Homem vai à polícia após ser falsamente apontado como atirador do ES
Um homem de 33 anos, morador da Grande Vitória, registrou ontem (25) um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Cibernéticos após ser apontado de forma equivocada como o autor dos ataques que deixaram ao menos três mortos e 11 feridos em duas unidades de ensino em Aracruz (ES), a 81 quilômetros de Vitória.
A reportagem apurou que o homem tem o mesmo nome do adolescente de 16 anos suspeito de ser o autor dos disparos e, portanto, sua identidade não será divulgada. O suspeito foi apreendido no início da tarde de ontem.
O homem reportou o caso à polícia no início da noite, depois que uma prima enviou uma foto que estava circulando em redes sociais e grupos no Whatsapp associando falsamente a imagem dele à do adolescente suspeito dos ataques. Ele disse às autoridades que a foto é antiga e deve ter sido retirada de uma rede social que ele não usa há anos.
"Ele estava desesperado, muito abalado, porque estavam apontando ele como o responsável com uma foto que estava circulando principalmente via Whatsapp e ele não sabia o que fazer. Estava com medo de atentarem contra a integridade física dele", contou o delegado Brenno Andrade, titular da delegacia, ao UOL Notícias.
Além do registro da ocorrência, Andrade gravou um vídeo ao lado do homem para esclarecer a situação e desvincular a imagem dele do caso. Na gravação ao lado do policial, o homem diz que provavelmente foi uma ação de má-fé. "Na melhor das hipóteses alguém se enganou, mas só para desmentir: eu não tenho nada a ver com isso. Eu não fui em Aracruz, eu tenho 33 anos, o menino é jovem", disse o homem.
No vídeo, o delegado reforça que o verdadeiro suspeito já foi apreendido e está à disposição da Justiça.
O que se sabe sobre o caso? O primeiro ataque foi na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, onde duas professoras foram mortas. A segunda escola atacada foi o Centro Educacional Praia do Coqueiral e uma criança de 12 anos, aluna do 6º ano fundamental, foi morta no local.
Segundo a Polícia Civil, o atirador é filho de um tenente da Polícia Militar e se entregou no momento da detenção. Foi apreendido em casa. O delegado detalhou ainda que o adolescente portava duas armas de fogo, um revólver calibre 38 e uma pistola .40, que pertencia ao pai.
O adolescente, de acordo com a polícia, planejou o crime por dois anos. O infrator estudou, até meses atrás, na Escola Estadual Primo Bitti, e profissionais afirmaram à polícia que vinham recebendo ameaças de vida que anunciavam "vingança". Ainda segundo a polícia, o adolescente foi retirado da unidade de ensino no primeiro semestre deste ano por "não se adaptar à rotina da escola".
As polícias Civil e Militar acreditam que ele seria o autor das ameaças contra uma diretora e um professor da instituição, com base em relatos de estudantes sobre o que teriam ouvido o ex-aluno compartilhar. A motivação das ameaças ainda não foi esclarecida.
Como foi o atentado? Imagens feitas por câmeras de segurança registraram a ação do atirador no Centro Educacional Praia do Coqueiral, a segunda invadida, na manhã de ontem. Os vídeos mostram a entrada do suspeito —ele usa um macacão e um chapéu camuflados, uma máscara com sorriso de caveira e um cinto preto em volta da cintura, aparentemente preparado para guardar munições.
Com uma arma nas mãos, o infrator atravessou o portão do colégio, após arrebentar um cadeado, e correu em direção à porta de acesso ao prédio onde ficam as salas de aula. Ele então começa uma "caçada" pelos corredores da escola, correndo por diversas áreas do edifício e esticando a arma com frequência, ficando em posição para atirar.
Um dos trechos mostra dois alunos e uma funcionária caminhando por um corredor quando, de repente, ouvem a ação do atirador. Eles então começam a correr e se separam em busca de refúgio, sendo seguidos. Uma outra câmera capturou um aluno correndo para dentro de uma sala de aula vazia, com a mão na barriga. Logo em seguida, o garoto cai no chão, ensanguentado na região do abdômen. Toda a ação no colégio durou pouco menos de dois minutos.
De acordo com o capitão da PM Sérgio Alexandre, o atirador estava munido de uma pistola e carregadores quando invadiu a primeira unidade de ensino. Ele teria ido diretamente à sala dos professores, onde teria ameaçado profissionais no local e deu início aos disparos. Em seguida, foi até a segunda escola, localizada na mesma avenida.
A apreensão. De acordo com informações de testemunhas à polícia, após o crime, o adolescente se escondeu na casa dos pais e confessou o atentado. O pai dele chamou a polícia e informou onde o filho estava, logo após conferir os vídeos da ação, em que o adolescente aparece utilizando a arma do oficial. O veículo utilizado na ação estava estacionado na garagem da família e também foi rastreado pela polícia.
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