Topo

Esse conteúdo é antigo

RS: 'escravizados do vinho' voltam para Bahia após resgate pelo MPT

Ginásio recebe escravizados na produção de vinho no RS, que relatam tortura com choque e gás de pimenta - Arquivo - Inspeção do Trabalho
Ginásio recebe escravizados na produção de vinho no RS, que relatam tortura com choque e gás de pimenta Imagem: Arquivo - Inspeção do Trabalho

Do UOL, em São Paulo

25/02/2023 19h24

Os 195 "escravizados do vinho" começaram a voltar para Bahia ontem.

Eles foram encontrados em situação análoga à escravidão em vinícolas do Rio Grande do Sul nesta semana, de acordo com o MPT (Ministério Público do Trabalho).

  • Quatro ônibus foram fretados pelas empresas Fênix Serviços de Apoio Administrativo e Oliveira & Santana, que haviam contratado o grupo para prestar serviço para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton.
  • Os trabalhadores devem receber alimentação durante o trajeto até a Bahia.
  • Um acordo formalizado pelo MPT com as contratantes garantiu também que cada um dos trabalhadores receba um adiantamento de R$ 500, relativo a verbas rescisórias dos contratos.

Até a próxima terça-feira (28), os contratados receberão o valor integral a que têm direito. Caso contrário, o MPT entrará com uma ação civil pública por danos morais coletivos e pedido de multa correspondente a 30% da quantia devida —estimada em mais de R$ 1 milhão.

"Os próximos passos são acompanhar o integral pagamento dos valores devidos aos trabalhadores, estabelecer obrigações para prevenir novas ocorrências com relação a esse grupo de empresas intermediadoras", afirmou Ana Lucia Stumpf González, procuradora coordenadora da unidade do MPT em Caxias do Sul (RS), em nota divulgada pelo órgão à imprensa.

Dos 207 trabalhadores resgatados pelas autoridades, apenas 12 têm residência no Rio Grande do Sul e devem continuar no estado.

Onde eles foram encontrados? Contratados para fazer a colheita da uva em vinícolas da região, eles foram encontrados durante uma operação realizada na última quarta-feira (22), em uma pousada no bairro Borgo, na cidade de Bento Gonçalves.

De acordo com depoimentos, os trabalhadores eram trazidos da Bahia com a promessa de alimentação, hospedagem e transporte custeados pela contratante. Porém, isso não acontecia, sendo cobrada deles uma dívida logo na chegada e oferecido um alojamento em péssimas condições.

Além disso, os empregadores forneciam empréstimos a juros extorsivos aos trabalhadores, que relataram também sofrer violências física e psicológica. Todos têm entre 18 e 57 anos.