Conteúdo publicado há 6 meses

'Tem muito a dizer', diz nº 2 da Justiça sobre prisão de Zinho

O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, disse que o miliciano Zinho, o mais procurado do estado do Rio de Janeiro, tem "muito a dizer" após sua prisão.

O que aconteceu

Cappelli afirma que Zinho tem "conexões poderosas". "Ele tem muito a dizer, porque sem conexões poderosas dificilmente se estabeleceria como se estabeleceu", disse Cappelli em entrevista à Globonews, afirmando que a milícia domina 1/3 da cidade do Rio. "A gente espera que ele colabore."

Prisão do miliciano "não é o fim". Segundo o secretário, por determinação do presidente Lula, o Rio de Janeiro é prioridade na questão da segurança pública. "Nada se encerra com a prisão dele (...) Essa investigação está começando, é um processo. Hoje você prende o Zinho e se não for desmontada a lógica, surgem outros", explicou.

Para o secretário, Zinho se entregou temendo a própria segurança. "Nenhum bandido se entrega de bom grado na tarde da véspera do Natal. Ele percebeu que era a melhor alternativa para preservar a vida dele naquele momento."

Cappelli ressaltou que a prisão ocorreu "sem nenhum tiro". "As ações recentes da PF no Rio de Janeiro demonstram que estamos no caminho certo. Trabalho de inteligência e integração com a PRF, a Força Nacional e as Forças Armadas fechando o cerco sobre organizações criminosas. Outros resultados virão", disse ele mais cedo no X, o antigo Twitter.

Ministro da Justiça e Segurança Pública disse que a prisão de Zinho é "um importante resultado". Flávio Dino destacou as ações que têm sido realizadas no Rio de Janeiro "no combate às facções criminosas".

Governador do Rio de Janeiro disse que a prisão é "vitória da sociedade". "Essa é mais que uma vitória das polícias e do plano de segurança, mas da sociedade. A desarticulação desses grupos criminosos com prisões, apreensões e bloqueio financeiro e a detenção desse mafioso provam que estamos no caminho certo", disse governador Cláudio Castro (PL).

Preso em unidade de segurança máxima

Zinho é o líder da maior milícia com atuação na zona oeste do Rio. Ele estava estava foragido desde 2018 e tem ao menos 12 mandados de prisão.

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Zinho se apresentou ontem na Delegacia de Repressão a Drogas (DRE/PF/RJ) e do Grupo de Investigações Sensíveis e Facções Criminosas da Polícia Federal (GISE/PF). O UOL recebeu a informação de que a prisão foi formalizada após "tratativas entre os defensores do miliciano foragido com a PF e a Secretaria de Segurança Pública do estado".

Zinho foi encaminhado para o Complexo Penitenciário de Gericinó. Antes disso, ele deu entrada na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, durante a tarde do domingo (24).

No Complexo de Gericinó, Zinho está em uma unidade de segurança máxima. Ele está na Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino, conhecida como Bangu 1.

Os defensores de Zinho não foram encontrados para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

Quem é Zinho?

O comando da maior milícia do Rio passou para as mãos de Zinho após morte de seu irmão Wellington da Silva Braga, o Ecko. O miliciano foi baleado em uma operação policial em junho de 2021 — desde então, Zinho trava uma sangrenta disputa com outros grupos paramilitares, que tentam controlar a organização criminosa. Antes, ele era apontado como o responsável por gerenciar as finanças do grupo, segundo a Polícia Civil.

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As investigações apontam que Zinho era hábil com as contas. Antes de ascender à chefia do grupo, era ele quem contabilizava e lavava o dinheiro originado por atividades ilícitas, incluindo a venda clandestina de sinais de TV a cabo, de gás e de licenças para serviços de transporte.

Zinho tem vários mandados de prisão em aberto. Ele já era procurado pelos crimes de organização criminosa, porte ilegal de arma e associação criminosa.

Em setembro, Zinho foi um dos denunciados pelo Ministério Público pela morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e de um amigo dele. Jerominho teria sido morto após tentar retomar o comando da milícia, que foi fundada por ele. O grupo tem influência em 812 das 833 áreas listadas pela Polícia Civil com a presença de milícias.

Em outubro, a advogada de Zinho, Leonella Vieira, negou as acusações contra ele. Segundo ela, Zinho é vítima de "deduções" do Ministério Público, oriundas do parentesco dele com o ex-chefe da milícia, Ecko.

Sobrinho de Zinho foi morto no fim de outubro. Matheus da Silva Rezende, o Faustão, era número dois da organização (conhecida como "Família Braga" ou "Bonde do Zinho"), e morreu durante troca de tiros com a Polícia Civil em Santa Cruz, também no Rio. Rui Paulo Gonçalves Estevão, mais conhecido no mundo do crime como Profeta ou Pipito, ocupou o lugar de Faustão dentro da milícia. Ao menos 35 ônibus e um trem foram incendiados em represália à morte de Faustão.

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