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Joice: Sou contra legalizar aborto, mas tema deve ser debatido por mulheres

DO UOL, em São Paulo

03/09/2020 12h11

A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) disse que é contra a legalização do aborto, mas que o assunto deve ser mais discutido por mulheres do que por homens na Câmara dos Deputados. Candidata à prefeitura de São Paulo, Joice ainda declarou, durante participação no UOL Entrevista, que é a favor da manutenção da legislação, que prevê a possibilidade de interrupção da gravidez em caso de estupro.

"Legalizar o aborto eu sou contra. Ponto. Acho que é um assunto que deve ser discutido mais pelas mulheres do que pelos homens. São 77 mulheres [na Câmara dos Deputados] e só os marmanjos que decidem como devemos agir. Tem que ter mais mulheres", disse Joice na entrevista comandada pela colunista do UOL Maria Carolina Trevisan e pelo repórter Wanderley Preite Sobrinho.

Especificamente sobre a previsão de aborto em casos de estupro, Joice disse que a mulher não pode ser penalizada duas vezes. Por isso, seria cruel exigir que ela levasse a gravidez adiante.

"[Minha posição] É como a legislação prevê, é muito cruel exigir de uma mulher que já passou por toda essa violência. Mulher não pode ser penalizada duas vezes", disse.

No entanto, Joice disse acreditar que a legislação pode ser aperfeiçoada em alguns pontos, como na celeridade do processo. A deputada citou especificamente o caso da menina de 10 anos do Espírito Santo que passou pelo procedimento após ser estuprada.

"Acho que hoje a legislação, de uma certa forma, atende esses casos de estupro, violência contra a criança, que é a mais bárbara das violências, porque quem comete é quem deveria proteger. Mas a legislação acho que pode ser aperfeiçoada no sentido de celeridade. O texto não é ruim, mas ainda é lento. Há por vezes uma lentidão na aplicação desse processo. Defendi o direito da menina", disse.

Joice ressaltou que sua religiosidade não interfere em sua posição em relação à previsão de aborto em caso de estupro.

"Sou conservadora nos costumes, sou evangélica, pouca coisa que gente sabe porque nunca usei na minha campanha. Sou uma evangélica judia. Dou muito valor à vida, até porque fui criada no interior, valores familiares. Mas neste caso, o aborto legal em caso de estupro, a gente não pode fechar os olhos para isso. Como você vai obrigar uma criança, uma mulher que foi estuprada a ter aquele filho?", questionou.

Porém, ela reafirmou a sua posição em relação a uma eventual legalização. "O meu medo nessa discussão é as pessoas transformarem aborto em método contraceptivo. Não pode, a gente tem que ter responsabilidade", disse.