Mourão defende liberar dívida do RS e orçamento de guerra após chuvas
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) defendeu a criação de um orçamento de guerra que receba direcionamento de emendas parlamentares para lidar com as inundações no Rio Grande do Sul. Mourão foi entrevistado no UOL News da manhã de hoje (6).
Há uma série de medidas que o parlamento terá que operar em regime de emergência, como aconteceu durante a pandemia, para que o governo possa liberar os recursos na velocidade necessária. Se não, vai acontecer de levar 15, 20, 30 dias e, nesse meio-tempo, perdermos mais vidas e não conseguirmos um processo de retorno à vida normal no Rio Grande do Sul.
Mourão se reúne hoje com senadores da casa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para levantar o que pode ser feito pelas vítimas das enchentes. Segundo o senador, o objetivo do encontro é criar com o governo federal ações "para romper o cerco e a burocracia que sempre colocam nessas horas e conseguir com que o recurso necessário chegue o mais rápido possível nas mãos de quem precisa".
Também julgamos importante que o governo liberasse o pagamento da dívida do estado do Rio Grande do Sul, que é um dinheiro que já está na mão, e que poderia empregar sem a necessidade de transferência de recursos por parte do governo federal. E talvez a necessidade de criar um orçamento de guerra.
Na minha visão, [o orçamento de guerra] seria algo extra ao orçamento que está funcionando este ano. Por isso, tem que ser votado via medida provisória ou algum outro instrumento legal, de modo que tenha esse recurso efetivamente separado para o Rio Grande do Sul [...] Nessa hora, todo mundo tem que colocar um pouco [de dinheiro], nós, parlamentares, podemos retirar parte do recurso de nossas emendas e direcionar para este esforço.
Ele também afirmou que, historicamente, o brasileiro não se preocupa com a prevenção de desastres.
O que existe no Brasil, e essa é uma realidade, é que a prevenção não é algo que se trabalha nesse país. É histórico isso. Brasileiro não gosta de trabalhar em prevenção. Quando acontecem os incidentes, fica aquela situação de todo mundo [reclamar].
Acho que é tarefa aqui, nossa, dentro do parlamento, fazermos avançar um projeto nacional que dê resiliência aos eventos climáticos no país. O que está acontecendo no Rio Grande do Sul pode acontecer no Rio de Janeiro e na Amazônia.
Chuvas deixaram mais de 80 mortos no RS
A Defesa Civil informou que subiu para 83 o número de mortos em razão das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul. A atualização é da manhã desta segunda-feira (6).
Mais de 850 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas no estado. São 111 desaparecidos e 276 feridos, segundo o boletim da Defesa Civil Estadual. Ao menos ficaram 121.957 desalojadas e 19.368 estão em abrigos.
Dos 497 municípios gaúchos, 345 sofreram alguma consequência dos temporais. Na região metropolitana de Porto Alegre, a água deixou pessoas ilhadas e fechou hospitais em Canoas. O clima é de "zona de guerra".
Nível do Guaíba era de 5,27 metros, às 8h desta segunda. Os dados são da régua da Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente), SGB (Serviço Geológico do Brasil) e UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). No sábado (4), ele já havia superado a marca atingida no ano de 1941 (de 4,76 metros de altura), quando inundou grande parte do centro da capital gaúcha.
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