Autor de ataque em creche de Blumenau disse à polícia que 'faria de novo'
Uma semana após o ataque a uma creche de Blumenau (SC) que deixou quatro crianças mortas e outras cinco feridas, o autor do crime disse à Polícia Civil que não se arrependia dos assassinatos.
O que aconteceu
O homem foi indiciado por quatro homicídios quadruplamente qualificados e cinco tentativas de homicídio. Nos assassinatos ocorridos no dia 5 de abril, os agravantes são: motivo torpe, meio cruel, impossibilidade de defesa das vítimas e por serem menores de idade.
A investigação apontou que o homem não pertence a nenhuma célula neonazista. Mais de 20 pessoas prestaram depoimento. A Polícia Civil ouviu a mãe, o padrasto, amigos e pessoas que tiveram algum tipo de contato com o autor do ataque.
O agressor disse à polícia que decidiu fazer o ataque contra crianças porque elas "correm devagar". Em depoimento, observou que uma das crianças chegou a rir para ele, achando que fosse uma brincadeira. Em seguida, ela acabou sendo assassinada.
A Polícia Civil de SC falou hoje hoje à tarde em Florianópolis sobre a conclusão do inquérito. O agressor, um homem de 25 anos, está preso preventivamente pelo crime.
A gente esperava encontrá-lo bem menos agressivo, coisa que não aconteceu. Ele estava frio, contou como fez, disse que não se arrependia [do crime] e que faria de novo."
Ronnie Esteves, delegado responsável pela investigação
É uma pessoa que não tem nenhuma condição de viver em sociedade. Nenhuma punição será suficiente para reparar o que ele fez."
Ronnie Esteves
Uso de drogas e facadas em padrasto
A perícia encontrou "indícios de cocaína" no sangue de homem, segundo a Polícia Civil. Outras duas substâncias também foram identificadas após o ataque.
A Polícia Civil detalhou a tentativa de assassinato contra o padrasto e a dependência química do autor do crime. Reportagem publicada pelo UOL revelou que o ataque ao padrasto, ocorrido há dois anos, foi registrado equivocadamente como "lesão corporal leve" e não foi investigado.
O padrasto foi atingido por facadas no pescoço, no abdômen e no braço. Ele foi atacado após ter pedido que o enteado saísse de casa. Na época, disse ter pedido ao enteado que saísse de casa porque ele passou a usar drogas.
O autor do ataque na creche chegou a ser internado em uma clínica de reabilitação. Mas saiu de lá e passou a perseguir o padrasto. "Saí de Blumenau para não ser morto", revelou a vítima ao UOL.
A mãe do agressor disse que o comportamento dele começou a mudar após o consumo de drogas. Segundo a polícia, ele passou a vender drogas para manter o vício.
Como foi a ação do agressor na creche
Duas semanas antes do crime, o autor do ataque à creche teria dito a um amigo que iria fazer "coisa grande". O relato foi dado em depoimento à Polícia Civil de Santa Catarina.
Ele se reuniu com um amigo na praça e teria dito ainda que faria algo grande, mas não disse o quê."
Ronnie Esteves, delegado
O agressor disse à polícia que passou em duas outras escolas antes de ir até o Cantinho Bom Pastor. Foi nessa creche que ele matou as crianças.
O autor do ataque percorreu de moto 22 quilômetros de casa até cometer o crime e se entregar à polícia. O percurso teria sido feito em pouco mais de uma hora, segundo a investigação. Foi possível determinar o trajeto com base em câmeras de vigilância e em depoimentos.
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