Quem é agente da PRF que ensinou tortura e foi demitido por Lewandowski
Ronaldo Bandeira foi demitido do cargo de policial rodoviário federal pelo ministro da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, acusado de administrar empresa privada, o que é vedado ao servidor público. Ele é dono da plataforma de cursos online RB Carreiras Policiais.
Vídeo sobre tortura
Bandeira ficou conhecido em 2022, quando começou a circular um vídeo nas redes sociais em que o ex-policial descrevia a prática de uma tortura. A fala aconteceu em 2016 para alunos da Alfacon Concursos, empresa de Cascavel (PR) onde o ex-agente trabalhava.
Nas imagens, ele conta como teria colocado um preso em uma viatura e o deixado "mansinho" com uma rajada de spray de pimenta, fechando o compartimento em seguida. A declaração repercutiu porque, em 2022, Genivaldo Santos, 38, foi morto em Umbaúba (SE) vítima de um método semelhante.
Na época, ao UOL, Bandeira disse que a cena descrita foi um "exemplo fictício". O ex-policial afirmou que nunca praticou a tortura, e classificou a fala como "uma brincadeira infeliz de sala de aula". A Alfacon afirmou que "repudia qualquer tipo de violência, seja física ou psicológica, contra civis", e que o discurso feito por Bandeira não está "em alinhamento com os treinamentos pelos quais todos os educadores são submetidos ao ingressarem no corpo docente".
Plataforma de cursos
Na época do vídeo, em 2016, Ronaldo Bandeira trabalhava para a Alfacon Concursos, que prepara concurseiros em busca de vagas nas forças policiais. Em 2018, após deixar a Alfacon, ele abriu sua própria empresa de cursos online.
Bandeira começou na PRF em 2011. A empresa RB Carreiras Policiais foi registrada em 2018, em Balneário Camboriú (SC), e a plataforma oferece cursos para algumas corporações, como PF, PC-SC, PRF e Seap-RJ.
Nas redes sociais, o ex-policial alterna publicações sobre vida fitness com posts relacionados a concursos. Em uma das publicações, ele lamenta a demissão da PRF.
O ex-policial sugere que foi vítima de perseguição. "Após muitas provas e diligências havia sido também absolvido de forma ampla. Porém, após um pedido de reabertura (por qual motivo? Não sei!) conseguiram me demitir da instituição —então, quero dar os parabéns a todos os envolvidos que neste momento devem estar comemorando", diz um trecho.
Demissão
Ronaldo Bandeira foi demitido por infringir o artigo 117 da lei sobre o regime jurídico dos servidores públicos. Segundo a portaria, o agente participou de gerência ou administração de sociedade privada.
A demissão foi publicada no Diário Oficial em 25 de julho, mas repercutiu nesta segunda-feira (19) após apuração da TV Globo. O UOL confirmou a informação.
O agente da PRF foi suspenso por 90 dias em abril, quando Lewandowski entendeu que ele havia violado o dever de lealdade infringido o artigo 116 da mesma lei. À época, a corporação informou que cumpriria a determinação.
Em outubro de 2023, a própria PRF pediu a demissão de Ronaldo Bandeira. A corporação informou na época que ele havia sido alvo de um processo administrativo disciplinar, no qual a corregedoria geral recomendou sua demissão.
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