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Sogro foi 1º assassinado: Confira linha do tempo de chacina no DF

10 pessoas da mesma família foram mortas; cinco suspeitos estão presos  - Reprodução
10 pessoas da mesma família foram mortas; cinco suspeitos estão presos Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

27/01/2023 10h05Atualizada em 27/01/2023 14h53

Marcos Antônio Oliveira foi a primeira vítima da chacina que matou 10 pessoas da mesma família no Distrito Federal. Os assassinatos teriam acontecido ao longo de 18 dias, começando em 28 de dezembro, quando os criminosos responsáveis pelo crime invadiram a chácara do homem, em Itapuã, simulando um assalto.

Suposto mentor intelectual do crime, Gideon Batista de Menezes teria fingido que também estava rendido pelos comparsas. Desde o início, o plano da quadrilha era matar Marcos e todos os seus herdeiros para tomar posse de um terreno de R$ 2 milhões, segundo informações divulgadas hoje em coletiva pela Polícia Civil do Distrito Federal.

O delegado Ricardo Viana, responsável pelo caso, informou que a execução da família começou ainda na chácara da família, quando Marcos tentou reagir ao suposto assalto e foi baleado na nuca. Já ferido, ele foi levado junto com a mulher, Renata Juliene Belchior, e a filha do casal, Gabriela Belchior de Oliveira, para um cativeiro em Planaltina, também no Distrito Federal.

No local, ainda no dia 28, a vítima foi esquartejada viva, ainda segundo depoimento dos suspeitos à polícia. Apesar de o plano ter se desenrolado por mais de duas semanas, a chacina começou a vir a tona apenas em 13 de janeiro, quando o desaparecimento da nora de Marcos, Elizamar da Silva, foi reportado por parentes.

Quem são as vítimas da chacina:

  • Elizamar da Silva, 39; cabeleireira.
  • Rafael da Silva, 6; filho de Elizamar.
  • Rafaela da Silva, 6; filha de Elizamar.
  • Gabriel da Silva, 7; filho de Elizamar.
  • Thiago Gabriel Belchior, 30, marido de Elizamar.
  • Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54, sogro de Elizamar.
  • Renata Juliene Belchior, 52, sogra de Elizamar.
  • Gabriela Belchior, 25, cunhada de Elizamar.
  • Claudia Regina Marques de Oliveira, ex-esposa de Marcos Antônio.
  • Ana Beatriz Marques de Oliveira, filha de Claudia e Marcos.

Confira linha do tempo das mortes:

  • 28 de dezembro: Marcos, Renata e Gabriela são rendidos em chácara, com o patriarca baleado ainda no local. Na mesma noite, os três são levados até o cativeiro, em Planaltina (DF). O patriarca é esquartejado e enterrado em um dos cômodos
  • 4 de janeiro: Cláudia e Ana Beatriz também são levadas para o cativeiro. A ex-mulher de Marcos estava de mudança e recebeu uma mensagem enviada do celular de Marcos dizendo que três homens, que estão entre os suspeitos, ajudariam as duas. Quando elas chegaram, o trio fingiu que tinha sido rendido por um quarto envolvido no crime, que ficou responsável por levá-las.
  • 12 de janeiro: Thiago, Elizamar e os três filhos do casal são atraídos até a chácara no Itapoã, por bilhetes e mensagens enviadas pelos suspeitos. O rapaz foi rendido primeiro, enquanto a cabeleireira chegou ao local somente à noite. Ela e as crianças foram mortas ainda na madrugada do dia seguinte. Já o marido também foi transportado para o cativeiro.
  • 14 de janeiro: Renata e Gabriela foram tiradas do cativeiro e levadas de carro até Unaí (MG), onde foram mortas asfixiadas e tiveram os corpos queimados. O veículo carbonizado foi encontrado no mesmo dia.
  • 15 de janeiro: Thiago, Cláudia e Ana, os últimos a morrer, saíram do cativeiro no dia 15, sendo esfaqueados em uma área próxima à cisterna onde seus corpos foram encontrados, também em Planaltina.

Suposto mentor da chacina, Gideon Batista, conheceu Marcos Antônio há pelo menos 10 anos, quando os dois cumpriam pena no presídio da Papuda.

Além dele, mais quatro pessoas foram presas e um adolescente apreendido por ligação com os homicídios. Segundo a investigação, eles desejavam tomar posse de um terreno de 20 mil metros quadrado em uma área cobiçada por grileiros de terras.

A quadrilha também teria visado R$ 200 mil obtidos por uma das vítimas com a venda de uma casa.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, Marcos tinha passagem por roubo, furto e associação criminosa. Até o momento, não há mais informações sobre quando ele foi indiciado pela última vez.

Suspeitos e sua participação:

  • Horácio Carlos, 49 anos; teve o nome mencionado pela polícia em todas as etapas da chacina.
  • Gideon Batista de Menezes, 55, amigo antigo de Marcos; suposto mentor do crime, não participou das mortes de Thiago, Ana Beatriz e Cláudia, após queimar as mãos ao carbonizar carro com Renata e Gabriela.
  • Fabrício Silva Canhedo, 34; esteve presente no sequestro de Ana Beatriz e Cláudia e no suposto assalto a Marcos, mas não participou de seu esquartejamento.
  • Carlomam dos Santos, 26; entrou no plano como sequestrador de Cláudia e Ana Beatriz, enquanto Gideon, Horácio e Fabrício fingiam também ser vítimas.
  • Carlos Henrique Alves da Silva, "Galego", 27; se juntou ao grupo no sequestro e morte de Elizamar e seus filhos.
  • Adolescente apreendido, de 17 anos; teria participado apenas da morte de Marcos, deixando a casa usada como cativeiro após ficar "chocado" com a brutalidade do crime.

Horácio, Gideon e Fabrício foram ontem à 6ª DP, responsável pelo inquérito, para prestar novos depoimentos.

Ao longo de mais de três horas, eles teriam confessado mais detalhes "macabros" da chacina, ainda mantidos em sigilo pela polícia, segundo o Correio Brasiliense. Os três estão no Presidio da Papuda. Já Carlemom e Carlos, presos depois, ainda estão na carceragem da delegacia.

Dinâmica do crime:

  • Primeira desaparecida reportada, a cabeleireira Elizamar da Silva, 39, foi vista pela última vez em 12 de janeiro. Ela teria ido até a casa dos sogros em Itapoã (DF) buscar o marido, mas sumiu após a suposta visita, acompanhada dos filhos do casal.
  • Na sexta (13), um carro semelhante ao dela foi encontrado carbonizado em Cristalina (GO), com quatro corpos. No dia seguinte, outro veículo, com dois corpos femininos, foi encontrado carbonizado em Unaí (MG).
  • Suspeitos presos pela polícia no dia 17 afirmaram que Renata e Gabriela, sogra e cunhada de Elizamar, foram mantidas reféns em um cativeiro em Planaltina (DF).
  • A polícia trabalhava com a hipótese de que Marcos e Thiago seriam mandantes do crime. Mas, em 18 de janeiro, o corpo do sogro de Elizamar foi encontrado no mesmo cativeiro em que as mulheres passaram, levando a questionamentos sobre a versão.
  • Ainda no cativeiro, foram encontrados cadernos com dados bancários, senhas e informações sobre cada uma das vítimas do crime, incluindo um bilhete para Thiago Belchior, que a investigação acredita que tenha sido usado para atrai-lo a uma emboscada.