Como é teste psicológico que reprovou PM que matou jovem negro em SP
Vinicius de Lima Britto, policial que matou um jovem negro com 11 tiros pelas costas em frente a um mercado no Jardim Prudência, Zona Sul de São Paulo, na noite do dia 3 de novembro, havia sido reprovado por descontrole emocional no exame psicológico da Polícia Militar de São Paulo.
Como é o exame
Etapa crucial do processo seletivo. O exame psicológico da PM-SP é uma etapa crucial do processo seletivo, destinada a avaliar se os candidatos têm o perfil comportamental adequado para as exigências da função policial. Recentemente, a avaliação foi estruturada em três dias distintos, cada um com foco em diferentes aspectos psicológicos e comportamentais.
Cada etapa do exame tem foco próprio de avaliação: testes de personalidade, de aptidão e entrevista psicológica. Os testes psicológicos mais comuns nesses concursos incluem o teste palográfico, TAC (Teste de Atenção Concentrada), teste de raciocínio lógico e os inventários de personalidade, segundo artigo publicado no site especializado do curso preparatório em carreiras militares General Telles Pires.
Os candidatos devem demonstrar traços psicológicos compatíveis com o perfil desejado pela Polícia Militar. Tais como estabilidade emocional, autocontrole, resiliência, trabalho em equipe, disciplina, empatia e assertividade.
Primeiro dia: testes coletivos
Teste Palográfico: avalia ritmo, organização e persistência por meio de traços verticais repetidos. É também conhecido como "teste dos pauzinhos".
Testes de Bateria: compostos por mais de cem questões, medem traços de personalidade e preferências em uma escala de concordância.
Testes de Inteligência Não Verbal: consistem em identificar padrões lógicos em figuras, medindo raciocínio lógico e memória.
Testes de Atenção e Memória: avaliam a capacidade de concentração e retenção de informações.
Segundo dia: teste PMK
O segundo dia é dedicado ao teste PMK, conhecido por sua complexidade. Nesse exame, o candidato deve realizar desenhos e rabiscos enquanto sua visão é bloqueada, simulando situações de ansiedade e avaliando a capacidade de manter o controle emocional sob pressão. Segundo o site Concurso.PM, a etapa foi reintroduzida recentemente, tornando o exame psicológico mais rigoroso.
Em um vídeo publicado no YouTube, Leandro Fajan, orientador do curso, comenta sobre a dificuldade do teste. "O PMK já era um teste aplicado antes da pandemia e é considerado o grande terror do candidato. Você começa a fazer rabiscos, sua visão é bloqueada, e precisa continuar sem ver o que está fazendo. Isso gera bastante ansiedade."
Outra possibilidade é a aplicação do teste Zulliger, comum em outros concursos da PM. Esse exame é parecido com o teste de Rorschach, no qual o candidato analisa borrões em figuras e descreve o que consegue identificar.
Terceiro dia: entrevista individual
A última etapa do exame é a entrevista individual. Essa fase é conduzida por psicólogos e avalia aspectos comportamentais e a adequação emocional do candidato para o cargo. Segundo o site Concursos.PM, perguntas como "Você tem medo da morte?" e "Por que quer ingressar na PM?" são frequentes, buscando compreender as motivações e a estabilidade emocional do candidato.
O candidato deve estar preparado para discutir sua vida pessoal, experiências profissionais e motivações para ingressar na Polícia Militar, na visão dos cursos preparatórios. "Responda com clareza e confiança, mas mantenha a sinceridade. Se possível, procure a ajuda de um psicólogo especializado em preparação para concursos", sugere artigo do curso General Telles Pires. "Eles podem oferecer orientações específicas, ajudar a identificar áreas de melhoria e fornecer suporte emocional durante a preparação."
Por que PM foi reprovado
"Condutas instáveis e imprevisíveis". Ao tentar ingressar na Polícia Militar em 2021, Britto foi considerado inapto devido a descontrole emocional, inadequação em liderança e dificuldades em relacionamento interpessoal. O laudo técnico, segundo apurou a TV Globo, apontou que ele apresentava "condutas instáveis e imprevisíveis", agindo sem reflexão diante de situações inesperadas.
A juíza Laís Helena Bresser Lang, em sentença de 2022, destacou que o controle emocional é essencial para o exercício da função policial. Segundo a magistrada, o laudo que eliminou Britto foi produzido com base em critérios técnicos, afastando alegações de subjetividade.
Apesar da reprovação inicial, Britto foi aprovado em um novo processo seletivo em 2022. A Secretaria de Segurança Pública esclareceu que não há impedimento legal para candidatos reprovados tentarem novamente, desde que preencham os requisitos estabelecidos, segundo informou a CNN.
Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva de Britto. Testemunhas podem ser intimidadas pelo policial, diz o órgão, em nota. Além disso, o policial cometeu outras mortes em circunstâncias semelhantes, afirmou o MP. O órgão ressaltou que ele é investigado por outras três mortes em dez meses de atividade policial.
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