'Ele ajudava a curar o coração', diz prima de médico assassinado no Rio
A prima de Marcos Corsato, a bióloga Laís Betty Corsato, afirma que o médico era conhecido pelo bom humor e pela disposição para ajudar. Ela e outros familiares do médico, assassinado no Rio de Janeiro na madrugada da quinta-feira (5) em um quiosque da Barra da Tijuca, estão no velório de Corsato, que acontece hoje (7) na capital paulista.
Amigos e parentes lamentam morte
O velório de Marcos Corsato ocorre na avenida Pacaembu, na zona oeste de São Paulo. Uma das primeiras a chegar para a cerimônia, Laís Betty Corsato disse que Marcos Corsato estava sempre disposto a ajudar. "Um pai amoroso com a família, ele tinha uma netinha de um ano."
Laís e Marcos Corsato estudaram juntos na Universidade de São Paulo (USP). "Somos muitos próximos. Ele fez medicina e eu fiz biologia. Treinamos atletismo juntos. Meu pai era corintiano e ele também era. Eles tinham muita conexão."
A prima disse ainda que Corsato vivia a melhor fase da vida. "Ele era diretor de ortopedia e traumatologia, estabilizado financeiramente e pronto para desfrutar da vida."
A hora que você recebe a notícia, não dá para acreditar. Se ele não conseguia resolver alguma coisa física, ele ajudava a curar o coração. Bala errada? É tanta injustiça.
Laís Betty Corsato, prima do médico morto no Rio
Laís afirma que Marcos era conhecido pelo bom humor. "Ele tinha facilidade em deixar o ambiente mais leve.", diz.
A prima de Corsato afirma que tem um projeto de trabalho voluntário para crianças em comunidades no Rio de Janeiro. Uma das últimas vezes que estiveram juntos foi durante uma viagem para Mendonza, em Buenos Aires, para comemorar o aniversário de Laís. "Ele gosta muito de vinho. Não consigo falar no passado."
'Era para meu filho estar no quiosque'
Presente no velório, o médico ortopedista do Hospital das Clínica Marcos Ferreira conta que seu filho Gabriel Ferraz Ferreira, 37, era aluno de Corsato e participava do mesmo congresso no Rio de Janeiro.
"Meu filho era muito amigo do Corsato. Ele não fez companhia para ele no quiosque porque acabou recebendo alguns amigos, mas era para ter ido."
Marcos afirma que congressos médicos são momentos em que profissionais da área se reúnem para trocar conhecimento e confraternizar.
"Se eu estivesse lá, também teria ido com eles no quiosque", disse Marcos Ferreira.
Mulher de Marcos, Vera Lúcia Ferraz Ferreira mostrou uma foto do filho com Corsato.
Naquela noite, não dormi bem esperando notícias do meu filho e no meio da madrugada soube da morte dos colegas. Ele foi professor, amigo e colega de trabalho" Vera Lúcia Ferrar Ferreira, mãe de aluno de Marcos Corsato
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Quero receberA médica Márcia Uchoa de Rezende convivia com Corsato desde 1983. "Ele era a pessoa mais doce do mundo, divertida. Conheço ele desde a faculdade de medicina."
"Quatro médicos não podem tomar cerveja na frente de um hotel? Eles estavam comemorando a vida e matando a saudade dos ex-residentes", disse Márcia.
"Éramos amigos, colegas de trabalho, fazíamos exames anuais juntos", ela contou à reportagem do UOL.
Márcia recebeu a notícia sobre a morte do colega por meio de um grupos de WhatsApp de especialistas em joelho. "Falei: 'É mentira.'"
Márcia afirma que deseja ver a elucidação do crime. "Não quero só investigação. Não quero só o repúdio à violência, não dá para ter todas essas milícias num estado. Precisamos de educação e respeito. A solução não é mais violência."
O que se sabe sobre o caso
Além de Perseu, Marcos de Andrade Corsato, 62, Daniel Sonnewend Proença, 33, e Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, foram alvos do ataque a tiros, ocorrido às 0h59 da quinta-feira (5), na Avenida Lúcio Costa
Marcos Corsato, Perseu Ribeiro Almeida e Diego Bomfim —este último irmão da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP)— morreram na hora.
A quarta vítima, Daniel Sonnewend Proença, foi levada com vida para o Hospital Municipal Lourenço Jorge e, depois, transferido ao Hospital Samaritano Barra. O último boletim de saúde da sexta-feira (6) apontou que ele está estável, "lúcido" e "orientado", e que deve ser submetido a avaliações da equipe de cirurgia nos próximos dias.
Imagens de câmera de segurança mostram o momento em que os criminosos descem de um carro branco, se aproximam das vítimas e atiram. Eles não roubam nenhum pertence e nenhum outro cliente do quiosque é ameaçado.
Até o momento, a principal linha de investigação aponta que os médicos foram mortos por engano no contexto de um conflito envolvendo milicianos e facções na Zona Oeste do Rio. O grupo criminoso que os assassinou mirava Taillon Barbosa, um miliciano adversário de um grupo aliado ao Comando Vermelho, disseram fontes da Polícia Civil do Rio ao UOL.
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