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Família de técnico não viu vídeo de choque e crê em milagre: 'Desesperador'

A cena do homem recebendo a descarga elétrica em um poste na cidade de Bauru (SP) foi registrada em vídeo por moradores - Reprodução/Redes Sociais
A cena do homem recebendo a descarga elétrica em um poste na cidade de Bauru (SP) foi registrada em vídeo por moradores Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

09/12/2022 22h23

O técnico de instalação em fibra ótica que sofreu uma descarga elétrica enquanto fazia manutenção em um poste no bairro Vila São Paulo, na cidade de Bauru (SP), está internado em estado grave e sendo mantido em coma induzido por conta dos ferimentos. A informação é do irmão da vítima do acidente, Fernando Moraes da Silva, 43.

Rodrigo Moraes da Silva, 40, está na ala de queimados, na UTI do Hospital Estadual de Bauru. Por conta das queimaduras de terceiro grau nos braços, peito, costas e rosto, ele tem sido mantido inconsciente pelos médicos, em coma induzido.

"O médico nos disse que meu irmão não suportaria a dor se estivesse acordado", afirmou ao UOL. "A esposa dele esteve hoje no hospital e disseram que os exames que realizaram para verificar se algum órgão interno havia sido afetado deram negativo. Quando uma pessoa é eletrocutada, o risco de ter um órgão interno queimado é muito grande".

Fernando disse que tanto ele quanto a cunhada e a própria mãe não tiveram ainda coragem de assistir ao vídeo que circulou nas redes, que mostra o momento em que o irmão leva a descarga elétrica enquanto trabalhava no poste, na manutenção da rede de fibra ótica.

"Eu não consegui assistir, é muito desesperador. As roupas pegam fogo, ele entra em combustão. É difícil de ver. Mas é preciso dizer que o que ocorreu com ele foi um milagre. Sobreviver a um acidente como esse é mesmo um milagre de Deus. Está evidente que ele foi vítima de uma descarga de alta voltagem. As razões, o porquê, vamos deixar para a polícia investigar", declarou Fernando.

Uso de EPI

De acordo com Fernando, nas imagens captadas por moradores em vídeos que circularam nas redes, a percepção é de que Rodrigo não está usando EPI (Equipamento de Proteção Individual). Mas, segundo ele, isso não é verdade.

"O vídeo não pega a cena toda. O capacete dele fica todo chamuscado logo que ele leva a primeira descarga, cai no chão. Ele está seguro ao poste pelo cinto de segurança. Tanto que tem uma certa dificuldade para se desvencilhar quando, após desmaiar por alguns segundos, consegue ficar consciente de novo".

Já a luva isolante, explica Fernando, é um tipo de EPI que os instaladores de internet e de cabos de fibra ótica dificilmente são obrigados a usar. "Eles lidam com cabos e equipamentos que não transmitem corrente. Meu irmão é técnico há mais de cinco anos, possui grande experiência. O que ocorreu foi uma fatalidade e só a polícia, após a perícia, poderá comprovar as causas.

Segundo Fernando, a empresa para a qual Rodrigo presta serviços está dando todo o suporte para a família. "Fomos abençoados, porque meu irmão está no hospital que é referência em atendimento a queimados aqui da região. E a empresa dele está dando todo o apoio para a minha cunhada".

Rodrigo deve permanecer internado até que seja possível retirá-lo do coma induzido, quando a dor das queimaduras seja mais suportável. Porém, os médicos já avisaram a família que a recuperação será lenta, gradual, e que pode levar mais de sete meses até que seu irmão consiga retomar as atividades que fazia antes do acidente.

"A gente sabe que não vai ser fácil. A esposa dele, minha mãe, os dois filhos do primeiro casamento, nosso irmão mais velho. Todos sabem que precisam ser fortes agora, para quando ele acordar novamente, nós estarmos lá para ele, para incentivá-lo, animá-lo durante a recuperação".

Imagens indevidas

Enquanto a Polícia Civil investiga as causas do acidente, Fernando conta que procurou a delegacia para fazer um novo Boletim de Ocorrência, dessa vez, pela divulgação nas redes e também em alguns veículos de imprensa, de fotografias de seu irmão sendo atendido em uma unidade de saúde.

"Queremos saber quem fez isso. Essas imagens foram parar num telejornal. Apareceram na TV. Minha mãe poderia ter visto essas imagens, meus sobrinhos. Isso não se faz, ele [o irmão] está num momento vulnerável e queremos que a polícia identifique quem fez isso".

Em nota, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) informou que o caso foi registrado na Delegacia Seccional de Bauru.

"Durante a noite da quarta-feira (7), o irmão da vítima, de 43 anos, compareceu na Delegacia e contou que pessoas tiraram fotos do seu irmão no momento em que ele foi eletrocutado e estariam divulgando nas redes sociais, sem a permissão da família", informou o órgão.

"No dia do acidente, a autoridade policial solicitou exames periciais junto ao IC (Instituto de Criminalística) e IML (Instituto Médico Legal) e aguarda o resultado dos laudos para análises e esclarecimento dos fatos", acrescentou a SSP, na nota.