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Mulher tem ingresso do RBD queimado pelo ex: 'Me machucou sem tocar em mim'

Ingrid é fã de RBD desde a adolescência; ingresso foi queimado pelo ex - Arquivo pessoal
Ingrid é fã de RBD desde a adolescência; ingresso foi queimado pelo ex Imagem: Arquivo pessoal

Gabryella Garcia

Colaboração para o UOL

08/05/2023 12h54Atualizada em 08/05/2023 16h49

A cabeleireira Ingrid Santos de Lima, de 26 anos, estava preparada para realizar um sonho de criança no mês de novembro: assistir ao vivo a um show do RBD, sua banda preferida.

O sonho acabou na madrugada da última quarta-feira (3) quando seu ex-marido, com quem tem um filho de 6 anos, queimou o ingresso.

Ingrid relatou ao UOL que o ingresso foi roubado de sua casa e, após um desentendimento e cobranças de responsabilidades como pai, o ex-marido lhe mandou um vídeo em que mostrava o ingresso queimando no fogão.

"Há alguns meses ele estava me chantageando para voltar e reatar o casamento e, mesmo eu negando, ele queria me machucar", disse Ingrid.

Ele foi certeiro porque só duas coisas me derrubariam: mexer com filhos ou acabar com esse meu sonho do show. Aí ele me mandou a foto do ingresso na casa dele e depois fez um vídeo do ingresso no fogão

Para conseguir o ingresso, a cabeleireira chegou a dormir no estádio do Pacaembu, em São Paulo, para esperar a abertura das bilheterias. Ela conta que pagou R$ 850 e que iria ao show com amigas de infância e com a irmã.

"Tive de abrir mão de muitas coisas, faltei ao trabalho e tive que guardar dinheiro, porque R$ 850 é um valor alto", lembra.

"Quando o vi queimando os ingressos, senti que meu sonho tinha acabado e que ele tinha roubado um pedaço de mim. Ele conseguiu me machucar sem nem tocar em mim e me senti destruída."

Após o ocorrido, Ingrid registrou um boletim de ocorrência na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Itapevi, onde mora, e fez um pedido de medida protetiva. O caso foi registrado como injúria e ameaça.

rbd - Divulgação - Divulgação
Ex-marido queima ingresso para show do RBD após desentendimento
Imagem: Divulgação

Relacionamento conturbado

Ingrid conta que eles ficaram casados por 7 anos e terminaram há pouco menos de um ano. "O relacionamento sempre foi muito conturbado, mas ele nunca me impediu de realizar meus sonhos."

Quando os ex-integrantes do RBD fizeram shows solos no Brasil, por exemplo, o ex-marido a levou.

"Essa atitude de queimar o ingresso foi inesperada e eu nunca imaginei que ele fosse fazer isso, porque ele sabia que era o sonho da minha vida."

A mulher acredita que o ex-marido tenha pegado o ingresso dela em algum dia quando buscava o filho.

"Meu ingresso era muito bem guardado porque eu tinha muito medo de danificar, então acredito que ele tenha mexido bastante nas minhas coisas."

A gente estava falando sobre nosso filho na terça-feira e, de repente, ele mandou um vídeo do ingresso. Eu estava cobrando algumas coisas como pai e, de alguns meses para cá, ele começou a me chantagear para voltar com ele e reatar o casamento

Ela diz que o ex primeiro mandou a foto do ingresso na casa dele e depois fez um vídeo com o ingresso no fogão.

"Ele queria que eu me humilhasse e fosse atrás dele, jogou uma isca. Fui firme e falei que poderia queimar porque havia muitos fãs vendendo ingressos e eu poderia comprar outro, aí ele mandou um vídeo do papel pegando fogo. Eu não aguentei, chorei muito e entrei em desespero. Era o sonho da minha vida e não entendia por que ele estava fazendo aquilo."

Segundo conta, o caso ocorreu por volta de meia-noite. "Comecei a chorar muito, meus vizinhos até vieram em casa perguntar o que estava acontecendo. Chorei a noite inteira e não consegui dormir."

Na manhã seguinte, o terapeuta de Ingrid a instruiu a ir a uma delegacia.

As amigas também a encorajaram a expor a situação. "Resolvi falar no Twitter com a intenção de conseguir ajuda para comprar outro ingresso para o mesmo dia e no mesmo setor, que é a pista premium."

Os amigos de Ingrid criaram uma vaquinha para ajudá-la a comprar outro ingresso.

Polícia registra caso como injúria e ameaça

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que orientou a vítima quanto ao prazo para fazer a representação criminal contra o ex e também afirmou que o caso foi registrado como injúria e ameaça na Delegacia de Defesa da Mulher de Itapevi.

O prazo para a representação é de 6 meses a partir da data do boletim de ocorrência.

"Uma mulher de 25 anos foi ameaçada pelo ex-marido na madrugada desta terça-feira (3), no Jardim Santa Rita, em Itapevi. De acordo com a vítima, o ex-marido fez uma ligação por vídeo onde queimava o ingresso de um show que ela tinha comprado. O caso foi registrado como injúria e ameaça pela DDM de Itapevi", diz a nota.

Ao UOL, o ex-marido de Ingrid negou o furto. Ele afirmou que encontrou o ingresso em um móvel que pegou da casa de Ingrid após a separação, e que continuou em posse do ingresso pois, segundo ele, a mulher pegou uma caixa de ferramentas de sua oficina e se nega a devolver.

Ainda de acordo com o ex-marido, o ingresso não foi queimado. "Jamais acabaria com o sonho de alguém. Simulei que queimei o ingresso para ela saber o quanto dói perder um sonho que você lutou tanto para conseguir."

Como denunciar violência

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 180 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares. É possível realizar denúncias pelo número 180 — a Central de Atendimento à Mulher, que funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita.

O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008.

A denúncia também pode ser feita pelo Disque 100, que apura violações aos direitos humanos. Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e a página da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses. Caso esteja se sentindo em risco, a vítima pode solicitar uma medida protetiva de urgência.... - Veja mais em https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2023/03/12/feminicidio-a-fez-decidir-dar-aulas-gratuitas-de-jiu-jitsu-para-mulheres.htm?cmpid=copiaecola

A denúncia também pode ser feita pelo Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e a página da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).

Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses. Caso esteja se sentindo em risco, a vítima pode solicitar uma medida protetiva de urgência.