na ação estava estacionado na garagem da família e também foi rastreado pela polícia.