Conteúdo publicado há 6 meses

Chuvas no RS: Defensoria cobra R$ 50 mi da Cobasi após morte de 40 animais

A Defensoria Pública do Rio Grande do Sul ajuizou ação de R$ 50 milhões contra a Loja Cobasi após a morte de mais de 40 animais durante o alagamento que atingiu dois estabelecimentos da marca em Porto Alegre.

O que aconteceu

Defensoria fez pedido de indenização por danos ambientais, à saúde pública e psicológicos à coletividade. Em uma das lojas, ao menos 38 animais — entre aves, pássaros e roedores — morreram afogados no subsolo do Shopping Praia de Belas no dia 3 deste mês, enquanto os computadores foram guardados no mezanino para evitar que a água os atingisse, segundo constatou Polícia Civil após vistoria à petshop na semana passada.

Gerente da loja afirmou que teria deixado água e comida para os animais, mas não voltou ao shopping, diz Defensoria. "A responsável também confirmou que equipamentos eletrônicos foram colocados em carrinhos de compras no mezanino, que ficou intacto, enquanto os animais ficaram no andar debaixo", afirma a Defensoria.

Com base em relato de testemunhas, o órgão afirma que era possível retirar os animais nos dias seguintes. Contudo, a Cobasi não tomou nenhuma medida para tentar salvar os animais.

Em resposta, a Cobasi falou de "indenização absurda", disse que a Defensoria Pública foi precipitada e leviana e que agiu "à margem da correta apuração dos fatos". Afirmou ainda que os animais foram colocados em "altura razoável" em relação ao piso, mas que as chuvas foram "muito mais violentas que o esperado".

Fica evidente que a [Cobasi] teve cinco dias para tirar os animais de forma segura. Porém, mesmo observando o nível da água subir, nada fez. Nenhuma testemunha menciona ter visto algum funcionário da loja ir até o local conferir os animais, sequer para ver se tinham comida e água.
João Otávio Carmona Paz, defensor público do RS

Todos os animais foram colocados em altura razoável em relação ao piso, caso houvesse a entrada de água nas dependências da loja. Ocorre que, contrariando todas as expectativas, as chuvas foram muito mais violentas do que o esperado.
Cobasi, em nota enviada ao UOL

Ativistas evitaram mais mortes, diz Defensoria

Ação de ativistas evitou mais mortes em outra loja, segundo a Defensoria. Em outro comércio da Cobasi, os funcionários fecharam o estabelecimento sob a alegação de ter deixado comida e água para cinco dias, mas não voltaram ao local por uma semana. "O resultado só não foi o mesmo da unidade que fica no shopping porque ativistas entraram na loja e retiraram os animais. Mesmo assim, quatro já haviam falecido", diz o órgão.

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A Cobasi diz que os animais foram remanejados em shopping, mas água superou o esperado. O petshop divulgou um comunicado dizendo que a loja precisou ser evacuada de forma emergencial, de acordo com as autoridades locais. Mas a gerência entendeu que não havia risco de inundação porque água estava estabilizada.

A Cobasi lamenta profundamente o ocorrido. A empresa ressalta ainda que está colaborando com as investigações realizadas pelas autoridades e que irá comprovar todas as informações relatadas acima nos autos.
Trecho de comunicado

Em nota, o Shopping Praia de Belas disse que comunicou a Cobasi em relação ao risco de "alagamento severo" da loja. O shopping ainda afirma que ofereceu toda assistência necessária para acesso ao local.

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul instaurou inquérito para investigar as circunstâncias que levaram à morte dos animais. "Tentamos identificar se teve responsabilidade de alguém, se alguém decidiu e como foi essa decisão de retirada ou não dos animais", afirmou a delegada Samieh Saleh, responsável pela investigação.

Suspeitos podem responder por crime de maus-tratos e ser condenados a até 1 ano de prisão. Se houvesse cachorros ou gatos, explica a delegada, a pena poderia chegar a 5 anos.

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