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Rio: sem debates, campanha na pandemia esconde 8 candidatos 'desconhecidos'

1.out.2020 - O debate da Band foi o único do 1º turno no Rio - Paulo Belote/Divulgação
1.out.2020 - O debate da Band foi o único do 1º turno no Rio Imagem: Paulo Belote/Divulgação

Waleska Borges

Colaboração para o UOL, no Rio

22/10/2020 04h00

Uma campanha eleitoral sem aglomerações em panfletagens e com debates cancelados em razão da pandemia do novo coronavírus são entraves para qualquer candidatura. Para mais da metade dos candidatos à Prefeitura do Rio que largaram como desconhecidos da maioria do eleitorado, a dificuldade de se fazer competitivo na disputa é ainda maior.

Entre 63% e 84% dos eleitores da capital fluminense afirmaram, segundo a última pesquisa Datafolha, desconhecer oito dos 14 candidatos registrados. A estratégia de ao menos sete deles — que têm pouca ou nenhuma exposição no rádio e na TV— é reforçar posição nas redes sociais, com lives e debates. Cientistas políticos ouvidos pelo UOL apontam que a atual campanha reduz significativamente as chances de um outsider ou "candidato azarão".

Segundo o Datafolha, os desconhecidos pela maioria são Gloria Heloiza (PSC) (86% dos entrevistados afirmaram que não a conhecem), Henrique Simonard (PCO) (85%), Fred Luz (Novo) (84%), Luiz Lima (PSL) (81%), Suêd Haidar (PMB) (80%), Renata Souza (PSOL) (79%), Paulo Messina (MDB) (70%) e Bandeira de Mello (Rede) (63%).

A pesquisa ouviu 900 eleitores nos dias 5 e 6 deste mês. Apesar de o levantamento ter sido feito antes do início da propaganda no rádio e na TV —no dia 9—, a maioria desses candidatos tem exposição restrita no horário eleitoral.

"Desse grupo de oito desconhecidos, um deles pode se destacar. O Luiz Lima tem tempo maior de inserção em rádio e TV e muito dinheiro para campanha eleitoral porque o PSL é o segundo partido com fundo eleitoral partidário", diz o cientista Paulo Baía.

Na última pesquisa Ibope, entre os dias 13 e 15, o candidato marcou 3% das intenções de voto ante 1% em 2 de outubro, variando na margem de erro de três pontos.

"Ninguém compra um produto que não conhece. Um pressuposto para que esses candidatos se tornem competitivos é que sejam mais conhecidos [...] Muito provavelmente [essa campanha] vai impedir que um azarão, um outsider, consiga chegar em termos competitivos", analisa o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, da Uerj (Universidade do Estado do RJ).

Rua e redes, a estratégia dos candidatos

Procurados pelo UOL, os candidatos menos conhecidos lamentaram a ausência de debates na TV no primeiro turno —somente a Band realizou, as demais emissoras cancelaram para evitar descumprimento de regras sanitárias.

Com 14 segundos de propaganda eleitoral, Glória Heloiza diz apostar em vídeos que "aguçam a curiosidade da população", redes sociais e presença em bairros.

"Não há como suprir a falta de debates. Uma mudança nas regras do jogo, depois de ele ser iniciado", afirma Fred Luz, que também conta com 14 segundos no programa eleitoral.

"A televisão transmite jogos de futebol no Maracanã, mas não pode transmitir debates para Prefeitura do Rio?", questiona Luiz Lima. O candidato do PSL tem contudo mais tempo na TV para apresentar suas propostas (1 minuto e 40 segundos).

Renata Souza diz que tentará viabilizar debates públicos e aponta que as redes sociais ainda não abrangem toda a população. "Como o eleitor vai fazer uma escolha com segurança se não teve a chance de ver os candidatos trocando ideias, apresentando propostas, discutindo e divergindo?".

Paulo Messina diz que usará seus 43 segundos na TV para tentar desconstruir as gestões do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) e do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).

Sem tempo na TV, Bandeira de Mello surge ao vivo em suas redes sociais durante os 10 minutos dos programas eleitorais de rádio e televisão. Já Suêd Haidar diz que lançará mão das lives e contará com a ajuda dos candidatos a vereador de seu partido para ter visibilidade.

Procurado, o candidato Henrique Simonard (PCO) não respondeu às perguntas do UOL.