'Nunca quis que ele seguisse na carreira', diz mãe de PM morto no Guarujá

O soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) Patrick Bastos Reis, de 30 anos, morto após ser atacado durante um patrulhamento no Guarujá, sonhava desde cedo em entrar para a Polícia Militar. A mãe dele, no entanto, conta que sempre teve receio da carreira escolhida por Patrick.

Natural de Santa Maria (RS), Patrick era filho único e pai de um menino de três anos. A mãe do policial, a corretora de imóveis Cláudia Reis, diz que a paixão do filho pela Polícia Militar começou aos 7 anos, quando o garoto viu pela primeira vez um desfile em comemoração à Independência do Brasil.

"Ao ver os policiais desfilando, ele se emocionou. Foi ali que ele quis ser PM e, desde essa época, se dedicou a estudar para ser policial", conta a mãe.

Na adolescência e juventude, sempre rodeado de amigos, Patrick gostava de sair e costumava frequentar a boate Kiss, em Santa Maria, onde morava. A família relata que, no dia do incêndio na boate, que matou 242 pessoas, Patrick estaria no local, mas desistiu de ir ao show horas antes para cuidar da avó.

"O Patrick sempre foi muito apegado aos avós. No dia do incêndio na boate estava tudo certo para ele ir ao show com uma moça que ele namorava na época. Mas, quando ele soube que a avó ficaria em casa sozinha naquela noite, ele desmarcou de sair para fazer companhia para a avó", recorda a mãe.

Ainda segundo a corretora de imóveis, todos da família sempre souberam da paixão de Patrick pela Polícia Militar e que o rapaz se dedicava aos estudos para entrar na corporação.

Ela e o marido, no entanto, sempre tiveram medo de o filho se tornar policial, mesmo tendo outros familiares na profissão.

Nunca aconteceu nada com nossos familiares que são policiais, mas dentro de mim nunca quis que o Patrick seguisse nessa carreira. Quando ele prestou concurso para a PM em São Paulo, ele não nos contou. Só ficamos sabendo quando ele havia sido aprovado e se mudaria do Rio Grande do Sul."
Cláudia Reis, mãe de Patrick Bastos Reis

Para ficar mais perto do único filho, os pais de Patrick se mudaram para a capital paulista no ano passado e moravam no mesmo prédio que Patrick.

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Apesar da rotina intensa de trabalho na Rota, Patrick sempre tentou ser presente no dia a dia dos pais e do filho, de apenas três anos.

"Quando estava de folga, ele sempre estava com o filho e participava ativamente da rotina dele. Por gostar muito de jiu-jítsu, ele também gostava de levar o filho para a academia, para os dois brincarem no tatame", diz a mãe.

Apaixonado por esportes, Patrick chegou a cursar faculdade de educação física e a trabalhar como personal trainer antes de entrar na PM. Ele sonhava em ser campeão mundial na modalidade. Era o atual campeão das etapas do circuito paulista na faixa azul, categoria master peso médio.

Ele se dedicava muito em tudo o que gostava e com a luta não era diferente. Ele ganhou vários campeonatos e se preparava para mais um que seria agora em agosto. Eu paguei a inscrição dele, e ele disse que ganharia uma medalha como presente de dia dos pais."
Cláudia Reis

O que aconteceu

O soldado Patrick Bastos Reis foi atacado durante patrulhamento na comunidade Vila Zilda, no Guarujá, na noite de quinta-feira (27).

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Um cabo que o acompanhava também foi atingido e levado a uma UPA, sem gravidade.

Erickson David da Silva, conhecido como Deivinho, apontado como o autor do disparo que matou Patrick, se entregou à polícia na zona sul de São Paulo.

Outros cinco suspeitos de envolvimento no crime já haviam sido detidos em flagrante e tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça. Quatro deles vão responder por tráfico de drogas.

Após a morte do soldado da Rota, a polícia deflagrou uma operação no Guarujá, que resultou em 28 mortes, segundo o governo do estado de São Paulo.

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