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OPINIÃO

No Rio, 3 candidatos reivindicam na TV o posto de "parceiro" de Bolsonaro

Pelo menos oficialmente, o candidato de Bolsonaro é Crivella. Mas diga isso aos outros dois... - Campanha Marcelo Crivella
Pelo menos oficialmente, o candidato de Bolsonaro é Crivella. Mas diga isso aos outros dois... Imagem: Campanha Marcelo Crivella

Matheu Pichonelli

Colunista do UOL

21/10/2020 14h30

Em menos de dois minutos, Jair Bolsonaro apareceu sete vezes na propaganda que Marcelo Crivella (Republicanos) levou ao ar na TV na última terça-feira (20). Nas imagens o presidente sorria, abraçava e dançava com o aliado em eventos como a inauguração de uma escola cívico militar.

Houve espaço também para Crivella posar ao lado do filho 01 do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

"Essa parceria é nota 10", diz a mensagem final da campanha em referência ao número de cédula da legenda. Na imagem, Bolsonaro e Crivella apertam as mãos com a bandeira nacional ao fundo.

"Com Deus, pela família, pelo Rio", o slogan do atual prefeito do Rio é praticamente uma cópia da campanha vitoriosa de Bolsonaro a presidente em 2018.

Oficialmente, Marcelo Crivella é o candidato do capitão. Mas há pelo menos dois concorrentes na disputa que reivindicam na TV o posto de aliado-raiz do presidente em sua base eleitoral. Se o eleitor estiver confuso, não será sem razão.

Embora cite Bolsonaro uma única vez, quando fala do orgulho por ter um projeto de sua autoria sancionado pelo presidente, o candidato Luiz Lima, do PSL, vai ao limite da semiótica para dizer que o verdadeiro parça do capitão é ele. A começar pelo mote: "este é diferente de tudo isso que tá aí".

Na propaganda, o deputado eleito em 2018 apresenta discursos na Câmara que lembram os tempos de Bolsonaro no CQC. Ataca as "corjas políticas que se aproveitam da favela", diz que no Brasil "parece que quem rouba é santo e quem prende é bandido" e desfila com a camisa amarela de legenda 17, pela qual Bolsonaro chegou à Presidência dois anos atrás.

Quem também reivindica o posto de embaixadora oficial do Planalto na cidade é Glória Heloiza, candidata do PSC que ficou sem palanque após o afastamento do governador e colega de partido Wilson Witzel e a prisão do presidente da sigla, Pastor Everaldo, aquele que batizou Bolsonaro nas águas do rio Jordão.

Em poucos segundos, ela diz que na disputa existem, "a candidata do Ciro, do Lula, do Boulos" e pergunta: "mas você sabe quem é a prefeita que vai trabalhar em parceria com o presidente Bolsonaro? Claro, eu, a Glória".

Apesar dos apelos, nenhum dos postulantes a parceiro preferencial de Bolsonaro na Cidade Maravilhosa parece convencer o eleitor. Na última pesquisa Ibope, já com a propaganda da TV no ar, Crivella aparecia com 12% das intenções de voto, bem atrás do líder Eduardo Paes (30%).
Luiz Lima tem 3%, e Glória nem sequer pontua.

A disputa pela bênção presidencial pode ser uma estratégia arriscada. Entre os cariocas, a avaliação do governo Bolsonaro é considerada ótima ou boa por 35% dos entrevistados pelo Ibope. Outros 37% consideram a gestão do presidente ruim ou péssima. Quem vai levar?

Errata: este conteúdo foi atualizado
Luiz Lima tem 3% na última pesquisa Ibope, e não 1%

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL