Professora da UFC é ameaçada de morte: 'Te estuprar e cortar sua cabeça'
A professora da UFC (Universidade Federal do Ceará) e autora do blog feminista Escreva Lola, Escreva, Lola Aronovich divulgou ter recebido nova ameaça de morte e estupro por email.
O que aconteceu:
Lola divulgou a mensagem recebida, que continha dados de seus documentos, endereço e detalhes pessoais, além da ameaça de que ela seria, em breve, estuprada e decapitada;
A mulher ainda é chamada de "gorda porca" e tem o prazo do crime prometido para o ano de 2023;
Ela atribui a ameaça a masculinistas, grupo de homens que adotam um comportamento violento contra mulheres, principalmente feministas;
Já tenho todas as suas informações, em breve vou viajar até a sua cidade, te estuprar e depois vou cortar a sua cabeça. Vou filmar isso tudo e jogar nas redes sociais. Será o ato mais belo desse ano de 2023, pode acreditar que desse ano aqui você não passa. Vamos te matar. Pode aguardar por nós, sua gorda porca.
Reprodução de ameaça contra Lola Aronovich, por email
Lola Aronovich faz parte do grupo de trabalho criado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, na gestão do presidente Lula (PT). O coletivo, presidido pela ex-deputada Manuela d'Ávila (PCdoB), é composto por 29 pessoas, sendo cinco representantes do ministério e 24 da sociedade civil, entre os quais Lola e o influenciador digital Felipe Neto e visa traçar políticas públicas de combate aos discursos de ódio e de extremismo.
Ao responder uma seguidora no Twitter se pelo fato de integrar o GT não fará com que a Polícia Federal "leve a sério" as ameaças sofridas, a professora explicou que fazer parte de um grupo de trabalho é diferente de compor o governo. Logo, isso não lhe direito a nenhum privilégio na prática.
Em dezembro, um grupo de onze mulheres, entre elas eu, elaboramos um relatório sobre como impedir massacres em escolas para o núcleo de Educação do governo de transição. Espero que ele seja útil também.
Lola Aronovich, em entrevista ao UOL
Quem é Lola Aronovich?
- Pedagoga argentina, naturalizada brasileira, ela é ativista pelos direitos das mulheres e precursora em blogs voltados às pautas feministas no Brasil;
- Aronovich atua como professora do Departamento de Estudos da Língua Inglesa, suas Literaturas e Tradução da Universidade Federal do Ceará;
- Ela contou ao UOL que participa, em níveis estadual e federal, do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, mas não conta com seguranças particulares. Ela diz só reportar às autoridades os "casos mais sérios.
- Lola diz ter ciência da dificuldade em achar os culpados: "agentes me explicaram, por exemplo, que apenas enviar prints das ameaças não os ajuda, que eles precisam da data e do link. Para as ameaças por email, eles precisam do ID da mensagem. Só assim para tentar rastrear essas ameaças anônimas, o que é extremamente difícil."
- Atualmente, mora em Fortaleza (CE), seu local de trabalho, que ela descreve como "uma região em que 70% da população se recusou a eleger um fascista", o que a faria se sentir mais segura. Antes disso, ela viveu em Joinville (SC) por 15 anos.
- Lola tem lei aprovada em seu nome. Em abril de 2018, o então presidente Michel Temer (MDB) sancionou a Lei 13.642/18, apelidada de "Lei LoLa", que incumbiu à Polícia Federal a responsabilidade por investigar crimes de ódio contra mulheres feitas no ambiente virtual.
A professora diz que as ameaças passaram a integrar a rotina: 'querem nos silenciar'. Ela explica ainda que marido, familiares e outras pessoas de seu convívio já foram alvos no passado. Duas advogadas que a representavam, por exemplo, sofreram ameaças e precisaram deixar seu caso em 2017. No entanto, blogueira diz não acreditar que muitas delas se concretizem, já que a estratégia seria provocar medo.
Até hoje, poucas prisões dos agressores de Lola foram possíveis. Em maio de 2018, a PF deflagrou uma operação conta crimes praticados na internet e prendeu um deles. Marcelo Valle Silveira Mello foi condenado a 41 anos e seis meses de prisão por "reiteradamente estimular o ódio, o preconceito, ofender minorias, mulheres, homossexuais, raças, entre outros". Ele foi preso em Curitiba e negou as acusações.
O que eles querem é nos silenciar, fazer com que vivamos com medo, e também se exibir para outros membros da quadrilha, pois eles compartilham essas ameaças. Ainda assim, é preciso tomar cuidado. Grande parte das pessoas que convivem comigo sabe das ameaças. Isso é importante porque, assim, pelo menos não somos pegos de surpresa.
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