Sociedade condenou minha mãe, diz filho de mulher presa com idoso em banco

Um dos filhos de Erika de Souza Vieira Nunes, 42, presa desde terça-feira (16) após ser flagrada com um idoso morto em uma cadeira de rodas enquanto tentava sacar um empréstimo em uma agência bancária no Rio de Janeiro, diz que a mãe vem sendo julgada injustamente pela sociedade desde que o vídeo do caso viralizou.

O que aconteceu

Erika tinha problemas psiquiátricos e fazia uso abusivo de medicamentos controlados, diz filho. "Ela tomava medicamentos para dormir. Mas estava fazendo uso abusivo desses remédios e transitava entre realidade e alucinações", disse o bombeiro Lucas Nunes dos Santos, 27, filho de Erika, em entrevista ao UOL. O problema já havia sido relatado pela advogada Ana Carla de Souza, que a representa.

Mãe estava dopada e desorientada quando relatou por telefone a morte, ainda no banco, diz Lucas. "Ela ligou chorando e disse: 'meu tio faleceu, estamos no banco'. Mas não conseguia falar de forma coerente, parecia desorientada. Como ela estava dopada, não dava para entender direito", contou o filho de Erika ao citar a morte de Paulo Roberto Braga, 68.

Filhas adolescentes de Erika presenciaram quando ela saiu de casa com Paulo, diz a família. "Uma delas tem só 14 anos e é especial. A outra tem 17 anos e ainda está muito abalada para falar sobre o que aconteceu", afirmou Lucas.

Filho não conseguiu ver a mãe desde que caso veio à tona. "Mas acreditamos que a Justiça irá conceder o pedido de revogação da prisão para que ela possa responder em liberdade".

Estamos lidando com dois sofrimentos. Primeiro, com o luto pela morte do nosso tio e com a forma macabra como trataram a imagem dele depois que o caso viralizou. E, também, com o que estão fazendo com a minha mãe. É desumano. A sociedade já condenou minha mãe, como se tivesse certeza que ela cometeu um delito. Minha mãe é inocente.
Lucas Nunes dos Santos, filho de Erika

Estado de saúde de Paulo Roberto Braga, 68, piorou rapidamente após internação, diz família
Estado de saúde de Paulo Roberto Braga, 68, piorou rapidamente após internação, diz família Imagem: Arquivo pessoal

Piora após a internação

Estado de saúde de Paulo teria piorado após internação. "Ele estava bem antes de ser internado. Minha mãe o visitou todos os dias. Depois, ele voltou debilitado. Foi algo bem repentino", disse Lucas. O idoso teve "pneumonia não especificada" dependente de oxigênio e ficou internado de 8 a 15 de abril na UPA de Bangu, indica o prontuário médico. Ele morreu um dia depois de ter alta hospitalar.

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Apesar de problemas com álcool, Paulo era independente e benquisto na família. "Ele ajudou a criar a minha mãe. Morava com a gente desde quando eu era garoto. Ele tinha problema com álcool. Muitas vezes, estava embriagado. Mas vivia a vida dele normalmente", relatou o filho de Erika.

Vascaíno fã de futebol, Fórmula 1 e Roberto Carlos. "Era um sujeito brincalhão, extrovertido e criativo. Gostava de caminhar, de pegar o sol da manhã. E sempre foi família. São memórias que vão permanecer para sempre na nossa vida".

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