RS: 'escravizados do vinho' voltam para Bahia após resgate pelo MPT
Os 195 "escravizados do vinho" começaram a voltar para Bahia ontem.
Eles foram encontrados em situação análoga à escravidão em vinícolas do Rio Grande do Sul nesta semana, de acordo com o MPT (Ministério Público do Trabalho).
- Quatro ônibus foram fretados pelas empresas Fênix Serviços de Apoio Administrativo e Oliveira & Santana, que haviam contratado o grupo para prestar serviço para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton.
- Os trabalhadores devem receber alimentação durante o trajeto até a Bahia.
- Um acordo formalizado pelo MPT com as contratantes garantiu também que cada um dos trabalhadores receba um adiantamento de R$ 500, relativo a verbas rescisórias dos contratos.
Até a próxima terça-feira (28), os contratados receberão o valor integral a que têm direito. Caso contrário, o MPT entrará com uma ação civil pública por danos morais coletivos e pedido de multa correspondente a 30% da quantia devida —estimada em mais de R$ 1 milhão.
"Os próximos passos são acompanhar o integral pagamento dos valores devidos aos trabalhadores, estabelecer obrigações para prevenir novas ocorrências com relação a esse grupo de empresas intermediadoras", afirmou Ana Lucia Stumpf González, procuradora coordenadora da unidade do MPT em Caxias do Sul (RS), em nota divulgada pelo órgão à imprensa.
Dos 207 trabalhadores resgatados pelas autoridades, apenas 12 têm residência no Rio Grande do Sul e devem continuar no estado.
Onde eles foram encontrados? Contratados para fazer a colheita da uva em vinícolas da região, eles foram encontrados durante uma operação realizada na última quarta-feira (22), em uma pousada no bairro Borgo, na cidade de Bento Gonçalves.
De acordo com depoimentos, os trabalhadores eram trazidos da Bahia com a promessa de alimentação, hospedagem e transporte custeados pela contratante. Porém, isso não acontecia, sendo cobrada deles uma dívida logo na chegada e oferecido um alojamento em péssimas condições.
Além disso, os empregadores forneciam empréstimos a juros extorsivos aos trabalhadores, que relataram também sofrer violências física e psicológica. Todos têm entre 18 e 57 anos.
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