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De quem era a droga? O que falta saber sobre malas trocadas em Guarulhos

Mala de Katyna chegando ao carrossel em Guarulhos (SP) - Polícia Federal
Mala de Katyna chegando ao carrossel em Guarulhos (SP) Imagem: Polícia Federal

Colaboração para o UOL

13/04/2023 16h27

As duas brasileiras que estavam presas na Alemanha suspeitas de tráfico de drogas foram soltas na terça-feira.

Elas despacharam suas bagagens regularmente no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, mas as etiquetas das malas foram retiradas e colocadas em outras bagagens clandestinas, onde havia 40 kg de cocaína.

Apesar da liberação das brasileiras, o caso permanece com algumas perguntas sem respostas.

A quem pertencia a droga?

Conforme revelado pelo colunista do UOL Josmar Jozino, em outro caso, uma investigação de 2021 da Polícia Federal mostrou que cada funcionário de uma empresa terceirizada recrutado por narcotraficantes para atuar no aeroporto ganhava R$ 20 mil do PCC (Primeiro Comando da Capital) por mala de cocaína enviada ao exterior.

Sabe-se que o crime organizado vem, desde 2019, recrutando funcionários terceirizados para o envio de drogas ao exterior, mas a PF ainda não divulgou a qual grupo criminoso a droga pertencia neste caso recente.

Quem já foi preso no caso?

Três presos pela PF estão diretamente envolvidos na troca de etiquetas das malas: Pedro Henrique Silva Venâncio, 21, Pablo Thomas de Oliveira França, 24, e Eduardo Barbosa dos Santos, 30.

Um relatório da PF diz que Pedro manipulou bagagens despachadas regularmente, retirou as etiquetas das malas das brasileiras e as colocou em outras clandestinas, onde havia 40 kg de cocaína. O documento menciona que Eduardo era o responsável pela leitura das etiquetas e consentiu a troca.

Pablo seria o responsável por retirar as malas clandestinas e conduzi-las até o equipamento que levariam as bagagens para a aeronave. Os advogados de Pedro, Pablo e Eduardo negam a participação dos clientes no esquema e afirmam que eles são inocentes.

Etiqueta - Reprodução/ TV Globo - Reprodução/ TV Globo
Funcionário tira a etiqueta da mala de brasileira presa na Alemanha
Imagem: Reprodução/ TV Globo

Quem recebeu a mala no balcão em Guarulhos?

Uma mulher de 31 anos é investigada e, segundo a PF, não foi presa. Ela trabalha em uma empresa aérea e é acusada de ter recebido no balcão da companhia as duas malas com os 40 quilos de cocaína e de ter colocado essas bagagens no sistema de esteira. Ela recebeu a droga de duas mulheres, chamadas pela PF de "passageiras fakes".

Quem receberia a bagagem na Alemanha?

Também não ficou claro quem receberia as bagagens adulteradas com os nomes de Kátyna Baía e Jeanne Paollin na Alemanha. As duas, que foram presas enquanto faziam uma escala de Frankfurt no dia 5 de março, tinham como destino final Berlim.

Por que essas passageiras foram escolhidas?

O esquema de troca de etiquetas de malas para traficar drogas costuma acontecer de maneira aleatória. Portanto, ainda não foi esclarecido por que as duas foram "escolhidas" pelos criminosos. A polícia investiga ainda se há um braço da organização responsável em Goiânia, cidade de origem das duas.

Onde foram parar as malas originais?

As verdadeiras malas das duas brasileiras seguem desaparecidas.

Companhia aérea pode ser responsabilizada?

Conforme o regulamento da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), "o operador aéreo deve garantir a proteção da bagagem despachada desde o momento de sua aceitação até o momento em que é devolvida ao seu proprietário no destino ou transferida para outro operador aéreo".

Em nota, a Latam afirmou que "tem colaborado com as investigações desde que foi contatada pelas autoridades".

Existe alguma fragilidade no sistema de segurança?

Até o momento, a investigação da PF identificou e prendeu seis funcionários de empresas terceirizadas que trocavam as etiquetas das malas para enviar drogas ao exterior. O decorrer do caso pode indicar se há, e quais são, as possíveis fragilidades do sistema de segurança do aeroporto.