Concorrente dos Alcolumbres quer adiar eleições em mais 12 municípios do AP

Candidato à Prefeitura de Macapá e um dos concorrentes de Josiel Alcolumbre (DEM) —irmão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM)—, João Capiberibe (PSB) quer o adiamento das eleições municipais não apenas na capital do Amapá, mas também em outros 12 municípios.

Capiberibe disse ao UOL que sua coligação "Macapá Solidária", formada pelo PSB e pela Rede Sustentabilidade, pedirá a extensão do adiamento do pleito ainda hoje ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Amapá e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apoia Capiberibe.

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Até o momento, o adiamento é válido somente para Macapá e a justificativa é o apagão de energia elétrica sofrido desde terça (3), ainda não totalmente resolvido. Novas datas serão definidas. Nos demais municípios do estado, a votação está prevista para o próximo domingo, 15 de novembro.

O TRE-AP solicitou ontem ao TSE o adiamento da votação em Macapá alegando risco à segurança do processo eleitoral. O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, afirmou que, após consultar órgãos de segurança, foi informado sobre a ocorrência de "aumento expressivo da criminalidade e mesmo sinais de convulsão social". A coligação de Capiberibe vinha pedindo o adiamento das eleições no estado por causa do aumento de casos de covid-19. No entanto, não foi atendida.

"Por que só Macapá e só depois de tantos dias depois do [início] do apagão? O pedido chegou ao ministro Barroso ontem, nove dias depois do apagão", disse Capiberibe. "Tem vizinho de Macapá, na região metropolitana, com grandes problemas sociais, barricadas, manifestações, que ficou de fora."

Adversários de Josiel Alcolumbre questionam a motivação por trás do apoio de Davi Alcolumbre para que o pleito fosse adiado somente nos últimos dias e apenas para Macapá. O período coincide com a queda livre de Josiel em pesquisas de intenção de voto.

Segundo pesquisa Ibope divulgada ontem, Josiel caiu nove pontos em relação ao levantamento apresentado em 28 de outubro. O candidato conta agora com 22% das intenções de voto e está tecnicamente empatado com Patrícia Ferraz (Podemos) e Dr. Furlan (Cidadania), ambos com 15%, depois de oscilarem positivamente 4 pontos cada um.

João Capiberibe tem 11% (oscilou negativamente 4 pontos) e se encontra tecnicamente empatado com Furlan e Patrícia. A margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos.

Davi Alcolumbre reclamou hoje que tentam transferir a responsabilidade do adiamento das eleições a ele e afirmou que o maior prejudicado é, na verdade, seu irmão.

"Estamos vivendo um momento muito estranho, porque aqueles adversários que outrora pediram o adiamento da eleição, utilizam agora agressões constantes dizendo que o senador Davi Alcolumbre falou com o presidente do TSE para adiar a eleição por conta da pesquisa. É inacreditável", disse, em entrevista à rádio do Diário do Amapá.

"O maior atingido com esse apagão chama-se Josiel Alcolumbre, que ia ganhar a eleição no primeiro turno, que estava caminhando para ganhar em primeiro turno, que está hoje, na pesquisa divulgada e nas nossas pesquisas internas, em primeiro lugar com praticamente o dobro na frente do segundo. Então, se tem alguém que foi prejudicado desde o dia do acontecimento, chama-se o candidato Josiel, porque está sendo agredido por todos os [outros] candidatos", acrescentou.

Um aliado dos Alcolumbre também defendeu à reportagem que o maior problema é em Macapá, sendo o maior prejudicado com o adiamento, Josiel. Isso porque ele ainda aparece entre os líderes nas pesquisas, acredita que deveria ir para o segundo turno se a votação fosse neste domingo e agora terá de reforçar a campanha para quando as votações acontecerem realmente.

Davi Alcolumbre falou ainda que apoia manifestações pacíficas e criticou pessoas que, a seu ver, querem levar terror para o estado. Segundo ele, há inclusive atos violentos causados por pessoas financiadas por alguns candidatos à Prefeitura de Macapá. O presidente do Senado não citou nomes.

Outros adversários questionam adiamento só em Macapá

"Por que só em Macapá? Por que não no estado inteiro? Que as eleições deveriam ser adiadas, a gente já sabia! Tanto que pedimos isso! Agora, que elas tinham que ser adiadas até o irmão do presidente do senado parar de cair nas pesquisas, isso é novidade!", questionou Furlan, no Twitter.

"A velha política é isso: candidato da situação cai... adiam a eleição!! Ministro faz vídeo, volta atrás. Presidente do TRE faz vídeo e nota, depois volta atrás!! Povo está cansado destas raposas!! Vamos dar o troco!! Não importa se será dia 15, 22 ou 29!!", afirmou Patrícia, também na rede social.

O UOL entrou em contato com as assessorias de Davi e Josiel Alcolumbre para um posicionamento quanto às críticas dos políticos e aguarda retorno.