RJ: 20 anos após 'boicote', Carlos Bolsonaro disputa com mãe vaga na Câmara
Vinte anos após ser lançado candidato a vereador pela primeira vez por seu pai, Jair Bolsonaro (sem partido), para derrotar a própria mãe, Rogéria Bolsonaro (Republicanos), o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) terá um papel importante nesta eleição. Além de se reeleger e ser o puxador de votos do partido do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, o 02 ajudará discretamente a mãe, que tentará voltar à Câmara de Vereadores do Rio.
Ela perdeu em 2000 a cadeira para Carlos após Jair ir à Justiça e dar ao filho a missão de vencer a mãe nas urnas. Segundo apoiadores, Carlos ajudará a mãe nas redes sociais. Já a campanha nas ruas ficará por conta do primogênito, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que também se comprometeu a participar de gravações para a TV.
Ao menos cinco apoiadores de Flávio prometem ajudá-la como retribuição ao apoio dado a eles pelo senador em 2018.
"Mesmo sendo candidato, o Carlos vai ajudar a mãe. Ele não precisa sair de casa para fazer campanha. Então, a ajuda será através das redes sociais. Também estive com o Flávio e ele me disse que viria ao Rio para gravar o programa com ela, e também vai ajudá-la nas redes sociais dele", diz o deputado estadual Anderson Moraes (PSL).
O parlamentar nomeou a ex de Bolsonaro como sua assessora parlamentar na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) no ano passado.
O UOL apurou contudo que nenhum dos filhos aparece na primeira propaganda eleitoral para a TV de Rogéria gravada no dia 3 em uma produtora no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste carioca. Um ex-assessor de Jair que mantém relação próxima com a família diz que, por enquanto, o que se tem é um vídeo de Rogéria sem os filhos.
Moraes diz ainda que, para evitar o ocorrido em 2000, última vez em que Rogéria concorreu e foi derrotada —na ocasião, ela somou 5.000 votos e Carlos, 16 mil—, alguns parlamentares eleitos com a ajuda de Flávio Bolsonaro em 2018 já se colocaram à disposição. Ele menciona cinco deputados estaduais do Rio.
"A turma do Bolsonaro tem uma gratidão muito grande por eles. Me sinto na obrigação de retribuir à mãe do senador Flávio Bolsonaro pelo que ele fez por mim", completa, referindo-se à campanha de 2018, quando 12 bolsonaristas foram eleitos deputados estaduais na Alerj.
Nas redes sociais, Rogéria se coloca como a representante do eleitorado feminino bolsonarista. Entre muitas fotos com os filhos Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro e até do ex-marido, ela sinaliza qual será seu slogan: "Mulher que defende o presidente Bolsonaro apoia a candidata a vereadora Rogéria Bolsonaro".
O UOL tentou por duas semanas contato com Rogéria, mas ela não concedeu entrevista.
Após separação, Bolsonaro deu a filhos missão de derrotar mãe nas urnas
Diferentemente do que aconteceu em 2000, quando Jair tentou impedi-la de usar seu sobrenome na campanha, nas eleições deste ano a ex-vereadora se apresenta em vídeos postados em sua conta no Instagram como "Rogéria Bolsonaro. Ex-esposa de Jair Bolsonaro e mãe de Carlos, Flávio e Eduardo".
São muitas as postagens de apoio ao governo do ex e o uso do bordão de Jair: "Brasil acima de tudo! Deus acima de todos!". A paz parece estar selada. Bem diferente do que aconteceu no fim da década de 90.
Eleita vereadora pela primeira vez em 1992, Rogéria reelegeu-se em 1996. Neste mesmo ano, veio a separação do casal e o boicote do ex-marido. Jair dizia que ela não estava cumprindo com o que havia sido combinado entre eles para ter seu apoio.
Quatro anos mais tarde, já na campanha de 2000, ele tentou impedi-la na Justiça de usar seu sobrenome. Sem sucesso, deu aos dois filhos mais velhos a missão de derrotar a mãe nas urnas.
O plano era para Flávio, que negou. A tarefa passou então a Carlos Bolsonaro. O 02 tinha apenas 17 anos, mas aceitou a missão. Ambos disputaram o assento pelo PP, e o filho saiu vencedor.
"Foi preciso que a Justiça Eleitoral se pronunciasse. A sorte foi que, apesar de Carlos ser menor durante a campanha, já tinha completado 18 anos na data da posse", relembra Carlos Alberto 'Paiacan', ex-assessor de Jair.
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