'Traição' a Marcola, 'salve' e expulsões: a crise do PCC em cinco pontos

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) de Presidente Prudente (SP), acredita que o PCC (Primeiro Comando da Capital) está rachado e enfrenta sua pior crise em 30 anos de existência.

Segundo o colunista do UOL Josmar Jozino, Gakiya revelou que Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, apontado como o líder da facção, rompeu os laços de amizade e confiança com outros quatro importantes integrantes do grupo e agora eles viraram rivais.

Entenda a crise do PCC em cinco pontos:

1 - Decisões de Marcola desagradaram líderes

Em 2012, Marcola interveio no decreto de morte feito pelo grupo a Marcos Paulo Nunes da Silva, o Baianinho Vietnã. O líder concordou com a exclusão dele do PCC, mas suspendeu o decreto da pena de morte. A atitude desagradou Edilson Borges Nogueira, o Biroska, bem conceituado entre os membros da facção.

Já em 2017, Marcola desagradou outros líderes após a morte de Biroska. Antes de ser assassinado na quadra do banho de sol da penitenciária P2 de Presidente Venceslau, Biroska havia comentado que uma história envolvendo a ex-mulher de Marcola deveria ser investigada e foi acusado de caluniar o chefe do grupo criminoso.

2 - Conflito sangrento no grupo criminoso

13.abr.2020 - Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, ao ser preso
13.abr.2020 - Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, ao ser preso Imagem: Arquivo pessoal

Assassinados a mando de braço direito de Marcola. Em 2018, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, que não é batizado no PCC, mas é considerado braço direito de Marcola, mandou assassinar Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca.

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Início de conflito no PCC. Gegê do Mangue e Paca tinham descoberto que Fuminho, Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, André de Oliveira Macedo, o André do Rap, entre outros, estavam utilizando a estrutura do PCC no Porto de Santos para exportar cocaína ao exterior, mas desviavam droga da organização. O duplo assassinato revoltou a cúpula da facção, especialmente Cego e Tiriça, e desencadeou um conflito sangrento no grupo criminoso.

3 - Marcola "delator"

Em junho de 2022, Marcola chamou Tiriça de "psicopata" em conversa com agentes penais na Penitenciária Federal de Porto Velho. O diálogo foi gravado e o áudio acabou usado por promotores de Justiça no júri de Tiriça. Ele foi condenado a 31 anos e chamou Marcola de delator devido ao vazamento da conversa.

Briga deixou racha interno no PCC evidente. Pouco mais de um ano após o ocorrido, em agosto de 2023, Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Wanderson Nilton Paula Lima, o Andinho (que faziam parte da cúpula do PCC) brigaram a socos e pontapés no pátio de banho de sol da Penitenciária Federal de Brasília, onde também estão confinados Tiriça e Marcola. O embate expôs o racha interno no Primeiro Comando da Capital.

4 - Tentativa de exclusão de Marcola

 Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, e Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loca
Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, e Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loca Imagem: Reprodução/SSP e MP

Recado para Marcola. Já em 2024, Vida Loka e Andinho fizeram as pazes, se uniram a Tiriça e passaram um "salve" (recado) excluindo Marcola e decretando a morte dele do PCC sob a acusação de má condução dos "negócios do Comando", falta de responsabilidade e por agir por interesses próprios.

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5 - Traição e expulsões

Em fevereiro deste ano, um "salve" assinado pela "sintonia final" do PCC comunicou a expulsão de Tiriça, Vida Loka e Andinho do PCC por terem cometido calúnia e traição contra Marcola. A mensagem diz que o áudio da conversa de Marcola, vazado e usado no júri de Tiriça foi analisado pela "sintonia final" e foi constatado que Marcola não fez nada errado.

*Com reportagem publicada em 18/02/2024

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