Transporte de barco, áreas 24 horas, vale-uniforme: ideias de Covas para SP
Candidato à reeleição, o prefeito paulistano, Bruno Covas (PSDB), pretende tirar do papel uma ideia apresentada por seu candidato a vice, o vereador Ricardo Nunes (MDB): transporte em barcos.
Nas diretrizes do plano de governo que apresentou à Justiça Eleitoral, Covas também fala em implementar "áreas 24 horas" pela cidade, além de dar dinheiro para que os estudantes da rede municipal comprem uniforme e material escolar. A maior parte das ideias, porém, é de continuidade de planos de seu governo.
Desde ontem, o UOL tem apresentado um resumo das propostas apresentadas pelas candidaturas que disputam a Prefeitura de São Paulo. A ordem de publicação segue a posição na primeira pesquisa de intenções de voto realizada pelo Datafolha. Ontem, foram apresentados os destaques do programa de Celso Russomanno (Republicanos), líder do levantamento.
O documento de Covas tem 46 páginas e ressalta que o plano traz diretrizes que "não contemplam tudo o que desejamos para o município e não se encerram com o protocolo da candidatura junto à Justiça Eleitoral". A íntegra do documento pode ser lida clicando neste link.
O programa é dividido em dez eixos. Um deles, inclusive, repete o nome de um programa do governo do estado, comandado por João Doria (PSDB), antecessor de Covas: "SP para Todos". No caso do governador, o programa é da área do turismo. No de Covas, da área social, para dizer que, "em São Paulo, todas as vidas importam".
"É coincidência. Nós não sabíamos", diz Fabricio Cobra, um dos coordenadores do programa. "Nenhum desses eixos são slogans de nada relacionados à próxima gestão. São eixos que mostram valores do prefeito e qual a visão que ele tem para a cidade. É natural que haja coincidências", complementa Vivian Satiro, também coordenadora. "Foi uma ideia de criar os eixos a aglutinar alguns temas dentro de uma mesma nomenclatura", diz Cobra.
Transporte na água
Entre as propostas novas, está a de transporte público na água. "Vamos inovar criando o Aquático, sistema de transporte público por barcos nas represas da cidade, integrado ao Bilhete Único."
O texto —que se limita a essa linha sobre o tema— não diz, mas a ideia vem de uma lei proposta por Nunes e aprovada pela gestão Fernando Haddad (PT), sem ter sido colocada em prática.
Segundo a campanha, o projeto poderia ser implementado inicialmente na represa Billings. "Como meio de transporte para que as pessoas possam ir de uma margem a outra", diz Satiro. A tarifa seria a mesma aplicada no transporte, de R$ 4,40, e o sistema aceitaria o Bilhete Único. "É usar o transporte sobre água para diminuir trânsito e tempo de deslocamento", fala a coordenadora.
Ainda não se sabe se o Aquático será uma concessão ou uma PPP (Parceria Público-Privada). De acordo com a coordenação do plano, "a modelagem está em estudo pelos órgãos de transporte da cidade".
Covas também promete ampliar para 650 km a extensão da malha cicloviária na capital, com "iluminação, semaforização, manutenção constante das vias e inauguração de novos bicicletários públicos". Segundo o site da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a cidade conta hoje com cerca de 500 km.
Áreas 24 horas
No texto, Covas também fala em estimular a "atividade noturna" por meio de distritos para economia criativa. "Cada macrorregião da cidade terá uma área 24 horas, para estimular a atividade noturna", diz a diretriz do plano.
A ideia é inspirada em distritos criativos de Londres. "Durante o dia, você faz estímulos a startups, a organizações que trabalham com economia criativa. Durante a noite, você faz um estímulo à economia criativa da noite", diz Vivian Satiro.
Segundo a campanha, o tema ainda está sendo desenvolvido. Inicialmente, duas regiões da cidade seriam pioneiras. A coordenação não diz quais seriam essas áreas.
Ainda está em estudo a ideia, mas o ponto de partida é o "Triângulo SP", no centro de São Paulo, projeto de lei aprovado neste ano que oferece benefícios para estabelecimentos que funcionam à noite e aos finais de semana.
Alunos compram material e uniforme
A compra de uniformes e material escolar deverá ficar a cargo das famílias. "O novo modelo de compra de uniformes e material escolar, com repasse da verba direto para as famílias, vai tornar esse processo mais eficiente e transparente", diz o texto.
"É um novo modelo para dar mais autonomia para as famílias e também para ativar o comércio local", explica Satiro. Para evitar que o dinheiro não seja utilizado para outras finalidades, será usada uma tecnologia semelhante à do cartão-alimentação entregue a famílias de alunos da rede municipal durante a pandemia.
A campanha não sabe dizer, no momento, qual valor será destinado a cada aluno, mas diz que a "Secretaria da Educação já está preparada para o uso do novo sistema assim que as aulas voltarem". No início do ano, após problemas em licitação, a ideia foi colocada em prática de forma parcial, com R$ 215 por aluno, mas apenas para uniforme.
A proposta de comprar 465 mil tablets para com internet para alunos do ensino fundamental, barrada pelo TCM (Tribunal de Contas do Município), também consta nas diretrizes do programa de governo. Covas também promete ampliar o ensino integral, com a possibilidade de conteúdo online.
Segundo Fabricio Cobra, os temas do plano de governo ainda serão discutidos ao longo deste mês de outubro para serem apresentados no começo de novembro. De acordo com o Datafolha, Covas aparece em segundo lugar em levantamento sobre a intenção de voto do eleitorado paulistano divulgado na semana passada. O primeiro turno acontece em 15 de novembro.
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