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Filha de Ronnie Lessa diz que cogitou mudar de sobrenome: 'Difícil perdoar'

Mohana Lessa, filha do ex-policial militar Ronnie Lessa, disse ter cogitado mudar de sobrenome para não ser associada ao pai, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

O que aconteceu

"Ver a imagem dele me embrulha o estômago", disse Mohana. Em conversa com o blog Segredos do Crime, do jornal O Globo, a filha de Lessa contou ser difícil olhar para o pai e que já pensou em tirá-lo da sua identidade. "Mas ele é meu pai, e nunca deixará de ser", afirmou a jovem de 28 anos. "As coisas nunca serão como antes. Agora ele tem que assumir e pagar pelo que fez".

Filha era 'defensora ferrenha' de Lessa até a delação. Mohana disse que acreditava na inocência do pai e que chegou a estudar "minuciosamente" os processos para ajudá-lo com a defesa.

"O endereço da Rua do Bispo, no dia 12 [de março de 2018], era a pior prova contra ele até então. Eu não conseguia aceitar isso, mas continuei sendo sua defensora ferrenha", reconheceu, citando uma pesquisa pelo endereço de Marielle feita por Lessa dois dias antes do crime.

Jovem afirmou que faz terapia e toma remédios controlados. O tempo dedicado ao pai levou Mohana a engordar 50 quilos. "Tenho doenças como TOC [transtorno obsessivo-compulsivo] e tricotilomania [impulso incontrolável e frequente de arrancar fios de cabelo e pelos do corpo] que se agravaram muito", revelou. "Minha mãe tem muita mágoa do meu pai por tudo que passamos por causa dele".

Passei cinco anos defendendo-o, até ele fazer a delação. Fiquei em choque. (...) Ninguém quer ter o nome associado ao meu pai. Eu mesma continuo visitando o meu pai por ser filha dele. Não posso abandoná-lo, é meu pai. Estou levando as coisas para ele na cadeia. É diferente. Não consigo olhar para ele, nem o beijar mais. Ele era meu herói. Embora eu seja religiosa, perdoá-lo é complicado. É difícil perdoar.
Mohana Lessa, ao jornal O Globo

Emoção de Lessa

Ex-PM se emocionou ao falar da filha na audiência virtual do STF. Na quarta-feira (28), Ronnie Lessa confessou ter mentido para a filha sobre o crime durante cinco anos e meio. "Ela vinha me visitar. Quando falei para ela 'foi o papai, sim', ela começou a chorar, eu chorei junto", contou o réu a uma das advogadas das famílias das vítimas.

Depoimentos fazem parte de uma série de audiências de instrução. As sessões foram iniciadas no último dia 12, no âmbito da ação penal sobre as mortes, e Lessa depôs nos dias 27, 28 e 29 de agosto. O ex-PM Élcio Queiroz, que dirigia o carro usado na emboscada contra Marielle e Anderson, será ouvido nesta segunda-feira (2).

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