Ataque em escola de SP: Bullying é só parte do problema, diz especialista

O bullying é apenas parte do problema que culmina em ataques como o realizado hoje em uma escola em Sapopemba, na zona leste de São Paulo, na manhã de hoje, afirmou Daniel Cara, professor da FEUSP (Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo), em entrevista ao UOL News desta segunda-feira (23).

O bullying sozinho não explica [os ataques], ele faz parte do fenômeno. O acesso às armas, a proliferação e a permissão do discurso de ódio, o racismo, a misoginia, praticamente todos os crimes relacionados a ataques em escolas mobilizam essas duas chagas da sociedade brasileira.

O professor ainda citou o uso de símbolos nazistas, como a máscara de caveira utilizada durante o ataque de hoje e afirmou que os ataques estão ligados a uma sociedade "que está pautada no ódio e na violência". Também criticou o fácil acesso a armas.

Isso acaba gerando esse tipo de tragédia. O acesso indiscriminado a armas, mesmo com armas legalizadas, como foi o caso do ataque de hoje. Ao que tudo indica, a arma do pai era legalizada, o menino teve acesso a arma e cometeu essa atrocidade. A gente precisa de atitudes do governo que sejam mais assertivas e responsáveis com esse fenômeno.

Ataque em SP mostra falha com vítima e com autor do crime, diz Sakamoto

O ataque a uma escola em São Paulo mostra nossa falha como sociedade tanto com a vítima quanto com o autor do crime, afirmou o colunista do UOL Leonardo Sakamoto. O colunista destacou que o atirador, de 16 aos, já havia registrado que vinha sofrendo bullying e afirmado que faria um ataque. "o que mostrava que a saúde mental dele já não estava bem".

E ele não foi devidamente acolhido e tratado durante esse processo, ninguém acreditou nele e ele acabou comentando esse crime horrível de ter matado a moça e ter tentado tirar a vida de outras durante o processo.

Sakamoto afirmou que o poder público tem falhado em identificar e lidar com problemas psicológicos de adolescentes, o que acaba não levando ao tratamento adequado nas escolas. Ele também criticou a quantidade de armas em circulação.

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O poder público tem falhado em reduzir as armas em circulação. o governo Lula até recadastrou e acabou com o 'liberou geral' do governo Bolsonaro, mas ainda é pouco porque muita arma foi semeada e agora estamos colhendo violência.

Ataques contra escolas

Esse é o 11º ataque em escolas do Brasil em 2023. Pelo menos cinco deles deixaram pessoas mortas.

Na capital paulista, a professora de uma escola estadual foi morta por um estudante de 13 anos no bairro da Vila Sônia, zona oeste da capital. Em Poços de Caldas (MG), um ex-aluno matou um adolescente a facadas. Em Blumenau (SC), o ataque com uma machadinha ocorreu em uma creche e matou quatro crianças entre 5 e 7 anos. Já em Cambé (PR), dois adolescentes morreram.

Em abril, o governo federal anunciou um investimento de R$ 3 bilhões para combater os ataques em escolas. A ideia é que o dinheiro seja revertido em projetos de incentivo à paz nas escolas, de desenvolvimento psicológico, além da infraestrutura.

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