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Governo repudia alunos de medicina que ficaram nus em jogo feminino em SP

O Ministério das Mulheres repudiou as cenas protagonizadas por alunos de medicina da Unisa (Universidade de Santo Amaro) e da Universidade São Camilo que exibiram as partes íntimas durante uma partida de vôlei feminino que fazia parte de uma competição esportiva entre universidades, realizada em maio. As cenas repercutiram nas redes sociais durante o último final de semana.

O que aconteceu:

No X, antigo Twitter, o Ministério das Mulheres falou em "cultura misógina" e classificou as cenas como um dos tipos de violência de gênero.

"Romper séculos de uma cultura misógina é uma tarefa constante que exige um olhar atento para todos os tipos de violências de gênero. Atitudes como a dos alunos de medicina jamais podem ser normalizadas", postou o órgão.

A UNE (União Nacional dos Estudantes) também repudiou as cenas, classificadas como "absurdas". "Esses estudantes precisam ser responsabilizados pelos crimes cometidos em uma conduta inaceitável durante um jogo de vôlei feminino. Não podemos tolerar que casos como esse continuem acontecendo".

Parlamentares como as deputadas federais Gleisi Hoffman (PT-PR) , Luiza Erundina (PSOL-SP), Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Erika Kokay (PT-DF) e Talíria Petrone (PSOL-RJ), entre outros, também manifestaram repulsa pelas cenas ocorridas no campeonato interuniversitário.

Entenda o caso

Em um dos vídeos, é possível ver cerca de 20 alunos da Unisa com as calças abaixadas e exibindo os órgãos sexuais masculinos, alguns deles cobertos pelas mãos, durante um jogo de vôlei feminino. Eles estavam na arquibancada acompanhando o evento.

Um outro vídeo deste mesmo grupo mostra o momento em que eles correm pelados pela quadra.

Um grupo com cerca de 15 alunos da São Camilo também foi filmado com as calças abaixadas exibindo as nádegas em direção à torcida rival.

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A partida entre Unisa e São Camilo aconteceu no Calomed (competição entre calouros da faculdade de medicina), em maio, em São Carlos, no interior de São Paulo.

A reportagem tentou contato com a Universidade São Camilo e com a Unisa por telefone e por email, mas não obteve retorno. A matéria será atualizada caso haja algum posicionamento.

A reportagem também questionou a Secretaria de Segurança Pública se foi feita alguma ocorrência sobre o caso, mas não obteve retorno até a publicação da matéria. O texto será atualizado caso haja algum posicionamento.

"Não houve masturbação"

A reportagem ouviu alunos presentes na partida polêmica. Eles alegaram, sob condição de anonimato, que os homens não se masturbaram, como foi relatado em alguns posts das redes sociais.

Segundo os alunos, os homens estavam tapando os respectivos órgãos com as mãos e não teria ocorrido a masturbação coletiva.

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Posição da Atlética da Medicina de Santo Amaro

Hoje, após a circulação do vídeo, a Atlética da Medicina de Santo Amaro (Associação Atlética Acadêmica José Douglas Dallora) emitiu um posicionamento oficial. Em contato com a reportagem, a Atlética destacou que vai ter uma reunião com a Unisa para abordar o assunto e afirmou que, após o ocorrido, passará a expulsar de seu quadro integrantes que repitam o ato.

O grupo ainda destaca que, na ocasião em que os episódios ocorreram, não houve nenhuma repercussão do caso, nem reclamações ou punições aos envolvidos.

"A Associação Atlética Acadêmica José Douglas Dallora (A.A.A.J.D.D.) vem, por meio desta, manifestar-se oficialmente sobre o episódio que tem circulado nas redes sociais, com apontamento para a Intermed (realizada entre os dias 2 a 9 de setembro de 2023).

As filmagens circuladas pela mídia não são contemporâneas e não representam os princípios e valores pregados pela A.A.A.J.D.D.

Não toleramos ou compactuamos com qualquer ato de abuso ou discriminatório. Assim, atletas, torcedores, equipe técnica e todos os envolvidos em nossas competições e eventos são, por nós, incentivados sempre a terem comportamentos pautados em princípios éticos e sociais em que prevaleçam o respeito, a inclusão e igualdade.

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Reiteramos o compromisso exclusivo com o esporte e seu incentivo dentro do ambiente acadêmico, por acreditar que o mesmo é fundamental para a saúde e o desenvolvimento do atleta."

Posição do Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda

Em uma postagem no Instagram, o Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda, da mesma faculdade, também lamentou o ocorrido.

"Repudiamos as atitudes demonstradas nos vídeos que estão circulando nas mídias sociais. Tais feitos são um retrocesso para a nossa universidade e, portanto, não representam a nossa querida casa", diz a postagem.

Cultura de abusos em trotes no curso de medicina da Unisa

Existe uma cultura de abusos em trotes da Universidade Santo Amaro (Unisa). O UOL investigou por dois meses relatos que envolviam práticas graves na instituição.

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Tapas, socos e cuspe no rosto, humilhações públicas e em meios digitais são alguns dos fatos relatados. A lista de constrangimentos é extensa.

Inclui faxinar a casa de veteranos, ajoelhar-se para ouvir xingamentos aos gritos, aceitar apelidos —inclusive de cunho racista—, seguir regras de vestimenta e de circulação, além de enviar ou receber fotos de genitálias masculinas por redes sociais ou aplicativos de mensagens.

"A tradição dos bixos [sic] homens na abertura é correr pelado na quadra com as outras faculdades", disse um dos participantes.

É cobrado também que se demonstre conhecimento sobre o histórico de uma cultura de abusos que se arrasta há anos, de acordo com alunos e ex-alunos.

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