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RJ: 3 candidatos receberam 49% dos R$ 21 mi já doados; Martha Rocha lidera

09.out.2020 - Martha Rocha (PDT) em campanha no Saara, área de comércio popular no centro do Rio - MAGA JR/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO
09.out.2020 - Martha Rocha (PDT) em campanha no Saara, área de comércio popular no centro do Rio Imagem: MAGA JR/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO

Igor Mello

Do UOL, no Rio

27/10/2020 04h00

Apenas três candidatos à Prefeitura do Rio concentram quase metade de todos os recursos arrecadados pelas chapas até este domingo (25), prazo final para a primeira prestação de contas desta campanha. Martha Rocha (PDT) lidera o ranking, seguida de perto por Eduardo Paes (DEM) e Luiz Lima (PSL).

Uma das principais apostas do PDT, Martha —que empatou numericamente com o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) em pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (22)— é a segunda candidata do partido que mais recebeu diretamente recursos até aqui. Os R$ 4 milhões já disponibilizados para a ex-delegada só são superados pelos R$ 4,035 milhões dirigidos pelo PDT a José Sarto, candidato à Prefeitura de Fortaleza (CE) com a benção de Ciro Gomes (PDT).

Pouco abaixo de Martha vem o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM). Líder nas pesquisas, ele conta com pouco mais de R$ 3,5 milhões até aqui, quase praticamente todo o montante vindo de seu partido, o DEM. O valor corresponde a pouco menos de 50% do que conseguiu ao disputar o governo fluminense, em 2018.

Até o momento, Paes não obteve nenhuma doação privada significativa, contrariando seu histórico de bom trânsito entre doadores no meio empresarial —em 2018, recebeu contribuições de empresários como Oskar Metsavaht, dono da grife Osklen; Rogerio Chor, da TGB Imóveis; e Elie Horn, fundador da construtora Cyrela.

O ex-prefeito se vê às voltas com um processo justamente por problemas no financiamento de campanhas. Paes se tornou réu na Justiça Eleitoral com base na acusação de que teria recebido R$ 650 mil de caixa dois da empreiteira Odebrecht na eleição de 2008, quando foi eleito prefeito pela primeira vez.

O caso é um desdobramento eleitoral da Operação Lava Jato e foi revelado nas delações de executivos da construtora. No começo do mês, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) rejeitou um pedido do candidato para trancar a ação.

Completa o pódio das maiores arrecadações o deputado federal Luiz Lima (PSL). Escolhido pelo partido para disputar a prefeitura após negociações para a indicação do vice nas chapas de Paes e Crivella fracassarem, ele vem se beneficiando do fato de o PSL ter a segunda maior fatia dos fundos partidário e eleitoral nesta disputa e já recebeu R$ 2,9 milhões das direções nacional e estadual da legenda.

Crivella é o 5º em arrecadação

Após emplacar a campanha mais cara do Rio em 2016, gastando quase R$ 10 milhões, o prefeito Marcelo Crivella aparece apenas em quinto no ranking de arrecadação entre os candidatos neste pleito. Até o momento, ele arrecadou pouco mais de R$ 1,7 milhões, sendo superado também por Benedita da Silva (PT), que recebeu quase R$ 2,3 milhões do PT.

Assim como Paes, Crivella também tem contra si denúncias de financiamento ilegal da campanha de 2016. Em mensagens obtidas pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) no âmbito da investigação do QG da Propina —suposto esquema de corrupção em diversos órgãos da prefeitura— o empresário Rafael Alves, pivô do escândalo, afirma em diversos momentos ter sido o "principal investidor" e ter "bancado" a campanha do prefeito.

O UOL revelou em setembro que as mensagens são indícios de caixa dois, já que Alves não fez nenhuma doação eleitoral formal naquele ano.

Candidata do partido do governador afastado Wilson Witzel (PSC), a ex-juíza Glória Heloiza (PSC) já recebeu R$ 1,5 milhão, apesar de não pontuar em boa parte das pesquisas divulgadas até o momento.

Também superaram a barreira do milhão as candidaturas de Clarissa Garotinho (Pros), que obteve R$ 1,42 milhão; e Bandeira de Mello (Rede), com R$ 1,06 milhão arrecadados.