Médicos são indiciados por cobrar até R$ 2,8 mil de pacientes do SUS em GO

A Polícia Civil de Goiás indiciou seis médicos pelos crimes de associação criminosa, falsidade ideológica e concussão. O grupo é suspeito de cobrar até R$ 2,8 mil de pacientes para fazer procedimentos cobertos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e, portanto, gratuitos.

O que aconteceu

Suspeitos trabalhavam em hospital particular conveniado com o SUS. Os médicos eram funcionários públicos por equiparação e deveriam prestar serviços de assistência à saúde hospitalares, ambulatorial e/ou apoio diagnóstico terapêutico. Os nomes do hospital e dos investigados não foram divulgados.

Médicos exigiam pagamentos por pequenas cirurgias e até partos. Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que os médicos cobravam para realizar procedimentos como angioplastias e cateterismo em pacientes de baixa renda. Os suspeitos também pediam de R$ 1,8 mil a R$ 2,8 mil por cesarianas e acomodação da mãe em leitos de enfermaria.

Investigados podem ter ganhado mais de R$ 1 milhão. Em alguns casos, o paciente chegava ao hospital com a autorização de internação para tratar uma arritmia, mas era informado — erroneamente — de que o SUS não cobria a colocação de stent (usado para desobstruir artérias). A vítima e a família eram convencidas de que deveriam pagar pelo procedimento e, então, transferiam o dinheiro.

Grupo cobrava do município por exames que não existiram. Os suspeitos usavam laudos falsos de eletrocardiogramas para cobrar da SMS de Goiânia por supostos procedimentos de cateterismo realizados em pacientes do SUS, ainda de acordo com a polícia. Os documentos eram idênticos, mas sempre se referiam a dois pacientes diferentes.

Polícia Civil identificou ao menos 305 vítimas. Os crimes aconteceram entre 2014 e 2017. Os seis médicos foram indiciados por associação criminosa, falsidade ideológica e concussão — quando um funcionário público exige vantagens indevidas para si mesmo ou para outra pessoa, direta ou indiretamente. Agora, cabe ao MPGO (Ministério Público de Goiás) decidir se vai ou não apresentar denúncia.

O paciente era encaminhado pela rede municipal de Saúde, com a autorização de internação hospitalar (AIH) já expedida, para tratamento de arritmia no hospital conveniado. Na sequência, o médico investigado informava ao paciente que o SUS não cobria a colocação de stent, convencendo a vítima ou a família a assinar a alta a pedido, e cobrava valores para realização do procedimento.
Trecho de nota da Polícia Civil de Goiás sobre o esquema

O que diz o município

O UOL procurou a SMS (Secretaria Municipal de Saúde) de Goiânia para pedir um posicionamento e ainda aguarda retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

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