Cor, clima, vegetação: por que é difícil localizar helicóptero desaparecido
As buscas pelo helicóptero que desapareceu no litoral norte de São Paulo na véspera do Réveillon completaram 10 dias, com mais de 70 horas de operações por ar e por terra e, até o momento, as autoridades não encontraram nenhum sinal da aeronave.
Desafios e dificuldades
Buscar uma aeronave de pequeno porte em uma região de clima e vegetação diferenciada como a do litoral norte, por conta da Mata Atlântica, é uma operação difícil e desafiadora.
A região que abrange o litoral norte possui orla marítima recortada e escarpada, caracterizada por baías, enseadas, esporões rochosos que avançam para o mar e ilhas. Possui uma faixa territorial limitada de um lado pelos contrafortes da Serra do Mar e do outro pelo Oceano Atlântico.
A Serra do Mar em si já é um fator dificultador para qualquer busca aérea ou terrestre. Além do relevo montanhoso — que se divide em escarpas e serras marginais, que se elevam de 500 a mil metros sobre o planalto —, a Mata Atlântica, com sua vegetação densa e árvores de até 70 metros, torna praticamente impossível a visualização de um objeto relativamente pequeno, como um helicóptero, a partir de um avião, por exemplo.
A região é limitante para qualquer aproximação feita por terra. Por essa razão, grande parte das operações vem sendo realizada por ar, em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira).
Cerca de 15 tripulantes treinados fazem parte da equipe do Esquadrão Pelicano, formada por pilotos, mecânicos, observadores, operadores de radar, além de homens treinados para o resgate. Eles têm sobrevoado diariamente a região, em busca de pistas sobre o paradeiro do helicóptero.
Por se tratar de uma aeronave pequena, executamos um protocolo previsto em acordos internacionais, de sobrevoo mais baixo, mais próximo ao solo. Além disso, as pernas (distância entre pontos de monitoramento) são mais próximas.
Tenente-coronel Emanuel Patricio Beserra Garioli, comandante do Esquadrão Pelicano
Segundo o comandante do Esquadrão Pelicano, a aeronave utilizada nas buscas é equipada com sensores, como o de infravermelho, que possibilita a leitura de calor corporal na mata; um radar de busca, com capacidade para rastrear uma área num raio de 360 quilômetros; além de quatro janelas do tipo bolha, projetadas para fora da aeronave, onde ficam os observadores da equipe.
Não temos data definida para o término da busca. Nossas equipes estão focadas, treinadas e motivadas para encontrar o alvo da busca o mais rápido possível. A persistência está sempre presente com a nossa tripulação. Vamos persistir nessa busca até encontrar nosso objetivo
Tenente-coronel Emanuel Patricio Beserra Garioli, comandante do Esquadrão Pelicano
Com todo esse aparato e disposição, por que, então, está sendo tão difícil encontrar o helicóptero desaparecido? Especialista em aviação e piloto de helicóptero há mais de 15 anos, o coronel da reserva Roberto Alves aponta alguns fatores como dificultadores e limitadores das operações de busca:
Cor da aeronave
Pelo fato da Mata Atlântica ser muito densa e com árvores altas, a visualização da aeronave, pintada nas cores cinza e preto, se torna ainda mais difícil. Santos explica que ela não refletirá luz, não se destacará de outros elementos da mata. Assim, a localização de destroços, caso o helicóptero tenha caído, se torna ainda mais difícil.
Ausência de trilhas
Na mata fechada não há trilhas, impossibilitando a circulação por terra. Não é possível para um agente do Corpo de Bombeiros, por exemplo, realizar buscas no meio do mato. Cavando, fazendo trilhas eu uma área com centenas de quilômetros. Além do fato de que há a possibilidade da aeronave ter caído no mar.
Clima muda rapidamente
O clima característico da Serra do Mar, que muda a todo o tempo, é outro fator dificultador na opinião do especialista. Nuvens muito pesadas, encostadas no planalto, que tiram o contato visual com o litoral e, reciprocamente, do litoral com o planalto, dificultam as operações. Sem falar nas chuvas, com precipitações fortes, que obrigam o comando a suspender as operações, por questões de segurança.
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O helicóptero modelo Robinson R44 desapareceu na véspera do Réveillon. Saiu do aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, com destino a Ilhabela, no litoral paulista.
A suspeita inicial é que o sumiço tenha ocorrido na região da Serra do Mar. De acordo com a PM, o veículo decolou às 13h15 e fez o último contato às 15h10.
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