Bens de candidatos no TSE incluem violino de R$ 50 mil, pimenta e jumentos
No meio de mais de 1 milhão de itens declarados pelos candidatos as eleições municipais ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), uma série de bens no mínimo curiosos acabam roubando a cena.
Na lista grã-fina constam jatinhos, helicópteros e obras de arte. Entre elas, está um violino italiano avaliado em R$ 50 mil e quadros de pintores modernistas brasileiros como Cândido Portinari e Anita Malfatti, conjunto de talheres e tapetes, a maior parte persas.
Há ainda plantação de pimenta, linhas telefônicas e até jumentos. Também chama a atenção o baixo número de armas declaradas: 46 unidades. Só um candidato possui três, de modelos distintos. O UOL reuniu algumas dessas curiosidades neste ano.
Candidatos nas alturas
A lista de bens revela 74 aeronaves, de ultraleves a helicópteros. Do total, 37 são de candidatos a prefeito.
Somente o candidato ao Executivo municipal de Urutaí (GO), Ailton Martins de Oliveira (Cidadania) possui três. O político tem um helicóptero avaliado em R$ 1 milhão, um avião experimental de R$ 155 mil e ainda o que sobrou de um Boeing 737 da massa falida da Vasp, orçado em R$ 112 mil —este último item é colocado como "aeronave não perecida", ou seja, com possibilidade de recuperação.
Já Francisco da Costa Araújo Filho, que concorre à Prefeitura de Picos (PI), possui a aeronave mais cara: um jatinho de R$ 4,3 milhões.
Entre os candidatos a vereador, há 28 aeronaves. Quatro políticos possuem dois veículos aéreos, enquanto o restante possui um. Candidato a vereador em Porto Alegre do Tocantins (TO), Ivanelson Almeida Lima (PSC) possui a aeronave mais cara entre os postulantes ao Legislativo municipal: R$ 980 mil.
Já entre os postulantes a vice-prefeito há nove aeronaves. Candidata em Seropédica (RJ), Vandréa dos Santos Steffan (DEM) é a única que tem dois helicópteros, do mesmo modelo. Cada um é avaliado em R$ 150 mil. Por outro lado, o empresário Wilder Pedro de Morais (PSC) possui a aeronave mais cara: um jatinho avaliado em R$ 2,6 milhões.
Violino, quadros e tapetes caros
Aparecem também obras de arte, joias e instrumentos musicais.
Candidato à Prefeitura de Sorocaba (SP), o professor Flaviano Agostinho de Lima (Avante) declarou um violino italiano avaliado em R$ 50 mil, da marca Guarnerius. Na relação, também há dois pianos, um deles no valor de R$ 9.000, pertencente ao engenheiro Rafael Greca (DEM), que concorre à reeleição em Curitiba.
Há inclusive quadros de Portinari e Anita Mafatti, considerados dois expoentes do modernismo no Brasil. Avaliadas em R$ 90 mil, as duas obras pertencem ao candidato a vice-prefeito de Parintins (AM), o agrônomo Tony Medeiros (DEM). Já o candidato a vereador em Teixeiras (MG) Nacife Miguel Burjaile Sobrinho (PV) possui dois quadros do também modernista Amadeo Luciano Lorenzato, que custam R$ 100 mil.
Além desses itens, também aparecem alguns, no mínimo, curiosos. Na briga pela Prefeitura de Camaçari (BA), o empresário André Souza dos Santos (PMN) declarou um jogo de talheres avaliado em R$ 23 mil.
Também constam 13 tapetes, de quatro políticos. Apenas um candidato tem seis peças. Postulante ao cargo de vice-prefeito em Sandovalina (SP), o agrônomo Beto Matiuso (PSD) declarou quase R$ 9.000 nos itens. Já a arquiteta Priscila Birkeland (PSB), que concorre a vereadora de Matias Barbosa (MG), informou quatro tapetes do tipo persa, avaliados em pouco mais de R$ 4.700.
Alô, alô, candidato
Pouco mais de 1.500 candidatos declaram possuir linha telefônica. Foram 261 postulantes a prefeito, 133 de vice e 1187 vereadores que informaram ter esse tipo de "bem". Para os mais jovens, pode soar estranho. Entretanto, há mais de 20 anos, possuir uma linha telefônica poderia custar US$ 5.000 em valores da época, quando o regime era de câmbio fixo, que chegou a praticar a paridade de R$ 1 para US$ 1 —e a fila de espera dos clientes era de dois a cinco anos.
Um político declarou nove linhas telefônicas, totalizando R$ 30,6 mil. O "bem" é do empresário Milton Leite (DEM), que disputa uma vaga de vereador em São Paulo (SP). Entre os postulantes a prefeito, o médico Paulo do Vale (DEM) é o que possui mais linhas e soma R$ 22,6 mil. Ele concorre à Prefeitura de Rio Verde (GO).
Mundo animal
Até mesmo jumentos foram declarados. Um deles é do candidato a vereador Aldeney Oliveira (PSDB), que concorre em Boa Vista do Ramos (AM). Não é possível saber o valor exato do jumento, já que foram declarados ainda um cavalo e cinco bois. Somados, os bichos estão avaliados em R$ 8.000.
O agricultor Raimundo Ribeiro dos Santos (PT), que briga por uma cadeira na Câmara de Vereadores de Buritirana (MA), é o dono do outro jumento. Também não é possível saber quanto o animal custa, já que foram declarados em conjunto com dez gados, três cavalos, uma porca, dois leitões e 15 galinhas. Ao todo, os 32 animais estão avaliados em R$ 16,2 mil.
Além dos jumentos, também foram declarados 22 burros —dez deles de apenas um candidato de Mato Grosso.
Picantes
Até mesmo pimenta aparece na relação de bens. Ao todo, 21 políticos declararam ter plantações do grão: quatro candidatos a prefeito, um a vice e sete a vereador. O político Elvys Ley (PL) fica no topo da lista, já que declarou 20 mil pés de pimenta do reino, avaliados em R$ 800 mil. Ele tenta uma vaga na Câmara de Vereadores de Nova Esperança do Piriá (PA), cidade de pouco mais de 21 mil habitantes.
Além de plantações, há também quem tenha declarado o grão estocado ou ainda o quanto recebeu pela venda do produto.
Poucas armas declaradas
Já as armas de fogo aparecem em menor número. Foram declaradas 46 unidades entre espingardas, revólveres e pistolas. A maior parte (36) pertencente a candidatos a vereador. O curioso é que apenas dois políticos são policiais militares —os outros trabalham em áreas diversas, de confeitaria até música.
Chama a atenção o caso do estudante William Vieira Barcelos (PP), 30, que tenta uma cadeira na Câmara de Cerro Largo (RS). O político tem três armas: um revólver .357, uma carabina e uma espingarda calibre 12. Além dele, outros cinco políticos possuem duas armas: o policial militar Edeilson Carvalho (Solidariedade), que concorre a vereador em Imperatriz (MA). O PM tem duas pistolas, uma .40 e outra 9 mm.
Só quatro postulantes a prefeito informaram o bem e dois deles têm pistolas semiautomáticas. O advogado Luciano Aparecido Takeda Gomes (Republicanos), que concorre em Barrinhas (SP), tem uma avaliada em R$ 6.000. A 417 km dali, em Barrinha (MG), o servidor público Albert Denis Reis da Silva (Republicanos) possui uma pistola que custa R$ 4.000.
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