Mais da metade dos candidatos a prefeito em SP mora no centro e é de fora
Nove dos 14 candidatos a prefeito de São Paulo —ou 64% do total— moram em bairros localizados no centro expandido da capital, a área mais desenvolvida da cidade, que concentra dois terços dos empregos da região metropolitana e as principais opções de lazer e cultura.
Em contrapartida, é onde moram, segundo dados do Infocidade da prefeitura, somente 2 milhões (17,2%) dos mais de 12 milhões de moradores do município que um deles irá administrar.
A vida pública dos candidatos independe da certidão de nascimento, mas oito deles (ou 57%) não nasceram na capital, fato que não é incomum na história recente do cargo. Luiza Erundina (1989-1992) nasceu em Uiraína (PB), Celso Pitta (1997-2000) no Rio de Janeiro, e o atual prefeito, Bruno Covas, assim como seu avô Mario, prefeito entre 1983 e 1986, nasceram em Santos, litoral paulista.
Dos cinco candidatos que vivem fora do centro expandido, apenas Guilherme Boulos (PSOL), no Campo Limpo, não mora num bairro vizinho à região, cujos limites são o minianel viário da cidade (formado pelas marginais Tietê e Pinheiros, avenidas Bandeirantes, Afonso Taunay, Tancredo Neves, Juntas Provisórias, Professor Anhaia Melo e Salim Farah Maluf), o mesmo que delimita o rodízio de veículos.
Andrea Matarazzo (PSD) e Celso Russomanno (Republicanos) moram no Morumbi, Levy Fidelix (PRTB), no Campo Belo, e Arthur do Val (Patriota), no Tatuapé.
Centro expandido 9 x 0 zona norte
Na divisão tradicional de regiões da cidade, a zona sul é a preferida pelos candidatos. Metade deles mora na região: Antonio Carlos Silva (PCO), Boulos, Jilmar Tatto (PT), Fidelix, Márcio França (PSB), Orlando Silva (PCdoB) e Vera Lúcia (PSTU).
Em segundo lugar vem a zona oeste, com cinco candidatos: Covas, Marina, Sabará, Matarazzo e Russomanno. Nenhum dos 14 candidatos vive na zona norte. Apenas Joice vive no centro, e Do Val é o único que mora na zona leste.
Seis candidatos nem nasceram no Estado de São Paulo. Joice e Tatto são paranaenses. Ela nasceu em Ponta Grossa, ele, em Corbélia. Antonio Carlos nasceu em Petrópolis, no Rio. Levy Fidelix é de Mutum (MG). Orlando Silva, de Salvador, e Vera Lúcia, de Inajá (PE), são os representantes do Nordeste na atual disputa.
Covas e França nasceram em Santos, no litoral de São Paulo, mas só o pessebista iniciou a carreira na região. Foi vereador e prefeito por dois mandatos em São Vicente, antes de ser deputado federal, secretário estadual, vice-governador e, enfim, assumir o governo do Estado, em 2018.
Mudanças para a capital
Entre os candidatos de fora, Vera Lúcia é a que tem menos tempo na capital, com dois anos e oito meses. Ela divide uma casa no Ipiranga com outra família para reduzir custos de moradia e viver mais perto do trabalho.
Joice mudou-se para São Paulo em 2014, quando foi trabalhar no projeto da TV Veja. Já a mudança de França se deu em 2011, quando assumiu a Secretaria de Turismo do governo Alckmin.
Tatto chegou a São Paulo, em 1978. Fidelix trocou o Rio por São Paulo em 1983. Antonio Carlos vive na cidade desde 1990, enquanto Orlando Silva se mudou em 1992, quando era um dos líderes dos cara-pintadas, movimento estudantil que lutou pelo impeachment de Fernando Collor.
Aos 15 anos, Covas foi para a cidade, para morar com o avô e cursar o segundo grau.
Mudanças dentro da cidade também são comuns. Boulos vivia em Pinheiros com os pais até os 18 anos. Ligou-se ao movimento por moradia na cidade e foi morar na periferia.
Tatto tinha 13 anos quando foi para São Paulo com o pai, a mãe e os nove irmãos. Sua família estabeleceu-se na Capela do Socorro, onde até hoje é seu reduto político e a de seus irmãos. Ele atualmente vive na Vila Mariana.
Já Arthur do Val sempre viveu no Tatuapé, bairro próximo aos negócios da família, que trabalha com compra e venda de sucata, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
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