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Polícia aguarda vídeo de câmeras de PMs que atenderam ocorrência do Porsche

A Polícia Civil de São Paulo divulgou neste sábado (6) que fez o pedido das imagens das câmeras corporais dos policiais militares que atenderam a ocorrência da colisão de um Porsche contra um Sandero, que matou um motorista de aplicativo na madrugada do último domingo (31).

O que aconteceu

Imagens dos PMs que estiveram no local do acidente ainda não foram entregues pela Polícia Militar. Em entrevista coletiva, o delegado assistente da 5ª Seccional Leste, Carlos Henrique Ruiz, disse que o pedido foi feito através de uma plataforma da PM. "Nós solicitamos as eventuais imagens, elas serão analisadas", disse.

Apesar da solicitação, o delegado ainda não sabe se os agentes estavam com as câmeras ao atenderem o caso. O condutor do Porsche, Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, deixou o local do acidente com a mãe dele após liberação dos policiais militares. O motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52, morreu após a colisão.

Polícia Civil têm imagens da casa de pôquer e do bar onde o motorista e amigos estiveram antes do acidente. O delegado explicou que os HDs com os registros foram lacrados e encaminhados ao Instituto de Criminalística para análise. "A gente tem que manter a integridade das imagens para não ter qualquer alegação de adulteração e cortes", disse ao Brasil Urgente (TV Bandeirantes).

Depoimento da namorada de condutor deve acontecer na próxima semana. Uma testemunha ouvida pela polícia sob sigilo disse ter visto uma garrafa no carro depois do acidente. "Uma pessoa que bebe, dirige e mata outra pessoa tem que sofrer uma punição exemplar", declarou Ruiz.

Defesa de Fernando disse que não teve acesso aos autos do inquérito ainda. Por isso, a advogada Carine Acardo Garcia declarou que não comentaria o caso. Porém, os advogados de Fernando têm dito que ele não fugiu e só deixou o local com autorização dos policiais militares que atendiam a ocorrência e que é "prematuro" julgar as causas do acidente, já que os laudos periciais não foram concluídos. Ele se apresentou à polícia na tarde de segunda-feira (1º), 38 horas após ter deixado o local do acidente.

Polícia fez novo pedido de prisão de condutor

Polícia Civil pediu a prisão preventiva (por tempo indeterminado) de Fernando. Delegado Nilson Vinicius Alves, do 30º DP (Tatuapé), argumenta que motorista tem "poder aquisitivo elevado" e pode ameaçar ou subornar testemunhas. No pedido, o delegado ainda afirma que o homem poderia forjar provas em seu favor e fugir. Andrade Filho vem de uma família de empresários que atua no ramo imobiliário e é sócio em duas empresas, segundo a polícia.

Ministério Público de São Paulo emitiu parecer favorável ao pedido de prisão preventiva neste sábado. Caso Justiça não acolha o pedido de prisão, o órgão pede que a CNH dele seja suspensa e o passaporte apreendido.

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MP solicitou que juiz estipule fiança de R$ 500 mil para o caso, "em virtude da alta capacidade financeira do investigado". O poder aquisitivo do motorista também foi citado no pedido de prisão. Andrade Filho vem de uma família de empresários que atua no ramo imobiliário e é sócio em duas empresas. A Justiça ainda não se manifestou sobre o novo pedido até a noite deste sábado (6).

Justiça negou pedido de prisão temporária logo após o acidente. A juíza plantonista Fernanda Helena Benevides Dias reconheceu a "gravidade dos fatos" e disse ser possível verificar a alta velocidade com que Andrade Filho dirigia, mas escreveu que a polícia não justificou os requisitos legais necessários para que a medida fosse decretada.

O que se sabe sobre o caso

Acidente aconteceu na avenida Salim Farah Maluf, zona leste de São Paulo. Testemunhas contaram à polícia que Andrade Filho fez uma ultrapassagem em alta velocidade, perdeu o controle e colidiu com traseira do Sandero.

Motorista negou ter bebido e disse que estava "um pouco" acima do limite de velocidade permitido na via, que é de 50 km/h. Um perito ouvido pela coluna de Paula Gama no UOL afirmou que o Porsche estava a mais de 130 km/h.

Namorada de amigo disse que Andrade Filho bebeu e estava "alterado". Em depoimento à polícia, ela disse que Fernando foi aconselhado pela namorada a não dirigir. Os dois casais jantaram naquela noite e foram a uma casa de pôquer depois. A defesa diz que ele estava alterado por causa da discussão com a namorada. Uma testemunha do acidente diz que o motorista cambaleava e tinha voz pastosa.

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O motorista de aplicativo foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Ele foi levado pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde deu entrada com quadro de parada cardiorrespiratória. A morte, segundo o médico que o atendeu, ocorreu devido a traumatismos múltiplos.

Passageiro do Porsche está na UTI e precisou retirar o baço. Segundo a namorada de Marcus Vinicius Rocha, o rapaz decidiu acompanhar o amigo para que ele não fizesse nada de errado na direção. Ela e a companheira de Fernando estavam em outro veículo.

Mãe do motorista foi ao local do acidente e o levou embora. Daniela Cristina de Medeiros Andrade informou aos policiais que levaria o filho ao hospital devido ao leve ferimento que ele apresentava na região da boca. Eles foram até o local indicado para realizar o teste do bafômetro, mas o motorista não foi encontrado. Em depoimento à Polícia Civil, ela disse que não levou filho a hospital porque se medicou e dormiu.

A Polícia Militar informou que vai averiguar um "possível erro operacional" no caso. A Ouvidoria enviou ofícios para averiguar atuação de agentes envolvidos na ocorrência.

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