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Mulher que gravou o próprio assassinato em PE denunciou sequestro da mãe

Antes de ser morta, a irmã do suspeito de atirar e matar dois policiais militares em Camaragibe, no Grande Recife, denunciou nas redes sociais que a sua mãe havia sido sequestrada por "dez caras" e que já teria procurado por ela em várias delegacias.

O que aconteceu:

Ágata Ayanne da Silva, 30, escreveu a denúncia em uma página no Instagram que publicou informações sobre a morte dos dois policiais militares, Eduardo Roque de Barbosa Santana, 33, e Rodolfo José da Silva, 38. Horas depois, a mãe dela, Maria José Pereira da Silva, foi encontrada morta em um canavial.

Segundo o governo de Pernambuco, os agentes foram mortos por Alex Silva, irmão de Ágata. O crime foi registrado noite da última quinta-feira (14), enquanto os policiais atendiam uma ocorrência no bairro de Tabatinga.

A irmã do suspeito de ser o atirador revelou que três carros com mais de 10 homens invadiram a casa da sua mãe e a levaram após a morte dos PMs. "Tomaram o celular da minha mãe, do meu pai e da minha irmã. Atiraram no pneu da moto do meu pai", escreveu.

Ágata relatou que estava "desesperada" e pediu ajuda para localizar a mãe. "Alguém aqui poderia me mandar o número de algum repórter? Preciso urgente, pois sequestraram a minha mãe por conta da ocorrência que aconteceu em Tabatinga, e a minha mãe não tem nada a ver".

O UOL procurou a Polícia Civil de Pernambuco para esclarecer se houve denúncia formal de Ágata sobre o suposto sequestro, mas não houve retorno.

Eu estou desesperada, pois já andei nas delegacias e não consigo resposta. Minha mãe tem problema de pressão alta. Minha mãe não tem nada a ver com o que aconteceu. Nesse mundo a gente já não sabe quem é quem.
Ágata Ayanne, no Instagram

Comentários de Ágata após mortes de PMs em Camaragibe
Comentários de Ágata após mortes de PMs em Camaragibe Imagem: Reprodução/Instagram

Familiares mortos

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Pouco depois de escrever em rede social que a mãe foi sequestrada, Ágata registrou a própria morte. Nas imagens, dois homens encapuzados chegam ao local armados e atiram nela e nos irmãos, Amerson Juliano da Silva e Apuynã Lucas da Silva, ambos com 25 anos.

O vídeo mostra ainda que os atiradores ordenaram que as vítimas levantassem as mãos e começaram a atirar. A execução aconteceu na Rua São Geraldo, no bairro de Tabatinga, por volta das 2h da última sexta-feira (15).

Além da mãe do suspeito, Maria José Pereira, a esposa dele, Maria Nathalia Campelo do Nascimento, 27, também foi morta, confirmou a governadora Raquel Lyra, em entrevista coletiva. Os corpos das vítimas foram encontrados em um canavial em Paudalho, na zona da mata norte de Pernambuco.

Ágata Ayanne da Silva, de 30 anos; Amerson Juliano da Silva e Apuynã Lucas da Silva, ambos de 25 anos
Ágata Ayanne da Silva, de 30 anos; Amerson Juliano da Silva e Apuynã Lucas da Silva, ambos de 25 anos Imagem: Reprodução/Redes Sociais
Maria Nathalia Campelo do Nascimento, esposa do suspeito, e Maria José Pereira da Silva foram encontrados num canavial em Paudalho
Maria Nathalia Campelo do Nascimento, esposa do suspeito, e Maria José Pereira da Silva foram encontrados num canavial em Paudalho Imagem: Reprodução/Redes Sociais

O suspeito de ser o atirador também morreu na manhã da sexta-feira (15) em confronto com a polícia, segundo a Secretaria de Defesa Social. Ele teria trocado tiros com os agentes durante uma operação para prendê-lo.

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A governadora lamentou as mortes e disse que os crimes serão investigados. "Infelizmente, oito vidas foram ceifadas em Pernambuco. A polícia está investigando cada uma delas como são, crimes bárbaros que aconteceram no nosso estado", disse.

PMs foram mortos em troca de tiros

PM Eduardo Roque e PM Rodolfo José
PM Eduardo Roque e PM Rodolfo José Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Os PMs foram recebidos a tiros em uma abordagem no bairro de Tabatinga, segundo informações da Polícia Militar.

Eles foram acionados para a ocorrência porque um homem estava em cima da laje de um imóvel "dando tiros para cima em uma comemoração". Segundo o governo de Pernambuco, Alex teria atirado nos policiais. A troca de tiros deixou uma mulher grávida e um adolescente feridos.

Os policiais foram identificados como o soldado Eduardo Roque de Barbosa Santana, com seis anos de corporação, e o cabo Rodolfo José da Silva, com oito anos de serviço à PMPE.

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Luto de três dias foi decretado pela Polícia Militar e o caso é investigado como duplo homicídio, informou a PMPE.

Eduardo Roque deixou uma esposa e duas filhas; Rodolfo José deixou uma esposa e uma filha.

Investigação

Alex Silva, suspeito de atirar e matar os dois PMs em PE
Alex Silva, suspeito de atirar e matar os dois PMs em PE Imagem: Reprodução/Redes Sociais

O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Alessandro Carvalho, afirmou que o suspeito tinha registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador e não tinha antecedentes criminais.

"Ele não tem nenhuma entrada por prática de crime. Nunca foi preso. (...) O 190 recebeu um chamado de que homens armados estariam sobre a laje de uma casa em Tabatinga. Foram para lá e, ao chegar ao local, na escada, os policiais estavam chegando e ele, de cima da escada, efetuou os tiros. E tiros precisos. Atingiram as cabeças dos dois policiais", explicou o secretário.

Nenhuma hipótese sobre a identidade dos homens encapuzados está descartada, esclareceu o secretário de Defesa Social de Pernambuco. "O que nós temos é: dois policiais foram assassinados ao atender a uma ocorrência. Cinco pessoas ligadas ao suspeito foram mortas em menos de 12 horas. Existe uma correlação. E é isso que nós vamos investigar", informou.

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O MPPE (Ministério Público de Pernambuco), em conjunto com a 1ª Promotoria Criminal de Camaragibe e com o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas instaurou dois Procedimentos Investigatórios Criminais para elucidar a dinâmica dos fatos sobre os oito homicídios.

O órgão requisitou à Polícia Civil, ao Comando da Polícia Militar, ao Instituto de Criminalística, ao Instituto de Medicina Legal e à Secretaria de Defesa Social de Pernambuco laudos periciais e outras documentações referentes às investigações.

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