Mulher negra é seguida por funcionários e acusada de furto em loja da Daiso
Uma mulher negra foi acusada de furto e teve a sacola revistada por funcionários de uma loja da Daiso na terça-feira (30).
O que aconteceu
A assistente social Mirian Guedes, 35, foi seguida no Shopping Tucuruvi, em SP, por dois funcionários da Daiso que perguntaram se "por engano" ela teria colocado algo na bolsa. Ela filmou o momento em que a funcionária retira item por item da sacola, mas não encontra nenhum produto furtado.
A funcionária diz que foi alertada por seguranças de que Mirian furtou produtos da loja. Mirian contou ao UOL que, minutos antes, a mesma funcionária lhe abordou na loja para entregar um cesto de compras.
Mirian diz que exigiu ver as filmagens, que supostamente gravaram o furto. Eles voltaram para a loja, onde os funcionários passaram a ignorá-la. "Fiquei 1 hora em pé esperando alguém falar comigo. Ela [a funcionária que a revistou] dava risada, tampava o ouvido, olhava com deboche e falava para eu parar de gritar".
Ela diz que foi apoiada por outros clientes da loja, que também filmaram o ocorrido e pressionaram os funcionários da loja por respostas. "Pessoas que eu nunca vi na vida ficaram comigo".
Um segurança do shopping foi até a loja. Foi quando Mirian abriu a bolsa e jogou todos os itens em cima de um balcão. "O segurança foi bem respeitoso, perguntou se eu queria água, se eu queria sair de lá".
A polícia também foi acionada e chegou no local por volta das 18 horas. Mirian foi levada para a delegacia, mas só conseguiu fazer o boletim de ocorrência às 3 horas da manhã. O caso foi registrado como calúnia, injúria e preconceito de raça ou cor.
Na delegacia, os funcionários da Daiso afirmaram que "foram ofendidos" por Mirian. A informação é da Secretaria de Segurança Pública.
A Daiso não tentou entrar em contato com Mirian. Ela também não conseguiu devolver as compras.
O sentimento é de vergonha, humilhação, porque nunca passei por isso [racismo] declaradamente. Passo pela loja todo dia porque é meu caminho, moro no Jaçanã desde que eu nasci. Depois as pessoas me falaram que me viram naquela hora na escada.
Estou sendo muito acolhida por amigos, conhecidos, mas me sinto estranha. Anestesiada.
Mirian Guedes ao UOL
O que diz a empresa
Nas redes sociais, o perfil da Daiso diz que está averiguando os detalhes do ocorrido, "incluindo a análise de todas as câmeras de segurança, depoimentos e tudo o que for necessário para a apuração dos relatos veiculados". O UOL tenta contato com a empresa.
A empresa diz que repudia todo e qualquer ato de constrangimento, discriminação, preconceito ou racismo. "Tão logo sejam apurados os detalhes do caso agiremos com total integridade e justiça".
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