Tarcísio é leão com trabalhadores e gatinho com a CCR, diz sindicalista
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, trata de forma desigual trabalhadores e concessionárias do Metrô e ignora que a população sofre todos os dias "no caos das linhas privatizadas", afirmou a presidente do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa, em entrevista no UOL News da tarde desta terça-feira (3).
O governador não aplicou a agressividade que está aplicando contra os trabalhadores hoje contra os empresários do grupo CCR, que são os responsáveis pelo caos que está acontecendo na linha privatizada. Lamento que o governador não se solidarize com a vida e a situação das pessoas que todos os dias estão vivendo o caos das linhas privatizadas. Ele vem como um leão em cima da mobilização dos trabalhadores, mas fica como um gatinho em relação a todos os problemas causados pelas linhas privatizadas e operadas pelo grupo CCR.
Ele também não dialoga em nada com a realidade da população que todos os dias sofre no caos das linhas privatizadas, que são as linhas 8 e 9. Eram linhas muito bem avaliadas pela população e, desde a concessão para a ViaMobilidade em 26 de janeiro de 2022, aconteceram oito descarrilamentos na linha 8, um descarrilamento na linha 9, sucessivas falhas e trem andando com porta aberta.
Tarcísio classificou a greve da categoria como ilegal e abusiva e disse que o movimento reforça a decisão do governo de estudar a privatização das linhas do Metrô e CPTM.
Governador não julga se a greve é legal ou abusiva, é a Justiça que julga. Ele está dizendo que a greve é abusiva e ilegal da cabeça dele. A Justiça não julgou. Os trabalhadores do Metrô, da CPTM e da Sabesp estão exercendo seu direito de greve.
Não se trata de interesse corporativo, pois estamos falando da situação do transporte público. Uma vez que todas as linhas de metrô e trem sejam privatizadas, isso vai ter um impacto enorme na vida da população. Desde que privatizou o trem e o metrô no Rio de Janeiro, por exemplo, se tornaram as tarifas mais caras do Brasil.
Camila questiona a razão de Tarcísio não se solidarizar com os trabalhadores que sofreram problemas nas linhas privatizadas.
Com isso ele não se solidariza. Quantas pessoas não perderam seus empregos? Quantas pessoas não deram com a cara na porta das estações porque o trem não estava funcionando? Quantas pessoas não passaram por diversos sofrimentos desde janeiro do ano passado?
Dal Piva: Tarcísio vê na greve chance de reconexão com direita bolsonarista
Em meio à greve contra as privatizações do Metrô, da CPTM e da Sabesp, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vê uma chance de reaproximação com a direita bolsonarista, analisa a colunista do UOL Juliana Dal Piva no UOL News desta tarde de terça-feira (3).
Para ela, é "curioso" o governador falar que a greve é política.
Eles [núcleo bolsonarista] estão enxergando na greve de hoje e nas consequências dela para a população, uma oportunidade. Tarcísio está enxergando neste dia uma oportunidade de se reconectar com a direita mais extrema e com a direita bolsonarista.
Ele passou meses tentando fazer acenos ao centro, em algum conflito e, por vezes, uma crítica ao próprio Bolsonaro. Isso é uma coisa que desgasta boa parte da base que ajudou ele a vencer essa eleição e se tornar governador de São Paulo.
O dia de hoje permite ele explorar os efeitos negativos, do que aconteceu e dessa dificuldade para a população, passando esse discurso de que tem que privatizar, sem discussão e sem analisar essas questões. Ele está enxergando nisso tudo um grande momento para ele.
Além dele mesmo, Dal Piva diz que Tarcísio também vê uma chance de empurrar o prefeito Ricardo Nunes (MDB) para a direita.
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Quero receberInclusive, também, para empurrar o prefeito Ricardo Nunes para a direita. O bastidor dessa greve é todo eleitoreiro. O prefeito também tem feito acenos ao centro porque o momento político mudou, já que não é favorável à direita.
Todo mundo quer disputar um pouco o centro pensando na eleição do ano que vem. Dentro do bolsonarismo, é um dia para puxar todo mundo mais à direita.
Sâmia: Tarcísio acha que população não tem civilidade para catraca livre
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) disse no UOL News da tarde desta terça-feira (3) que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mostra "desconhecimento" e "preconceito" com a população ao não permitir catraca livre no metrô e na CPTM nesse dia de greve.
Sindicatos propuseram trocar a greve do transporte sobre trilhos pela não cobrança de tarifa, o que não foi aceito pelo governo - decisão chancelada pela Justiça. Em coletiva nesta manhã, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que "liberar a catraca é colocar o cidadão em risco, é perder o controle do cidadão na plataforma".
O que a população está passando no dia da greve de hoje, que, repito, não era o objetivo inicial do sindicato que propôs catraca livre e o governador negou porque acha que a população não tem condições de educação, cultural e civilidade para conseguir utilizar um serviço gratuito, mostrando desconhecimento e preconceito grande com a população pobre.
Sâmia Bomfim, deputada federal
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