Lewandowski demite agente da PRF que ensinou método de tortura em curso
O ministro da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, demitiu o agente da PRF Ronaldo Bandeira, que ficou conhecido em 2022 após aparecer ensinando um método de tortura para alunos de um curso.
O que aconteceu
O policial foi demitido por infringir o artigo 117 da lei sobre o regime jurídico dos servidores públicos. Segundo a portaria, o agente participou de gerência ou administração de sociedade privada.
A demissão foi publicada no Diário Oficial em 25 de julho, mas repercutiu nesta segunda-feira (19) após apuração da TV Globo. O UOL confirmou a informação.
Ronaldo lamentou a demissão em uma publicação nas redes sociais. "Após muitas provas e diligências havia sido também absolvido de forma ampla. Porém, após um pedido de reabertura (por qual motivo? Não sei!) conseguiram me demitir da instituição —então, quero dar os parabéns a todos os envolvidos que neste momento devem estar comemorando", diz um trecho.
Ele disse que se dedicaria à empresa que lançou para cursos online. "Agora posso deixar a empresa mais forte e, agora sim, cuidar e administrar (como nunca fiz) a empresa e entregar o melhor aos alunos".
O agente da PRF foi suspenso por 90 dias em abril, quando Lewandowski entendeu que ele havia violado o dever de lealdade infringido o artigo 116 da mesma lei. À época, a corporação informou que cumpriria a determinação.
Em outubro de 2023, a própria PRF pediu a demissão de Ronaldo Bandeira. A corporação informou na época que ele havia sido alvo de um processo administrativo disciplinar, no qual a corregedoria geral recomendou sua demissão.
Spray de pimenta
Em 2022, começou a circular pelas redes sociais um vídeo em que Ronaldo Bandeira descreve aos alunos a prática de uma tortura durante uma aula para concurseiros de carreiras policiais. Nas imagens, o agente conta como teria colocado um preso em uma viatura e o deixado "mansinho" com uma rajada de spray de pimenta, fechando o compartimento em seguida.
O método se assemelha ao utilizado naquele ano, em Umbaúba (SE), pelos agentes da PRF que mataram Genivaldo Santos, de 38 anos. Genivaldo foi trancado na viatura com gás lacrimogêneo e os agentes não abriram a porta apesar dos gritos da vítima. Ao UOL Bandeira disse que a cena descrita foi um "exemplo fictício", que ele nunca praticou, e classificou a fala como "uma brincadeira infeliz de sala de aula".
Na época do vídeo, em 2016, o policial trabalhava para a Alfacon Concursos, uma empresa de Cascavel (PR) que prepara concurseiros em busca de vagas nas forças policiais. Em 2018, após deixar a Alfacon, Bandeira abriu sua própria empresa de cursos online.
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