Sequestrador de ônibus tentava fugir do Rio após briga com facção, diz PM
Identificado como Paulo Sérgio Lima, o homem que sequestrou um ônibus na rodoviária do Rio nesta terça (12) tentava fugir do estado após "desavenças com facção criminosa", segundo a Polícia Militar do Rio.
O que aconteceu
Sequestrador seria "integrante do crime organizado". Em nota, a PM informou que homem era "oriundo da Comunidade da Rocinha" e teria participado de "disputas territoriais" na zona oeste do Rio. Segundo o delegado Mário Andrade, titular da 4ª DP, o suspeito disse ser organizador do tráfico na Muzema e que, no domingo (10), "entrou em desavença" com um traficante na Rocinha.
Homem tinha outras duas passagens na polícia. Uma delas, por roubo, data de 2019. O outro registro é de Rio Novo (MG), mas a polícia do Rio ainda não tem detalhes sobre esta ocorrência. "Ele havia sido preso em 2019 e saído do sistema penitenciário em março de 2022", segundo a PM.
Sequestrador achou que passageiro era policial. "Quando os passageiros estavam entrando no ônibus, ele [suspeito] achou que seriam policiais e fez menção de entregar a arma. O passageiro se assustou, saiu correndo, e ele [sequestrador] efetuou os disparos", relatou o delegado. De acordo com a PM, o homem tentava fugir do Rio de Janeiro para Juiz de Fora (MG).
Passageiro foi atingido três vezes pelos disparos. Identificado como Bruno Soares, seu estado de saúde é considerado grave. Além dele, outro passageiro foi atingido por estilhaços e teria sido atendido em ambulatório no próprio terminal. Os dois estavam fora do ônibus.
Ao todo, 16 pessoas foram feitas reféns. Entre elas, havia uma criança e seis idosos, segundo a PM. Inicialmente, a corporação divulgou que eram 18 reféns, mas corrigiu a informação. O sequestrador manteve as vítimas no ônibus das 15h até as 18h, aproximadamente.
Sequestrador se entregou à Polícia Militar e está preso. "Todos os reféns foram libertados, estão seguros, passam por um atendimento prévio, com bombeiros, para verificar as condições psicológicas e outras coisas mais", disse o porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Marco Andrade.
Suspeito deve ser indiciado por ao menos três crimes. De acordo com o delegado Mário Andrade, o sequestrador pode responder por tentativa de homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado e porte irregular de arma de fogo de uso restrito. Os passageiros, o motorista do ônibus e os policiais envolvidos na ocorrência serão ouvidos pela polícia.
Suspensão das viagens e desespero
Rodoviária Novo Rio suspendeu todas as viagens por cerca de cinco horas. Os passageiros que tinham viagem marcada foram orientados a não ir ao terminal, que fica no centro do Rio. A operação foi retomada às 19h30.
Vídeos feitos por passageiros e funcionários mostram o desespero após o sequestro. O funcionário público Bruno Castro, 44, deveria ter saído no ônibus de 14h35 com destino a Arapiraca (AL), uma viagem de aproximadamente 40 horas. Nesta noite, ele foi informado de que deve conseguir embarcar quando acabar a perícia. Ele estava na plataforma de embarque aguardando o ônibus que vinha de São Paulo quando ouviu os disparos.
Quando ouvi, me afastei um pouco. Começou um corre-corre, me afastei. O Bope posicionou e começou a evacuar o pessoal. Eu tava la fora até agora. Meu ônibus ta na garagem, ta vindo pra cá e to aguardando perícia pra poder descer.
Bruno Castro, funcionário público
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