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Após "bater cabeça", PSL desiste de aliança e confirma candidatura no Rio

O deputado federal Luiz Lima será o candidato do PSL à prefeitura do Rio - Reprodução / Instagram
O deputado federal Luiz Lima será o candidato do PSL à prefeitura do Rio Imagem: Reprodução / Instagram

Igor Mello e Maria Luisa de Melo

Do UOL, no Rio, e colaboração para o UOL, no Rio

12/09/2020 00h04

Resumo da notícia

  • Aliança com o Republicanos de Crivella trava em acordos para outras praças, como Curitiba
  • Direção no RJ manteve tratativas até a noite desta sexta, e chegou a negar reportagem do UOL
  • No entanto a direção nacional do partido já tinha a decisão tomada, que acabou acatada
  • O deputado federal Luiz Lima será o candidato do PSL à prefeitura do Rio de Janeiro

Depois de semanas de negociações com os candidatos Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos), a executiva nacional do PSL confirmou, na noite de sexta-feira (11), que o partido terá uma candidatura própria na eleição municipal deste ano, no Rio de Janeiro. O nome do deputado federal Luiz Lima (PSL-RJ) será oficializado como pré-candidato em convenção, realizada na tarde deste sábado (12).

A tendência é que o PSL tenha uma chapa 'puro-sangue' com uma mulher como vice — o nome ainda não foi escolhido. A decisão foi tomada a menos de 24 horas antes da convenção. As negociações para um apoio à reeleição do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) ocorreram até a noite desta sexta-feira. O PSL exigiu que o Republicanos apoiasse seus candidatos em outras cidades consideradas estratégicas pelo partido, mas não houve acordo.

A palavra final para o fim das conversas veio da executiva nacional do PSL, presidido pelo deputado federal Luciano Bivar.

"O Rio de Janeiro é, politicamente, uma das unidades mais importantes da federação. Precisamos ter cuidado para valorizar o PSL. Isso já foi amplamente discutido no partido", explicou Bivar em entrevista ao UOL.

Apesar de ter sido o responsável por bater o martelo em prol da candidatura própria, Bivar tentou não desautorizar publicamente o deputado federal Sargento Gurgel, presidente do PSL no Rio. Após a divulgação pelo UOL da candidatura própria, o diretório estadual chegou a negar a informação, posteriormente confirmada pelos pesselistas publicamente.

"Quem tem o feeling sobre a peculiaridade do Rio é o diretório estadual, sabendo que o partido tem como prioridade uma candidatura própria", completou.

Braço-direto de Bivar conduziu conversas

O deputado federal Sargento Gurgel, presidente estadual do partido, negou que as negociações com Crivella tenham sido encerradas. Em nota divulgada na manhã deste sábado, afirmou que "não está decidido candidatura própria do PSL à Prefeitura do Rio, e se será o deputado Luiz Lima, até porque ainda existe diálogo de composição com o Republicanos". A

pós a manifestação de Gurgel, três fontes que participaram das tratativas entre o PSL e o Republicanos reiteraram ao UOL que as conversas foram encerradas na noite de sexta-feira por falta de acordo. Menos de três horas depois de sua manifestação inicial, Gurgel recuou e gravou um vídeo anunciando a candidatura própria, ainda sem cravar o nome de Lima como cabeça de chapa.

Em vídeo publicado nas redes sociais na manhã deste sábado, Lima evitou se colocar abertamente como pré-candidato, mas enviou uma mensagem cifrada para seus seguidores: "É um dia que nunca imaginei que ia passar, mas os desafios aparecem na nossa vida para serem superados", afirmou. O parlamentar ainda concluiu afirmando que "o Rio merece muito mais".

O fracasso nas negociações frustrou Sargento Gurgel, que era o grande entusiasta da aliança com Crivella na cúpula do PSL no Rio. Ele é considerado um político com trânsito tanto entre o grupo bivarista da legenda quanto com o clã Bolsonaro —que apoia a reeleição do prefeito do Rio. Gurgel manteve diversos encontros com Crivella e membros de sua coordenação de campanha.

Contudo, a direção nacional do PSL sempre se mostrou contrária à aliança com Crivella, por entender que o acordo beneficiaria a ala bolsonarista do partido. O deputado federal Luciano Bivar, presidente nacional da legenda, vem dizendo a interlocutores que não há veto para o apoio a bolsonaristas ainda na legenda, mas que não desprestigiaria os políticos que ficaram ao seu lado na crise pública com Bolsonaro em 2019 em benefício deles.

O UOL apurou que o braço direito de Bivar, o advogado Antônio Rueda, vice-presidente nacional do PSL, esteve diversas vezes no Rio no último mês para conduzir pessoalmente as negociações sobre os rumos do partido. O dirigente manteve reuniões com a cúpula do partido do Rio e também com representantes das campanhas tanto de Crivella quanto de Eduardo Paes (DEM) —com quem também não houve acordo.

Apoio ao PSL em Curitiba travou acordo

Na reta final da negociação, o Republicanos e o PSL chegaram a acertar inclusive o perfil de vice desejado por Crivella —caberia ao partido indicar uma mulher militar. Duas oficiais, uma do Exército e outra da Polícia Militar, chegaram a ser sondadas para a tarefa.

Contudo, a direção nacional do PSL exigiu como contrapartida que o Republicanos apoiasse candidatos do partido em cidades consideradas estratégicas. A principal delas é Curitiba (PR), na qual a legenda lançou a pré-candidatura do Delegado Francischini à prefeitura. O Republicanos também tem candidato próprio na cidade, e não concordou em desistir da disputa para apoiar Francischini —um dos principais aliados de Bivar na legenda.

Outra cidade em que o PSL exigiu reciprocidade foi Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Nesse caso houve acordo, e o Republicanos abriu mão de sua pré-candidatura.