Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
PCC pagava R$ 20 mil por mala com cocaína enviada à Europa via Guarulhos
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Um relatório de investigação da Polícia Federal mostra que cada funcionário de empresa terceirizada recrutado por narcotraficantes para atuar no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) ganhava R$ 20 mil do crime organizado por mala de cocaína enviada ao exterior.
Segundo o documento, essa quantia era equivalente a mais de um ano do salário médio dos funcionários da área restrita do maior aeroporto do país. Em 2021, a faixa salarial para o cargo era de R$ 1.600 mensais.
Participação do PCC (Primeiro Comando da Capital). A documentação da PF, de 2021, adverte ainda que o aliciamento de funcionários e a grande quantidade de drogas enviada ao exterior, principalmente para a Europa Ocidental, apontavam para a facção paulista.
Um dos acusados, um operador de sistemas de bagagens de 24 anos, foi preso e condenado pela Justiça Federal de Guarulhos a 10 anos, sete meses e quatro dias em regime fechado. Na casa dele, os agentes encontraram R$ 94.295, além de uma porção de maconha.
No celular apreendido com o funcionário recrutado havia troca de mensagens e de áudios com integrantes do PCC, segundo as investigações da PF. Em um dos diálogos, o operador de bagagens conversa com um interlocutor identificado às vezes como MC e outras como Zoio.
Dinheiro do PCC
Os agentes apuraram que esse interlocutor era o intermediário entre fornecedores da droga e o funcionário recrutado. Zoio ou MC realizava os pagamentos para o aliciado. Segundo os policiais, as mensagens deixam claro que o dinheiro vinha do "comando", como é chamado o PCC.
Também foi verificado o envolvimento do PCC em outra investigação que apurava a participação de um operador de balanças de 45 anos e de um tratorista, 56, de uma empresa que presta serviços para companhias aéreas nacionais e internacionais.
O operador de balança e o tratorista também foram presos. O primeiro foi condenado a 11 anos e cinco meses de prisão em regime fechado. O segundo pegou uma pena de oito anos e dois meses em regime semiaberto. Ele foi acusado de matar um colega que o denunciou e foi condenado em primeira instância a mais 27 anos, um mês e 15 dias em regime fechado.
Um taxista de 30 anos também acabou preso e respondeu, com a dupla, ao mesmo processo por tráfico internacional de drogas. Ele foi acusado de levar as malas com cocaína ao aeroporto e de entregá-las aos comparsas. A Justiça o condenou a 12 anos e 10 meses.
No relatório sigiloso da PF é mencionado que cada mala recheada com cocaína rendia ao menos R$ 20 mil para cada participante do esquema de tráfico internacional de drogas —operadores, tratorista, taxista etc.
Ainda segundo agentes federais, essas detenções e condenações não inibiram a ação de narcotraficantes ligados ao PCC. O crime organizado vem, desde 2019, recrutando funcionários terceirizados para o envio de drogas ao exterior. Na semana passada a PF prendeu sete pessoas.
Os presos são acusados de tirar a etiqueta das malas das brasileiras Jeanne Paolini, 40, e Katina Baiá, 44, e de colocar em outras bagagens com 40 kg de cocaína. As duas são inocentes, mas estão confinadas desde o dia 5 de março deste ano em uma penitenciária feminina de Frankfurt, na Alemanha.
Ambas embarcaram no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiás, e fizeram conexão no aeroporto de Guarulhos. Depois pegaram um voo para a Alemanha. O destino era Berlim, mas elas receberam voz de prisão ao desembarcar em Frankfurt, em outra conexão.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.