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IBGE: 8 em cada 10 quilombolas vivem com saneamento básico precário

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 79% da população quilombola convive com problemas de fornecimento de água, coleta ou tratamento de esgoto. Os dados, divulgados nesta sexta-feira (19), são do recorte das características dos domicílios e localidades quilombolas do Censo 2022.

O que aconteceu

A precariedade do saneamento básico atinge 1.047.779 pessoas quilombolas em todo o Brasil. Se levar em conta toda a população do recorte (1.330.186), 79% das pessoas que se consideram quilombolas têm problemas com água ou coleta e tratamento de esgoto ou lixo.

A abordagem de análise do IBGE tem como base o Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico). Da população total residente no país, 27,2% sofrem com precariedade nos serviços de esgoto e fornecimento de água.

Territórios quilombolas têm situação ainda mais precária. Em TQs (Territórios Quilombolas oficialmente delimitados), 90% dos moradores têm problemas com saneamento básico. São 167.202 quilombolas residindo nos territórios e 150.822 convivem com o problema.

Dos 150 mil, 29,5% convivem com as três principais formas de precariedade em saneamento básico. Entre a população quilombola geral, 21,9% convivem com problemas de falta de água tratada, coleta e tratamento de esgoto. Entre a população geral do Brasil, 3% encontravam-se na condição.

Dificuldade de acesso à água potável

Para ter acesso à água potável, a população quilombola usava, majoritariamente, a rede geral de distribuição, 54%. No entanto, ainda se observa a presença de poço profundo e artesiano (20,5%) e poço raso ou cacimba (8,6%).

Dentro dos Territórios Quilombolas, por sua vez, apenas 33,6% dos moradores utilizavam a rede geral. Outros 31,85% utilizavam poço profundo ou artesiano, enquanto 10,48% usavam poço raso, freático ou cacimba.

Falta de água encanada também afeta quilombolas em maior proporção. Nos Territórios Quilombolas oficialmente delimitados, 18,2% declararam não ter água encanada. Essa proporção é de 13% para o total da população quilombola e de 2,3% para o total da população residente no Brasil.

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De toda a população quilombola, 227.667 pessoas residem em domicílios sem banheiro. A situação se agrava para quilombolas em territórios delimitados, onde 41.493 (24,7%) moradores não contam com banheiro exclusivo. Na análise da população total do Brasil, 2,2% viviam na situação.

Principal forma de esgotamento sanitário para a população quilombola era "fossa rudimentar ou buraco", segundo o Censo. Para 57,6% das pessoas do grupo, esse era o principal destino para o esgoto produzido. "Fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede" eram usadas por 15% da população do recorte. Pessoas sem banheiro ou sanitário somavam 4%. Em comparação, para a população geral do Brasil, a principal forma de esgotamento é a rede geral, pluvial ou ligada à rede (62,5%).

Apesar dos dados mostrarem que a rede está alcançando a população como um todo, em relação aos quilombolas ainda tem muito uso de fossa. Muitos desses territórios com destinação de esgoto para rios córregos e mares também dependem destes rios e córregos para abastecimento de água. Então pode haver uma vulnerabilidade muito grande.
Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE

Destino do lixo

Maior parte da população quilombola em território delimitado usava o fogo para descartar seu lixo. Segundo o IBGE, para 65,4% dos moradores, a principal forma de descarte do lixo informada foi "queimada na propriedade".

Para os moradores quilombolas como um todo, 51,2% tinham coleta direta do lixo. Destes, 44,4% têm coleta no domicílio e 6,8% depositavam os dejetos em caçamba.

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Em comparação, a população total do Brasil tem muito mais acesso à coleta direta ou indireta do lixo. Dos 90,9% dos brasileiros que contavam com o recurso, 82% dos brasileiros têm a coleta em casa e 8,3% depositam em caçambas. Dos brasileiros em sua totalidade, 7,8% queimam seu lixo.

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