Organizações repudiam morte de criança em ação da PM em SP: 'Inadmissível'
Organizações para promoção de direitos humanos e segurança pública emitiram nota de repúdio após uma criança e um adolescente morrerem durante uma operação policial em Santos, no litoral paulista, na noite de terça-feira (5).
O que aconteceu
As organizações classificaram como "inadmissível" a atuação das forças policiais. Além de organizações de direitos humanos e segurança pública, assinam a nota de repúdio o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), a deputada estadual Ediane Maria (PSOL), a Bancada Feminista (PSOL) e a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo.
"Este tem sido o resultado cada vez mais comum da atuação violenta e desmedida da PMESP em bairros pobres e nas periferias do estado", diz o comunicado. Segundo os grupos ativistas, as mortes não representam um "incidente isolado", mas uma "consequência de um modo de atuação pautado pelo conflito e uso de força desmedida".
Assinam a carta o Centro de Direitos Humanos e Educação Popular, a Associação AMPARAR, a Comissão Arns, Conectas Direitos Humanos, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Instituto Sou da Paz, Instituto Vladimir Herzog, Movimento Independente Mães de Maio e a Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio.
Além das mortes desta semana, a carta relembra outras mortes decorrentes de intervenção policial. Em abril, uma criança de 7 anos perdeu a visão após ser atingida por um disparo enquanto ia para a escola em Paraisópolis. A Operação Escudo/Verão também foi citada.
Entre o fim do ano passado e os quatro primeiros meses deste ano, a Polícia Militar de São Paulo deflagrou operação na Baixada Santista. À época, 56 pessoas morreram. A polícia emitiu nota narrando que as vítimas ofereceram resistência a ação.
Criança e adolescente mortos
Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos de idade, e Gregory Ribeiro Vasconcelos, de 17, foram mortos durante uma operação da Polícia Militar. Ryan foi morto enquanto brincava na noite de terça-feira (5) em uma comunidade de Santos.
Ryan era filho de Leonel Andrade, homem fotografado de muletas e sentado na calçada, um hora antes de ser morto na Operação Verão, há 9 meses. A família nega confronto, mas a PM sempre afirmou que Leonel Andrade Santos atirou contra os policiais.
Polícia Civil disse que abriu inquérito para apurar a origem do disparo que matou a criança. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que fará perícia nas armas apreendidas dos policiais militares envolvidos na ocorrência e no local onde a criança foi baleada. Segundo a PM, sete policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas.
PM disse que fazia patrulhamento quando foi atacada por um grupo de dez suspeitos e revidou disparos. Além de Ryan e Gregory, um adolescente de 15 foi baleado na ação e está internado. Moradores contestam a versão da PM e negam o confronto.
A gente estava na rua, as crianças estavam brincando. Quando a polícia começou a atirar, a gente saiu correndo. Quando vi, tinha muito sangue no chão. E era do meu filho, que tinha sido baleado. Estou arrasada, eu perdi um pedaço de mim.
Beatriz da Silva Rosa, mãe de Ryan
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