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F. Bolsonaro faz 'turnê eleitoral', mas quer se desvincular de derrotados

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

20/08/2020 04h00

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) planeja nova etapa de "turnê eleitoral" em agendas com pré-candidatos a prefeituras do Rio de Janeiro no próximo mês. O filho mais velho de Jair Bolsonaro, que enfrenta desgaste após investigações de suposto esquema de rachadinha em seu gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), espera reforçar apoios e criar vínculo da sua imagem com políticos da região metropolitana tidos como conservadores.

No entanto, pessoas próximas ao senador dizem que a presença dele nesses eventos deve terminar em outubro, pouco mais de um mês antes da eleição. No entendimento do presidente da República, eventuais derrotas nas urnas podem ser associadas a uma queda de popularidade do bolsonarismo em seu berço, o estado do Rio. A ideia seria portanto tentar se desvincular a tempo de possíveis candidaturas derrotadas.

Em 2018, por exemplo, Wilson Witzel (PSC) disparou nas pesquisas eleitorais para o governo fluminense após participar de caminhada ao lado de Flávio. Dois anos depois, há o temor de que o apoio do senador a candidatos derrotados possa ser interpretado como sinal de enfraquecimento político do clã Bolsonaro no Rio.

Flávio já tem peregrinado por municípios do Grande Rio. Na semana passada, participou de inaugurações de obras em Belford Roxo, onde apoia a reeleição de Waguinho (MDB), e em Duque de Caxias, cidade em que Washington Reis (MDB) tenta se manter no cargo. Na última sexta-feira (14), ele participou da inauguração de uma escola cívico-militar ao lado do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).

Outros pré-candidatos devem receber Flávio para compromissos públicos nas próximas semanas, como o Delegado Rayol (Podemos), pré-candidato à Prefeitura de Niterói; Charles Batista (Republicanos), que se candidatará em São João de Meriti, e Alex Magrão (Republicanos), pré-candidato em Itaguaí. Major Rodrigues (Republicanos), em Queimados, Roberto Sales (PSD), em São Gonçalo, e Dr. Serginho (Republicanos), em Cabo Frio, completam a lista.

Todos os municípios citados são considerados "fundamentais" para a família Bolsonaro nas eleições deste ano. Além de serem alguns dos principais colégios eleitorais do Rio, compõem o berço do movimento político que ficou conhecido como bolsonarismo.

A intenção inicial do clã Bolsonaro era lançar uma frente de candidatos às prefeituras do estado nessas eleições. No entanto, a criação do Aliança pelo Brasil não foi viabilizada a tempo de participar das disputas municipais —por isso, o presidente diz que se manterá alheio às eleições de novembro.

Flávio ignora Queiroz e defende combate a corrupção

Apesar de ser alvo das investigações do Caso Queiroz, o senador continua sendo encarado por políticos da região metropolitana do Rio como um puxador de votos.

Durante os eventos de pré-campanha, Flávio não perdeu a oportunidade de reafirmar os ideais da família e reforçar o combate à corrupção (bandeira levantada pelo pai nas eleições em 2018).

Ele também ressaltou a cooperação entre governo federal e municípios fluminenses. Nomes como o do seu ex-assessor Fabrício Queiroz, que se encontra em prisão domiciliar, não foram contudo mencionados nessas agendas.

Deputados bolsonaristas também manifestam apoios

Além da presença de membros da família Bolsonaro em eventos, pré-candidatos também têm disputado a presença de deputados da ala bolsonarista do PSL fluminense em agendas públicas.

Parlamentares ouvidos pelo UOL dizem que receberam aval "para participar de qualquer ato eleitoral, desde que em favor a candidatos alinhados com as pautas da família".