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Motorista de primeira-dama de Curitiba morre de covid-19; casal teve doença

A primeira-dama de Curitiba, Margarita Sansone, recebe a Ordem Honorífica Stella D"Italia sem máscara - Reprodução/Instagrame
A primeira-dama de Curitiba, Margarita Sansone, recebe a Ordem Honorífica Stella D'Italia sem máscara Imagem: Reprodução/Instagrame

Isadora Rupp

Colaboração para o UOL, em Curitiba

20/10/2020 07h35

Um funcionário da primeira-dama de Curitiba, Margarita Sansone, morreu por conta da covid-19 no último dia 30 de setembro. Mauro Ricardo Fressato, de 41 anos, prestava serviço como motorista terceirizado para a primeira-dama desde 2017, e testou positivo para o novo coronavírus no dia 18 de setembro, um dia depois de Margarita, de 65 anos, e o marido, o prefeito e candidato à reeleição Rafael Greca (DEM), de 64, serem diagnosticados para o vírus.

O casal começou a apresentar os primeiros sintomas da doença dias depois de uma visita do presidente da câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) a cidade, em 12 de setembro. Dias depois da viagem, Maia também divulgou o diagnóstico, o que levou o casal a realizar o exame. Ambos chegaram a ficar internados por alguns dias mas tiveram alta. O quadro do motorista, no entanto, evoluiu e teve um agravamento repentino.

Entre os fatores de risco ou doenças crônicas associadas, ele tinha apenas obesidade. Segundo apuração do site Plural, o motorista fez isolamento do dia 19 a 26 de setembro, orientado a tomar remédios para dor. Em conversas com amigos pelo WhatsApp ele informou que se sentiu mal e seguiu para o Hospital Ônix Mateus Leme. Ao dar entrada ele apresentava febre, dispneia, perda de olfato e paladar. No segundo dia de internação, do hospital, ele postou nas suas redes sociais uma mensagem de apoio ao prefeito e a primeira-dama, desejando melhoras.

Ainda de acordo com o Plural, no mesmo dia em que apresentou os primeiros sintomas (16 de setembro), Margarita participou de um evento público, uma homenagem com a presença dos cônsules da Bélgica, Reino Unido e Argentina, em que ela recebeu a Ordem Honorífica Stella D'Italia. O prefeito compartilhou fotos do evento em seu Instagram. Nos registros, Margarita estava sem máscara. O uso da máscara de proteção é obrigatório em Curitiba desde o dia 16 de abril, quando a secretária municipal da saúde, Márcia Huçulak, anunciou a decisão para a contenção do vírus na cidade.

Desde 28 de abril o uso é obrigatório por lei em todo o Paraná; a lei 20.189/20 sancionada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior determina que a população use máscaras de tecido em espaços abertos ao público ou de uso coletivo, como ruas, parques, praças, estabelecimentos comerciais e bancários, transporte coletivo e locais onde houver aglomeração de pessoas. O descumprimento da lei pode gerar multa.

Evolução rápida

Dados da ficha médica de Fressato indicam que ele foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no dia 29 e chegou a ser entubado mas não resistiu e faleceu na madrugada do dia 30. Em conversa com amigos e familiares da vítima, o Plural apontou que gerou incômodo a falta de manifestação pública do prefeito e da primeira-dama sobre a morte, e que um cartão de condolências foi enviado para a mãe do motorista, mas não houve nota ou comunicado público.

O UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa do prefeito para saber o posicionamento de Margarita sobre o assunto, que informou que ela não irá se pronunciar.

Número de casos

Curitiba acumula desde o início da pandemia 49.170 casos confirmados e 1.417 óbitos. Hoje, há 3.158 casos ativos na cidade. Nos dias 18 e 19, nove óbitos foram registrados e a cidade se encontra em bandeira Amarela, ou seja, de alerta contra o coronavírus. A capital paranaense passou meses no alerta laranja e registou a maior letalidade pelo vírus nos meses de julho e agosto; no dia 5 de agosto a cidade registrou recorde de mortes em 24 horas, com 27 óbitos.