Sobreviveu? Quem era? O que se sabe sobre jovem jogado de ponte

O jovem jogado de uma ponte por policiais militares na zona sul de São Paulo, após uma perseguição, sobreviveu, tem 25 anos e foi identificado como Marcelo Amaral. O caso gerou revolta e afastamento dos agentes devido à violência, documentada em vídeo por uma testemunha.

O que aconteceu

Jovem foi perseguido por conduzir moto sem placa. Na noite de domingo (1º) um jovem, identificado apenas como Marcelo pela polícia, pilotava uma moto sem placa, quando foi abordado pela Rocam em Diadema. Ele fugiu, iniciando uma perseguição de cerca de dois quilômetros, que terminou em Cidade Ademar, zona sul da capital paulista.

Vídeo mostra momento em Marcelo é lançado de ponte. Após ser interceptado, o jovem foi arremessado de uma ponte de aproximadamente três metros de altura por um PM. O vídeo feito por uma testemunha registrou o momento e revelou a presença de outros policiais no local

Local era palco de um baile funk. Havia um baile funk na rua com grande aglomeração de pessoas quando os policiais se aproximaram, perseguindo o jovem de moto. Segundo a PM, objetos como garrafas e pedras foram arremessados contra os policiais durante a ação.

Relatos de truculência. Testemunhas afirmaram que a abordagem foi marcada por agressões físicas e uso de spray de pimenta para dispersar moradores que tentavam intervir. Segundo relatos, a ação policial durou cerca de 30 minutos

Os agentes não encontraram nada ilícito com Marcelo durante a abordagem, pouco antes de ele ser arremessado da ponte. O vídeo mostra os agentes manejando a moto do rapaz antes de ele ser jogado na direção de um córrego.

Jovem ficou ferido e desorientado. Ele caiu no córrego e sobreviveu, mas ficou ensanguentado e desorientado, após bater a cabeça.

Polícia impede socorro. Segundo testemunhas, ao menos 15 moradores tentaram socorrê-lo, mas foram impedidos pelos policiais Um amigo levou o jovem a um hospital usando outra moto.

Registro omitiu a violência. O boletim de ocorrência descreveu a perseguição, mas não mencionou o arremesso da vítima, levantando questões sobre tentativa de ocultação dos fatos.

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Declarações polêmicas do policial foram gravadas em áudio. Um dos policiais envolvidos afirmou em áudio gravado pelo Metrópoles que tentou "acertar o moleque de azul" durante a perseguição. Em outro trecho, ele mencionou que "teria descido para dar um tiro", mas o restante da fala foi abafado pelo barulho da rua, dificultando a interpretação completa.

[...] Alinhadinho ali na base 1 [sic]. Aí vem uma motinho [sic] e de um lado o moleque sai correndo. Aí eu saio de dentro da viatura e tento acertar ele. Não acertei. Desembarquei. Isso quando eu subo, aí é justamente o moleque de azul, eu vi que ele chegou ali em cima [inaudível]. Eu teria descido para dar um tiro [inaudível]. Aí eu pensei muito naquilo [inaudível].
PM narra ação violenta contra jovem

Pai da vítima se pronuncia. Antônio Donizete do Amaral, pai de Marcelo, classificou como inadmissível a atitude do policial. Em entrevista à TV Globo, ele destacou que o filho é trabalhador, nunca se envolveu em atos ilícitos e agora está traumatizado com o ocorrido. "A PM está aí para proteger a população, não para fazer o que fez com meu filho", desabafou.

Caso anterior

PM já esteve envolvido em caso de morte anterior. O soldado Luan Felipe Alves Pereira, suspeito de arremessar Marcelo Amaral da ponte, esteve envolvido em outro episódio polêmico. Em março do ano passado, ele matou um motociclista com 12 tiros durante uma perseguição em Diadema. Segundo o PM, a vítima teria atirado contra ele antes de ser alvejada. O caso foi arquivado após o Ministério Público considerá-lo como ação em legítima defesa.

Cumprimento do dever. O promotor João Otávio Bernardes Ricupero decidiu arquivar o caso da morte anterior atribuída a Luan Felipe, e a decisão foi homologada em janeiro deste ano pelo juiz José Pedro Rebello Giannini, da Vara do Júri de Diadema. A alegação foi de que o PM agiu no cumprimento do dever.

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Trabalho administrativo

Treze policiais foram afastados, permanecendo em trabalho administrativo. O grupo pertence ao 24º Batalhão de Diadema. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afastou os envolvidos, transferindo-os para funções administrativas, e abriu um inquérito para apurar o casoherme Derrite, eles ficarão afastados das ruas até a conclusão das investigações.

Derrite exaltou PM em nota que repudia ato de violência dos policiais afastados. Em publicação nas redes sociais, o secretário de Segurança Pública de São Paulo afirmou que "Anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas antiprofissionais".

Autoridades condenam a ação e comandante pede desculpas. O comandante-geral da PM, coronel Cássio Araújo de Freitas, disse estar "perplexo" e pediu desculpas à vítima e à família, enfatizando que o caso não representa a instituição. Ele confirmou que as câmeras corporais dos policiais gravaram a operação, mas não esclareceu se registraram o momento do arremesso.

Críticas à violência policial pelo ouvidor. Claudio Silva, ouvidor das polícias de São Paulo, chamou o episódio de reflexo de uma "política de morte e vingança", destacando a necessidade de ações mais efetivas para conter abusos.

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